O Canal de Ovar, também conhecido como Ria de Ovar,[1][2] é a secção norte da Ria de Aveiro, compreendida entre São Jacinto e Ovar, no distrito de Aveiro, Portugal.

Canal de Ovar
Ria de Ovar
Canal de Ovar
Canal de Ovar, junto à vila da Torreira.
Localização do Canal de Ovar (a vermelho).
Localização do Canal de Ovar (a vermelho).
Localização do Canal de Ovar (a vermelho).
Comprimento 25 km
Afluentes
principais
Rio Cáster,
Rio Antuã,
Ria de Aveiro
País(es) Portugal Portugal
Distrito Distrito de Aveiro
Cidade Ovar,
Murtosa,
Torreira,
São Jacinto
Coordenadas 40.760302° N 8.689706° O

Trata-se de uma laguna costeira de baixa profundidade, com cerca de 25 quilómetros de comprimento, constituindo o maior dos três canais principais da Ria (Ovar, Ílhavo e Mira) entendida como um espaço singular no contexto de Portugal e da Europa, atendendo às qualidades ambientais e paisagísticas de elevado valor científico, sendo considerada uma Zona de Proteção Especial (ZPE) para as Aves com condições à prática de observação de aves e outras atividades, tais como o remo, a vela, a canoagem, o stand up paddle ou simples passeios de barco ou moliceiro.[3]

A Ria de Aveiro está a ser alvo de uma intervenção de desassoreamento, desde 2019, com o intuíto de reforçar as margens em zonas baixas ameaçadas pelo avanço das águas, para proteção de pessoas e bens e de restabelecer o fornecimento de sedimentos ao litoral, e, complementarmente, contribuir para a melhoria das condições de navegação na ria e de acessibilidade a alguns dos cais, bastante assoreados, bem como para manutenção de um caudal ecológico, de forma a preservar os ecossistemas.[4][5][6]

Afluentes editar

Rio Antuã editar

O rio Antuã nasce a uma altitude aproximada de 400 metros, no Monte Alto, localidade de Romariz,concelho de Santa Maria da Feira, e estende-se por cerca de 38 quilómetros até desaguar na Ria de Aveiro, na zona do Largo do Laranjo, concelho de Estarreja. Em alguns lugares, como São João da Madeira e Vila de Cucujães, é conhecido como rio Ul, mas em Ul designa-se por rio Antuã aquele que, efetivamente, banha S. João da Madeira, Cucujães, S. Tiago de Riba Ul, Oliveira de Azeméis e Estarreja.[7]

Rio Cáster editar

O rio Cáster tem a sua nascente na freguesia de Sanfins, do concelho de Santa Maria da Feira, atravessando diversas freguesias desse concelho e outras do vizinho concelho de Ovar, até desaguar na Ria de Aveiro, que tem o seu limite norte no Carregal. Associados a este rio, nomeadamente pela pesca e pela agricultura, estão desde longa data os moradores da Ribeira de Ovar que dependeram do seus cais – desde meados do século XVIII – para procederem ao transporte de mercadorias entre Aveiro, o Porto e outras terras mais no interior.[7][8]

Cais e esteiros editar

Azurreira e Cais do Carregal editar

Estão localizadas na mesma margem do canal de Ovar, e associadas a uma mesma estrutura de circulação automóvel, a Rua Daniel Constant, que as interliga, promovendo a utilização desta frente lagunar como um todo. Nestes locais, é possível a observação de embarcações típicas de pesca da Ria de Aveiro.[6][9]

Cais da Pedra editar

Com cerca de 5 070 metros quadrados, localiza-se junto à EN 327 e da Marina do Carregal. Nos primórdios do cais, este era utilizado fundamentalmente para o transporte de materiais, essencialmente o da “pedra”, no entanto, ao longo dos tempos essa particularidade foi-se extinguindo, pelo que o cais ficou a operar apenas para a pesca artesanal. Este apresenta uma plataforma do cais reabilitada, com reforço de cotas das zonas baixas ameaçadas pelas cheias e a estabilização de margens. O pontão fixo em madeira que entra pelo plano de água, permite ancoragem de embarcações assim como a prática da pesca desportiva. O Cais da Pedra dispõe também de uma rampa de acesso ao plano de água, para auxiliar na entrada e saída de embarcações.[10]

Cais da Tijosa editar

Um ex-espaço portuário definido por três línguas, que recortam dois dentes de água com o intuito de acolherem barcos. Ao contrário dos outros cais que se observam na zona, não existem construções ao redor das entradas de água, apenas pequenos núcleos dispersos na envolvente.[3]

Cais da Ribeira editar

Constituiu uma plataforma logística na ligação entre o norte do distrito e a cidade de Aveiro, onde se cruzaram muitas e variadas atividades económicas, como sejam a pesca e apanha do moliço, a produção de sal e a carpintaria naval. Com o tempo, o desenvolvimento de outros meios de transporte e o desaparecimento e desvalorização de determinadas atividades, alguns desses cais foram perdendo o seu papel na economia da região. Até meados do século XX, funcionou como o mais importante eixo de comunicação entre as populações ribeirinhas. As populações, aproveitando o vento, realizavam o transporte de mercadorias e as suas próprias deslocações através dos canais lagunares da Ria. A passagem pelo Cais da Ribeira da Rainha D. Maria II, em 1852, reitera a importância deste cais no transporte através dos braços da Ria. Alguns dos edifícios circundantes pertencem a empresas que ainda se dedicam à embalagem de sal e trazem à memória tempos em que o sal extraído nas salinas de Aveiro era transportado através da Ria, até à cidade de Ovar.[8]

Cais do Puchadouro editar

Na freguesia de Válega existe um esteiro da Ria de Aveiro, onde se situa o cais do Puchadouro. Este cais artificial tem cerca de 800 metros, que serviu para o embarque e desembarque de produtos e pessoas. O edifício que se encontra no topo do cais corresponde ao antigo armazém de caulino. Extraído em S. Vicente de Pereira, o caulino era transportado por juntas de bois até ao Cais do Puchadouro. Aí era embarcado em mercantéis e transportado, pela Ria de Aveiro, até à Fábrica da Vista Alegre e utilizado como um dos constituintes base da porcelana. Outro edifício que se encontra na margem do Cais do Puchadouro, antigo armazém de sal, é a sede da CENARIO - Centro Náutico da Ria de Ovar, que integra a Rede Museológica de Ovar.[11][12]

Cais do Torrão editar

A área de influência do Cais do Torrão (Bico do Torrão) é local, sendo que a maioria dos utilizadores são da freguesia de Válega. O cais está inserido numa zona natural constituída por pastagens e áreas florestais, fora do aglomerado urbano, existindo somente uma habitação na proximidade (habitada apenas no Verão). Possui uma boa localização e boas acessibilidades fluviais, no entanto, existe uma grande dificuldade de acesso ao cais por terra, com acessos em terra batida pela floresta, existindo facilidade de alagamento. A atividade principal deste cais é a pesca desportiva, que se faz ao longo das margens.[3]

Referências

  1. «Canal de Ovar». www.biorede.pt. BioRede.pt. Consultado em 29 de junho de 2020. Cópia arquivada em 29 de junho de 2020 
  2. «Encontrados vestígios romanos na Ria de Ovar». OvarNews. Consultado em 29 de junho de 2020. Cópia arquivada em 30 de junho de 2020 
  3. a b c Autarquia 360. «Ria de Aveiro». www.cm-ovar.pt. Consultado em 29 de junho de 2020. Cópia arquivada em 30 de junho de 2020 
  4. «Polis Ria de Aveiro». www.polisriadeaveiro.pt. Consultado em 29 de junho de 2020. Cópia arquivada em 1 de julho de 2020 
  5. Santana, Maria José. «Ria de Aveiro alvo da "maior" intervenção nas lagoas costeiras dos últimos anos». PÚBLICO. Consultado em 29 de junho de 2020. Cópia arquivada em 30 de junho de 2020 
  6. a b «Dragagem da Ria segue a sul do Carregal no canal de Ovar - Notícias de Aveiro». Notícias de Aveiro. 14 de maio de 2020. Consultado em 29 de junho de 2020. Cópia arquivada em 30 de junho de 2020 
  7. a b Diz, Fausto Assis Almeida. «RIA DE AVEIRO E AFLUENTES – Farol da Nossa Terra». Farol da Nossa Terra. Consultado em 29 de junho de 2020. Cópia arquivada em 30 de junho de 2020 
  8. a b «HISTORIA». Ribeira Sal. Consultado em 29 de junho de 2020. Cópia arquivada em 1 de julho de 2020 
  9. «Cais do Carregal (Ovar): Obras da PÓLIS deixaram MARGENS FRAGILIZADAS». Etc e Tal - Jornal. Consultado em 29 de junho de 2020. Cópia arquivada em 29 de junho de 2020 
  10. «Cais da Pedra tem cara nova». OvarNews. Consultado em 29 de junho de 2020. Cópia arquivada em 29 de junho de 2020 
  11. «Válega: Polis da Ria inaugurou Cais do Puchadouro». OvarNews. Consultado em 29 de junho de 2020. Cópia arquivada em 30 de junho de 2020 
  12. «CENÁRIO – Centro Náutico da Ria de Ovar». Turismo Centro Portugal. Consultado em 29 de junho de 2020