Barbarophryne brongersmai

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Barbarophryne brongersmai é uma espécie de anfíbio anuro da família Bufonidae e a única do gênero Barbarophryne. Pode ser encontrada na Argélia, no Marrocos e no Saara Ocidental e habita regiões semiáridas, com vegetação composta por Argania spinosa, Euphorbia e gramíneas, podendo ser vista também em regiões aradas para a agricultura.[1]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaBarbarophryne brongersmai
Um indivíduo adulto.
Um indivíduo adulto.
Estado de conservação
Quase ameaçada
Quase ameaçada (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Amphibia
Ordem: Anura
Família: Bufonidae
Gênero: Barbarophryne
Beukema, de Pous, Donaire-Barroso, Bogaerts, Garcia-Porta, Escoriza, Arribas, El Mouden & Carranza, 2013
Espécie: B. brongersmai
Nome binomial
Barbarophryne brongersmai
(Hoogmoed, 1972)
Sinónimos
  • Bufo brongersmai
  • Pseudepidalea brongersmai

Descrição editar

Medem até 5,1 centímetros, podendo ser considerado um sapo de pequeno porte, e as fêmeas são maiores que os machos. Sua coloração é variada, mas geralmente são bege-amarelados, com manchas verdes, porém existem registros de indivíduos esverdeados. Suas glândulas parotoides são arredondadas, diferente de todas as espécies da região, e seu focinho é levemente pontiagudo e seu corpo é mais largo que a cabeça[2]. Como dimorfismo sexual é possível notar que os machos possuem verrugas mais escuras e cônicas no dorso, enquanto as fêmeas dispõe de mais claras e arredondadas, além de apresentarem um saco vocal subgular e tubérculos nas mãos para auxiliar na realização do amplexo.[3]

Costuma ser confundida com a espécie Bufotes boulengeri, porém pode ser diferenciada desta por ser menor, ter um corpo largo, um focinho pontudo e apresentar manchas no ventre.[3]

Comportamento editar

São animais noturnos e terrestres. Seu período reprodutivo compreende os meses de janeiro até abril, com os machos se encaminhando para pequenos córregos e poças durante as chuvas, onde vocalizam para atrair as fêmeas. Uma vez que elas se aproximam, os machos realizam o amplexo, podendo ocorrer de vários abraçar uma única fêmea. Em seguida, elas depositam diversos ovos, que medem 1,5 milímetros cada, em cordões gelatinosos, que são aderidos no substrato, entre pedras e galhos. Como os corpos d'água onde ocorre a postura são temporários, as primeiras ninhadas costumam completar sua metamorfose no final de abril.[3] Os machos atingem a maturidade sexual entre os dois e quatro anos de idade, enquanto as fêmeas atingem entre os três e cinco anos de idade. A expectativa de vida nos machos é de doze anos e nas fêmeas é oito anos, porém imagina-se que eles possam viver mais.[4]

Seus girinos podem ser predados pela garça-vaqueira (Bubulcus ibis) e por sanguessugas. Existe um registro de um indivíduo jovem ter sido predado por uma aranha Arctosa sp.[3]

Taxonomia e conservação editar

Sua primeira descrição foi realizada pelo herpetólogo neerlandês Marinus Steven Hoogmoed em 1972, com base em indivíduo encontrado a dez quilômetros de Tiznit, no Marrocos, lhe atribuindo o nome científico Bufo brongersmai. Porém, em 2006, uma série de pesquisadores, ao realizarem uma revisão taxonômica, a moveu para o gênero Pseudepidalea (atual Bufotes).[5] Entretanto, em 2013, os pesquisadores Wouter Beukema, Philip de Pous, David Donaire-Barros, Sergé Bogaerts, Joan Garcia-Porta, Daniel Escoriza, Oscar J. Arribas, El Hassan El Mouden e Salvador Carranza, ao fazer análises moleculares, morfológicas e comportamentais, repararam que essa espécie não tinha nenhuma relação com tal gênero e nenhum outro, sendo assim, deveria ser criado um gênero a parte, o Barbarophryne. E para que as espécies possam ser catalogadas nesse gênero, é necessário que elas possuam as seguintes características: serem de pequeno porte, não possuírem verrugas na parte dorsal da cabeça, terem glândulas parotoides e os tímpanos arredondados, ausência de glândulas na tíbia, um par de tubérculos distais subarticulares no quarto dedo e 22 pares de cromossomos.[6]

Seu epíteto genérico é derivado da justaposição do adjetivo latina Barbaro, que define algo relativo a Berberia, e do substantivo feminino grego phryne, que significa "sapo".[6]

É tratada como espécie quase ameaçada (NT) pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) devido ao fato de sua população estar diminuindo e por estar perdendo habitat para a desertificação, poluição e drenagem seus locais reprodutivos para criação de áreas de plantio.[1]

Referências

  1. a b c «Brongersma's Toad» (em inglês). IUCN Red List. Consultado em 31 de março de 2020 
  2. «Amphibians of North Africa - 1st Edition». www.elsevier.com. Consultado em 2 de junho de 2020 
  3. a b c d Marín, Gabriel Martínez del Mármol; Robles, Octavio Jiménez (30 de setembro de 2013). «Sapo de Brongersma» (em espanhol). Morocco Herps. Consultado em 31 de março de 2020 
  4. Fattah, Abderrazzak; Slimani, Tahar; El Mouden, El Hassan; Grolet, Odile; Joly, Pierre (18 de agosto de 2014). «Age structure of a population of Barbarophryne brongersmai (Hoogmoed 1972) (Anura, Bufonidae) inhabiting an arid environment in the Central Jbilets (West-Morocco)». cta Herpetologica (em inglês). doi:10.13128/Acta_Herpetol-14040. Consultado em 31 de março de 2020 
  5. «Barbarophryne brongersmai (Hoogmoed, 1972)» (em inglês). AMNH. Consultado em 31 de março de 2020 
  6. a b Beukema, Wouter; de Pous, Philip; Donaire-Barros, David; Bogaerts, Sergé; Garcia-Porta, Joan; Escoriza, Daniel; Arribas, Oscar J.; El Mouden, El Hassan; Carranza, Salvador (22 de maio de 2013). «Review of the systematics, distribution, biogeography and natural history of Moroccan amphibians» (PDF). Zootaxa (em inglês). ISBN 978-1-77557-177-3. doi:10.11646/zootaxa.3661.1.1. Consultado em 31 de março de 2020