João Ribeiro Gaio

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D. João Ribeiro Gaio (Vila do Conde, ? - Malaca, 1601) foi um bispo católico português de Malaca entre 1578 e 1601.

João Ribeiro Gaio
Bispo da Igreja Católica
Bispo de Malaca
Atividade eclesiástica
Diocese Diocese de Malaca
Nomeação 29 de janeiro de 1578
Predecessor Dom Jorge de Santa Luzia
Sucessor Dom Cristóvão de Sá
Mandato 1578 - 1601
Ordenação e nomeação
Nomeação episcopal 29 de janeiro de 1578
Dados pessoais
Nascimento Vila do Conde
?
Morte Malaca
1601[1]
dados em catholic-hierarchy.org
Bispos
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Biografia editar

Foi bispo de Malaca na segunda metade do século XVI, falecendo já no final da centúria. Contemporâneo de dois vilacondenses que muito ilustram a história da sua cidade e a da Igreja — o franciscano frei João de Vila do Conde e o jesuíta Pe. Manuel de Sá —, foi um bispo que não se empenhou no exercício do seu múnus, ao arrepio dos tempos, que eram de Contrarreforma Católica. Deixou o seu nome ligado à genealogia e à geografia.

Em 1582 escreve ao Papa Gregório XIII, queixando-se da falta de meios, sobretudo por o dinheiro não parar onde deve :-«Os estipêndios ordinários que Sua Majestade [ Filipe II de Portugal ] concede a todos os ministros eclesiásticos destas terras são pagos por intermédio dos seus oficiais, do que resulta pagarem êles muito mal e só quando lhes apraz ».

Em 1586, segundo o pedido de D. Ribeiro Gaio ao rei de Portugal, um grupo de Dominicanos veio da Metrópole.

Quatro anos depois, o Bispo, pediu a uma nova Ordem missionária, os Agostinhos, que viessem para Malaca.

Encarregou-os da pequena capela de Santo António, perto da porta do mesmo nome (conhecida também por Porta da Madre de Deus) dentro dos muros da Fortaleza a Famosa. Frei Jerónimo da Madre de Deus construíu o mosteiro perto da capela e, durante o episcopado do D. Gonçalo da Silva, sucessor de D. Ribeiro Gaio, foi edificada uma igreja no local da primitiva capela por Frei Antão de Jesus.

Cêrca de 1588, a situação nas Molucas Tinha-se deteriorado. Malaca, situada muito longe daquelas ilhas, não podia prestar grande auxílio no combate contra os maometanos. O único recurso, portanto, era fazer um apêlo aos espanhóis das Filipinas. No fim século XVI, o poder português nas Índias começaba a declinar. Aínda por cima apareciam agora os ingleses e holandeses. No comêço de Setembro de 1592, Lencaster, de alcunha (pelos portugueses) o capitão Pé de Pau capturou dois navios lusos perto de Pulo Sembilan.

Seis anos depois, em Janeiro, sendo comandante da Fortaleza Francisco da Silva de Meneses, veio a Malaca com dois navios Benjamin Wood. Aos 9 do mesmo mês, perto de Pulo Parcelar, na bôca do rio Sungei Langat, uma das naus de Wood, numa batalha com João Gomes Faio, foi metida a pique e a outra, navegando para Bengala, afundou-se. Em 1599, os holandeses chegaram a Achém com a intenção de negociarem com o sultão, mas, depois de serem bem recebidos só por pouco escaparam a um massacre geral…

Mas a presença dos ingleses e holandeses era agora uma realidade, e o princípio da ruína (entre outro ) das missões católicas.

Portugueses e espanhóis deviam unir os seus esforços contra os invasores. Infelizmente, os dois povos, reünidos sob a mesma coroa de Filipe I, desde 1580, nunca puderam viver em boa inteligência : eram inimigos figadais.

A incompatibilidade tornou-se manifesta mesmo entre os missionários e de tal sorte que em Macau, à excepção dos Jesuítas, tôdas as ordens religiosas se recusaram a receber súbditos espanhóis em suas casas.

A esta animosidade se deve imputar, de algum modo, a ruína do Império Português e das Missões Católicas no Extremo Oriente. Em todo o caso, espíritos clarividentes tomaram a peito restabelecer a harmonia e unir os dois povos para o bem comum.

Marta, visitador dos Jesuítos nas Molucas e D. Ribeiro Gaio declararam-se a favor do intervenção espanhola nestas ilhas.

Marta, que tinha mantido as missões nas Molucas, morreu prematuramente em 1599, aos 41 anos de idade.

D. João Ribeiro Gaio seguiu-o para o mesmo destino em 1601 segundo uns e segundo outros em 1603.

Não podemos dizer ao certo quando e onde morreu. Tudo que sabemos é o que vem narrado na carta régia de 25 de Janeiro de 1601 para o Vice-rei, D. Aires de Saldanha, acerca do regresso a Portugal do velho Bispo que foi gentilmente recebido por Filipe III da Espanha « não só em atenção à sua idade, mas também porque êle (o Vice-rei) tinha ouvido dizer que êle (o Bispo) tivera contendas com alguns residentes da cidade (Malaca) e êle escreveu-me a queixar-se de não lhe terem sido fornecidas as necessárias comodidades para a volta (a Portugal)».

Obra escrita editar

  • Roteiro das cousas do Achem. Fontes primordiais do século XVI sobre Achem e os portos da costa norueste de Samatra.

Referências

  1. Diogo Barbosa Machado (1747). Bibliotheca lusitana historica, critica e cronologica. Lisboa: A. J. da Fonseca 

Bibliografia editar

  • Jorge Manuel dos Santos Alves, Pierre-Yves Manguin, Isabel Gentil : O roteiro das cousas do Achem de D. João Ribeiro Gaio : um olhar português sobre o norte de Samatra em finais do século XVI. Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. Edição crítica do roteiro com introdução de Jorge Manuel dos Santos Alves e Pierre-Yves Manguin : Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1997.

Ligações externas editar

Precedido por
Dom Jorge de Santa Luzia
 
Bispo de Malaca

15781601
Sucedido por
Dom Cristóvão de Sá