A Caemi Mineração foi uma holding de mineração fundada em 1950 por Augusto Trajano de Azevedo Antunes.[1]

Caemi
Razão social Caemi Mineração e Matalurgia S.A.
Sociedade anônima
Cotação B3CMET4
Atividade Mineração
Fundação 1950 (74 anos)
Fundador(es) Augusto Trajano de Azevedo Antunes
Destino Incorporada
Encerramento 2006
Sede Rio de Janeiro,  Rio de Janeiro
Área(s) servida(s) Brasil Brasil
Proprietário(s) Vale
Produtos Minério de ferro
Subsidiárias Aços Anhanguera
Amcel
CADAM
Icomi
Jari Celulose
MBR
MRS Logística
MSL
PPSA
Swift Armour
Sucessora(s) Vale
Website oficial www.caemi.com.br

História editar

O grupo Caemi nasceu em 1942, quando o engenheiro civil e ex-empregado dos Correios, Augusto Trajano de Azevedo Antunes, arrendou por dez anos jazidas de minério de ferro no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais da St. John Del Rey Mining, próximas a Belo Horizonte. A primeira empresa do grupo foi denominada Icomi - Indústria e Comércio de Minérios e posteriormente denominada Icominas.[1]

Em 1946, a Icomi disputou licitação para explorar o manganês da Serra do Navio, no Amapá. Foi realizada parceria com capitais estrangeiros. Foi obtido crédito do Banco Mundial e do Eximbank americano e acertada uma sociedade com a siderúrgica americana Bethlehem Steel, que ficou com 49% do empreendimento.[1]

O projeto da Serra do Navio incluía a construção de uma ferrovia de 200 km e do porto de Santana, no rio Amazonas, além de duas cidades para abrigar funcionários locais e do Sudeste do país.[1]

Em 1950, Augusto Antunes criou a holding Cia. Auxiliar de Empresas de Mineração (Caemi), que passou a abrigar todos os seus negócios.[1]

Na década de 1960, a Caemi adquiriu o frigorífico Swift Armour em sociedade com o grupo Brascan, tornou-se sócio minoritário no país da Cummins, maior fabricante de motores americana, e desenvolveu o projeto florestal da Amcel, no Amapá.[1]

Em 1964, firmou uma joint venture com a americana Hanna Minning criando a MBR - Minerações Brasileiras Reunidas, mineradora de ferro em Minas Gerais, na cidade de Nova Lima. Eliezer Batista tornou-se o primeiro presidente da empresa.[1]

Em 1982, a Caemi passou a gerir o Projeto Jari, para a produção de celulose no estado do Pará.[1]

Na década de 1980, foram vendidas a Anhanguera, Swift Armour, ações na Cummins e outros ativos. A Caemi comprou 25% da mineradora de ferro canadense QCM, numa tentativa de internacionalização do grupo.[1]

Em 1990, Guilherme Frering, neto de Augusto Antunes, assumiu o comando do grupo, e seu irmão Mário Frering, a vice-presidência. O faturamento do grupo girava em torno de US$ 800 milhões no período.[1]

Na década de 1990, o Projeto Jari foi vendido para o Grupo Orsa e a International Paper adquiriu Amcel em 1996.[1]

Em 1996, o consórcio liderado pela MBR e CSN venceu o leilão de privatização da Malha Sudeste da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), formando a MRS Logística S.A.. [2]

Augusto Antunes faleceu em 1996.[1]

Em 1997, a Mitsui adquiriu por US$ 200 milhões 40% das novas ações emitidas pela Caemi numa operação de aumento de capital. A Caemi participou do leilão de privatização da Vale do Rio Doce, mas não foi vitoriosa.[1]

Aquisição pela Vale editar

Diante de uma complexa questão sucessória, os herdeiros decidiram vender a Caemi. Em 2001, a Mitsui, que já possuía 40% das ações ordinárias da mineradora, exerceu o direito de preferência e cobriu a proposta de US$ 332 milhões feita pela australiana BHP.[3]

A Mitsui repassou 50% das ações ordinárias da parte que adquiriu na Caemi para a Vale do Rio Doce por quase US$ 280 milhões. Na época, a Caemi era a quinta maior exportadora mundial de ferro, com 5,5% das vendas de minério no mundo e a segunda maior mineradora do Brasil.[4][5][3]

Em 2003, a Vale comprou 50% das ações ordinárias e 40% das preferenciais da mineradora que pertenciam à Mitsui por US$ 426,4 milhões, elevando a participação da Vale para 60,2% do capital total da Caemi.[5][4][6][7]

Finalmente, em 31 de março de 2006, a Vale comprou os 39,8% restantes do capital da Caemi em um acordo de troca de ações no valor de US$ 2,5 bilhões. Em maio, as ações da empresa deixaram de ser negociadas na Bovespa e, em dezembro, a Caemi foi incorporada pela Vale e deixou de existir.[8]

A mineradora Vale comprou, entre 2001 e 2006, 100% do capital da Caemi por um custo total de US$ 3,2 bilhões.[5][4][8]

Em 2004, a Icomi foi vendida para a Alto Tocantins.[9]

Empresas editar

Algumas das empresas que fizeram parte do grupo Caemiː

  • Aços Anhangueraː aços finos[1]
  • Amcelː celulose [1]
  • CADAMː caulim[10]
  • Icomiː mineração[10]
  • Jari Celuloseː celulose[1]
  • MBRː mineração[10]
  • MRSː ferrovias[10]
  • MSLː bauxita refratária[10]
  • Pará Pigmentos (PPSA)ː pigmentos[10]
  • Swift Armourː indústria de alimentos [1]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q imprensa, Notícias da (2 de maio de 2006). «Caemi, ícone que morre na terceira geração». Revista Ferroviária. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  2. «RFFSA vende trecho por R$ 889 milhões». Folha de S.Paulo. 21 de setembro de 1996. Consultado em 13 de maio de 2021 
  3. a b «Folha Online - Dinheiro - Vale do Rio Doce compra 50% da Caemi por US$ 280 milhões - 19/04/2001». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  4. a b c http://www.secinfo.com/svr4.173y[ligação inativa]
  5. a b c SEC Info – Companhia Vale do Rio Doce, et al. – 20-F – For 12/31/01
  6. «Folha de S.Paulo - Mineração: Vale compra ações da Mitsui e assume Caemi - 02/04/2003». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  7. «Folha de S.Paulo - Mineração: Japonesa leva Caemi e passa metade à Vale - 20/04/2001». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  8. a b SEC Info – Companhia Vale do Rio Doce – 20-F – For 12/31/06
  9. «AP - Após esgotamento do manganês, passivos ambientais e perspectiva econômica incerta rondam as cidades de Serra do Navio e Santana». Mapa de Conflitos Envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  10. a b c d e f THAIS REGINA SPANAZZI DE OLIVEIRA (2005). «ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS COMPARADAS: O CASO DE TRÊS MINERADORAS LATINOAMERICANAS» (PDF). UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA