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O nome Cécrope ou Cécrops[1] (em grego clássico: Κέκροψ) significa "face com cauda" e diz-se que este mítico rei grego, nascido da própria Terra, tinha a sua metade superior com forma humana e a sua metade inferior com forma de serpente[2] ou com cauda de peixe.

Representação de Cécrope I

A maioria dos analistas antigos classifica Cécrope como autóctone ou filho da Terra (Gaia),[2][3][4] mas Higino, em outra parte, diz que ele era filho de Vulcano[5] e Jerônimo de Estridão que ele era egípcio.[6]

Ele foi o fundador e o primeiro rei de Atenas, embora precedido na região pelo rei Acteu da Ática. Cécrope governou Atenas de 1558 a 1 508 a.C., pelos cálculos de Jerônimo de Estridão.[6] Cécrope foi um herói cultural, ensinando, aos atenienses, o casamento, a leitura, a escrita e o cerimonial de sepultamento.

Durante o seu governo, Atena tornou-se a padroeira da cidade numa competição com Posídon que Cécrope julgou. Eles concordaram que cada um daria aos atenienses um presente e Cécrope escolheria qual dos dois presentes era melhor. Posídon bateu na rocha da acrópole com o seu tridente e uma fonte emergiu; a água era salgada e não foi julgada muito útil, enquanto que Atena bateu na rocha com a sua lança e uma oliveira emergiu. Cécrope julgou que a oliveira era o presente melhor porque produzia madeira, óleo e comida, e conseqüentemente aceitou Atena como a padroeira da cidade. Posídon, num raro espetáculo de magnanimidade, decidiu doar o seu presente desprezado, se bem que a sua natureza inicialmente foi mal-compreendida: isso significava representar a força do mar, que Atenas foi exercer gloriosamente no futuro.

A acrópole foi também conhecida como Cecropia em sua homenagem.

Cécrope I casou-se com Aglauro, filha de Acteu,[7] com quem teve três filhas, Herse, Pândroso e Aglauro, e um filho, Erisictão.[7][8] A elas, foi dada uma caixa ou jarro contendo o infante Erictônio guardado despercebido. Elas olharam, e apavoraram-se pelas duas serpentes que Atena deixara dentro guardando a criança. Elas correram em terror e saíram da acrópole em direção a suas mortes. Algumas explicações dizem que uma das irmãs foi transformada em pedra.

Erisictão morreu antes de Cécrope, e ele foi sucedido por Cranau, o mais poderoso dos atenienses.[8]

Os analistas antigos consideram que este rei é diferente de outro rei de Atenas, Cécrope II,[9] mas Isaac Newton, em sua análise da cronologia antiga, considerou que houve apenas um rei Cécrope, um dos pastores do Egito (os hicsos);[10] ele construiu a Cecropia em 1 080 a.C. e foi sucedido por Cranau em 1 045 a.C.[10]

Ver também

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Árvore genealógica baseada em Pseudo-Apolodoro:

autóctone
Acteu
Cécrope
Aglauro
Erisictão
Aglauro
Herse
Pândroso
Precedido por
Acteu
Rei de Atenas
1 558 a.C. - 1 508 a.C.
Sucedido por
Cranau

Referências

  1. Dicionário Etimológico da Mitologia Grega (2013). DEMGOL.
  2. a b Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 3.14.1
  3. Higino, Fabulae, XLVIII, Reis dos atenienses
  4. Antonino Liberal, Metamorphoses, 6
  5. Higino, Fabulae, CLVIII, Filhos de Vulcano
  6. a b Jerônimo de Estridão, Chronicon
  7. a b Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 3.14.2
  8. a b Descrição da Grécia, 1.2.6, por Pausânias (geógrafo)
  9. Pausânias (geógrafo), Descrição da Grécia, 1.5.3
  10. a b Isaac Newton, The Chronology of Ancient Kingdoms, A Short Chronicle from the First Memory of Things in Europe, to the Conquest of Persia by Alexander the Great