Cneu Domício Córbulo

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Cneu Domício Córbulo ou Corbulão (em latim: Gnaeus Domitius Corbulo; c.767) foi um general romano da gente Domícia nomeado cônsul sufecto em 39. Nasceu na Itália numa família de dignidade senatorial. Seu pai, com o qual compartilhava o nome, entrou no senado como um pretor no reinado do imperador Tibério (r. 14–37). Sua mãe, Vistília, era originária da Itália e vinha de uma família de status pretoriano.

Cneu Domício Córbulo
Cônsul do Império Romano
Cneu Domício Córbulo
O chamado "Pseudo-Córbulo", que se acreditava ser um busto de Cneu Domício Córbulo, mas que, na verdade, representa uma personalidade desconhecida do século I a.C.
Consulado 39 d.C.

Córbulo era filho da famosa Vistília, que teve sete filhos com seis diferentes maridos, alguns deles personagens importantes no cenário político da época, incluindo a imperatriz Milônia Cesônia, quarta e última esposa de Nero, o notório delator Públio Suílio Rufo e os irmãos Quinto Pompônio Segundo e Públio Pompônio Segundo, cônsules em 41 e 44 respectivamente.

História editar

 
Campanhas de Córbulo entre 58 e 60.
 
Campanhas de Córbulo entre 61 e 63.

Desconhecem-se os os primeiros anos da carreira de Córbulo, mas é certo que foi cônsul sufecto em 39 durante o reinado de seu cunhado Calígula (r. 37–41).

Depois do assassinato de Calígula, a carreira de Córbulo foi interrompida e só retomou em 47 quando o imperador Cláudio (r. 41–54) o promoveu a comandante dos exércitos na Germânia Inferior, cuja base era em Colônia Agripinense.

O novo posto era desafiador e Córbulo teve que lidar com grandes revoltas entre os povos germânicos dos queruscos e caúcos. Ele ordenou a construção de um canal ligando os rios Reno e Meuse.[1] Partes desta obra, conhecida como Canal de Córbulo (Fossa Corbulonis), foram encontradas em escavações arqueológicas. Seu curso é idêntico ao Vliet, que conecta as cidades modernas de Leida (antiga Matilo) e Voorburgo (Fórum de Adriano; Forum Hadriani). Ao chegar à Germânia Inferior, Córbulo utilizou esquadrões do exército e da marinha para patrulhar o curso do Reno e o mar do Norte, acabando por expulsar os caúcos das províncias romanas. Além disto, também instituiu um rigoroso programa de treinamento para assegurar a efetivamente máxima das legiões romanas na região. Conta-se que ele executou dois legionários depois que eles foram pegos trabalhando na construção das fortificações de um acampamento sem estarem com suas espadas na cintura.[2] Ele teria dito que eles "esperavam derrotar o inimigo com uma picareta".[3]

No oriente editar

 Ver artigo principal: Guerra romano-parta de 58-63

Córbulo retornou para Roma, onde ficou até 52, quando então foi nomeado governador da província da Ásia. Depois da morte de Cláudio, em 54, o novo imperador, Nero, enviou-o para as províncias orientais para enfrentar o Reino da Armênia. Depois de alguma demora, ele finalmente partiu para a ofensiva em 58 e, reforçado por tropas vindas da Germânia, atacou Tiridates I, rei da Armênia e irmão de Vologases I da Pártia. Artaxata e Tigranocerta foram capturadas por suas legiões (a III Gallica, a VI Ferrata e a X Fretensis) e o jovem Tigranes, que havia sido criado em Roma e era um obediente servo do governo romano, foi instalado como novo rei da Armênia.

Em 61, Tigranes invadiu Adiabena, um território do Reino Parta, e o conflito entre Roma e os partas parecia inevitável. Vologases, porém, achou por bem propor a paz. Concordou-se que tanto as tropas romanas quanto as partas deveriam deixar a Armênia, Tigranes seria deposto e Tiridates seria novamente reconhecido como rei. O governo romano não concordou com o acerto e Lúcio Cesênio Peto, legado imperial propretor da Capadócia, recebeu ordens de resolver a questão subjugando a Armênia.

A proteção da Síria durante o período tomou todo o tempo de Córbulo. Cesênio Peto, um comandante fraco e incapaz, que "desprezava a fama de Córbulo", sofreu uma dura derrota na Batalha de Randeia (62), na qual ele foi cercado, forçado a capitular e acabou entregando a Armênia aos partas. O comando das tropas foi novamente entregue a Córbulo. No ano seguinte, com um forte exército, ele atravessou o Eufrates, mas não conseguiu enfrentar Tiridates, que lhe ofereceu a paz. Em Randeia, ele colocou seu diadema aos pés da estátua do imperador e prometeu não retomá-la a não ser pelas mãos de Nero em Roma.

Últimos anos editar

Depois de dois fracassados complôs entre nobres e senadores — incluindo o genro de Córbulo, o senador Lúcio Ânio Viniciano — para derrubar Nero em 62, o imperador passou a suspeitar de Córbulo e do apoio que ele recebia da população romana. Em 67, vários distúrbios irromperam na região da Judeia e Nero, depois de ordenar que Vespasiano tomasse o controle das forças romanas na região, convocou Córbulo e seus dois irmãos, que governavam a Germânia Superior e a Inferior, até a Grécia. Ao chegarem em Cencrea, o porto de Corinto, os enviados de Nero ordenaram que Córbulo se suicidasse. Obediente, ele se lançou sobre sua própria espada dizendo "Axios!" ("sou digno!").[4]

Obras editar

Córbulo escreveu um relato de suas experiências na Ásia, mas ele se perdeu.

Casamento e filhos editar

Córbulo se casou com Cássia Longina, uma romana de família senatorial, filha de Caio Cássio Longino, cônsul em 30, e de sua esposa, Júnia Lépida, uma trineta de Augusto. Eles tiveram duas filhas, Domícia, que se casou com Lúcio Ânio Viniciano, e Domícia Longina, que se casou com o futuro imperador Domiciano e se tornou imperatriz.

Ver também editar

Cônsul do Império Romano
 
Precedido por:
Marco Áquila Juliano

com Públio Nônio Asprenas
com Sérvio Asínio Céler (suf.)
com Sexto Nônio Quintiliano (suf.)

Calígula II
39

com Lúcio Aprônio Cesiano
com Quinto Sanquínio Máximo (suf.)
com Cneu Domício Córbulo (suf.)
com Aulo Dídio Galo (suf.)
com Cneu Domício Afer (suf.)

Sucedido por:
Calígula III

com Caio Lecânio Basso (suf.)
com Quinto Terêncio Culeão (suf.)


Referências

  1. Tácito, Anais XI.20
  2. Goldsworthy, Adrian (2003). In the Name of Rome: The men who won the Roman Empire. Great Britain: Orion Publishing Group. p. 268. ISBN 0-297-84666-3 
  3. Strauss, Barry S. The Spartacus War. Simon & Schuster, 2009. Print.
  4. «The game of death in ancient Rome: arena sport and political suicide» (em inglês). Consultado em 30 de agosto de 2013 

Bibliografia editar

  • Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.
  • Military History, Vol. 23, Number 5, p. 47-53 (em inglês)
  • Christian Settipani, Continuite Gentilice et Continuite Familiale Dans Les Familles Senatoriales Romaines, A L'Epoque Imperiale, Mythe et Realite. Linacre, UK: Prosopographica et Genealogica, 2000. ILL. NYPL ASY (Rome) 03-983. (em francês)

Ligações externas editar

 
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