Fernando Monteiro de Castro Soromenho
Fernando Monteiro de Castro Soromenho (Chinde, 31 de Janeiro de 1910 – São Paulo, 18 de Junho de 1968) foi um jornalista, ficcionista e etnólogo moçambicano. É considerado um escritor do movimento neorrealista português e igualmente um romancista da literatura angolana.[1]
Castro Soromenho | |
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Nome completo | Fernando Monteiro de Castro Soromenho |
Nascimento | 31 de janeiro de 1910 Chinde, na Província de Moçambique, no Reino de Portugal |
Morte | 18 de junho de 1968 (58 anos) São Paulo, no Brasil |
Residência | Região de Lunda, na Angola |
Nacionalidade | Português |
Cônjuge | Mercedes de la Cuesta |
Ocupação | Jornalista, ficcionista e etnólogo |
Magnum opus | Viragem |
Biografia
editarCastro Soromenho nasceu na vila de Chinde, na região da Zambézia, na província ultramarina portuguesa de Moçambique e foi com um ano de idade para Angola.[2]
Era filho de Artur Ernesto de Castro Soromenho, governador dos distritos de Congo, Huíla, Moxico e Lunda, e de Stela Fernançole de Leça Monteiro, natural do Porto e de família cabo-verdiana, mais propriamente da Ilha do Fogo, cujo pai fora Juiz do Supremo Tribunal de Lisboa.[2]
Até aos 6 anos, permaneceu em Angola.[2]
Entre 1916 e 1925, estudou, em Lisboa, o ensino primário e liceal.[2]Regressou a Angola, onde trabalhou para a Companhia de Diamantes de Angola e, em seguida, em 1932, depois de ter concluído o curso em Huíla, na Escola Superior «Artur Paiva», entrou para o quadro administrativo de Angola, na categoria de aspirante, servindo nos sertões do leste da colónia.[2]
Posteriormente, parte para Luanda, onde se torna redactor do jornal Diário de Luanda, permanecendo nessa cidade até aos 27 anos de idade.[2]
Em 1937, regressa a Lisboa, colaborando em diversos jornais como: semanário Humanidade do jornal Diário Popular, A Noite, Jornal da Tarde, O Século, Seara Nova, O Diabo, O Primeiro de Janeiro e Dom Casmurro. Encontra-se colaboração jornalística da sua autoria numa crónica sobre os "exploradores portugueses em África", nº 12 do semanário Mundo Literário.[3] (1946–1948) e na revista luso-brasileira Atlântico [4]
Em 1943 abandona o jornalismo para se dedicar à escrita.[2]
Em 1949, casou-se com Mercedes de la Cuesta na Argentina. Em virtude de fazer críticas ao regime salazarista, foi obrigado a ir para o exílio em França em 1960. Mais tarde, foi para os Estados Unidos da América, onde foi professor na Universidade do Wisconsin e ministrou o curso de literatura portuguesa. Regressou a França em agosto de 1961 e colaborou com as revistas Présence Africane e Révolution. Em dezembro de 1965, foi viver para o Brasil, onde faleceu.
No Brasil, regeu cursos na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara.
Dedicou-se também ao estudo da etnografia angolana, tendo sido um dos fundadores do Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo.
Obras
editar- Lendas negras (contos) (1936)
- Nhari: o drama da gente negra (contos e novelas) (1938)
- Imagens da cidade de S. Paulo de Luanda (1939)
- Noite de angústia (romance) (1939)
- Homens sem caminho (romance) (1941)
- Sertanejos de Angola (história) (1943)
- A aventura e a morte no sertão: Silva Pôrto e a viagem de Angola a Moçambique (história) (1943)
- Rajada e outras histórias (contos) (1943)
- A expedição ao país do oiro branco (história) (1944)
- Mistérios da terra (etnografia) (1944)
- Calenga (contos) (1945)
- A maravilhosa viagem dos exploradores portugueses (etnografia) (1946)
- Terra morta (romance) (1949)
- Samba (conto) (1956)
- A voz da estepe (conto) (1956)
- Viragem (romance) (1957)
- Histórias da terra negra (contos, novelas e uma narrativa) (1960)
- Portrait: Jinga, reine de Ngola et de Matamba (1962)
- A chaga (romance) (1970)
Bibliografia
editar- Literatura Portuguesa no Mundo (Porto Editora, ISBN 972-0-01252-8).
- Grande Enciclopédia Universal (Durclub, S.A. – Correio da Manhã, ISBN 84-96330-18-4).
- A Enciclopédia (Editorial Verbo – Jornal Público, ISBN 972-22-309-7)
- BASTIDE, R. L´Afrique dans l´œuvre de Castro Soromenho
- BEIRANTE, C. Castro Soromenho - um escritor intervalar (Lisboa, 1989)
- MOSER, G. M. Castro Soromenho, an Angolan realist. In: Essays in portuguese literature (1969)
- MOURÃO, Fernando A. A. A sociedade angolana através da literatura (São Paulo, 1978)
- MOURÃO, Fernando A. A. e QUEMEL, Maria A. R. Contribuição a uma bio-bibliografia sobre Fernando Monteiro de Castro Soromenho (Centro de Estudos Africanos, Universidade de São Paulo, São Paulo - 1977)
Ver também
editarReferências
- ↑ Andrade, F. C., 1988. Pró-memória. In: Álvaro Macieira, Castro Soromenho – cinco depoimentos. União dos Escritores Angolanos, 1988. "Castro Soromenho – Biografia"
- ↑ a b c d e f g Mourão, Fernando (1988). «Contribuição a uma bio-bibliografia sobre Fernando Monteiro de Castro Soromenho.». Universidade de São Paulo,. Revista do Centro de Estudos Africanos, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humana, Universidade de São Paulo. 1 (11): 165-186. Consultado em 30 de agosto de 2024
- ↑ Helena Roldão (27 de janeiro de 2014). «Ficha histórica: Mundo literário : semanário de crítica e informação literária, científica e artística (1946-1948).» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de Novembro de 2014
- ↑ Helena Roldão (12 de Outubro de 2012). «Ficha histórica:Atlântico: revista luso-brasileira (1942-1950)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 25 de Novembro de 2019