Arapaçu-barrado

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O arapaçu-barrado[2] (nome científico: Dendrocolaptes certhia) é uma espécie de ave da família dos furnariídeos (Furnariidae) e subfamília dos dendrocolaptíneos (Dendrocolaptinae).

Como ler uma infocaixa de taxonomiaArapaçu-barrado


Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Furnariidae
Subfamília: Dendrocolaptinae
Género: Dendrocolaptes
Espécie: D. certhia
Nome binomial
Dendrocolaptes certhia
(Boddaert, 1783)
Distribuição geográfica

Etimologia editar

Arapaçu deriva do tupi guirá, "ave", -pa-, "bater", e -açu, "grande".[3] O nome genérico vem do grego antigo dendrokolaptēs, que significa "pica-pau". O epíteto específico certhia vem do grego antigo kerthios, uma palavra usada por Aristóteles para um pequeno pássaro insetívoro não identificado.[4]

Distribuição e habitat editar

O arapaçu-barrado é encontrado em toda a Bacia Amazônica do Brasil (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima) e nas Guianas, no nordeste (Guiana, Suriname e Guiana Francesa). Os países que circundam a bacia dos Andes são o sul da Colômbia e Venezuela, também Equador, Peru e Bolívia. Uma população disjunta existe a 1 800 quilômetros a leste da Bacia Amazônica na costa leste do Brasil nos estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe em uma faixa costeira de 600 quilômetros. Seu habitat natural são as florestas subtropicais ou tropicais úmidas de baixa altitude.[1]

Taxonomia editar

O arapaçu-barrado da Amazônia foi descrito oficialmente pelo polímata francês Georges-Louis Leclerc, conde de Buffon em 1780 em sua Histoire Naturelle des Oiseaux a partir de dois espécimes coletados em Caiena, Guiana Francesa.[5] A ave também foi ilustrada numa placa colorida à mão gravada por François-Nicolas Martinet nas Planches Enluminées D'Histoire Naturelle, produzidas sob a supervisão de Edme-Louis Daubenton para acompanhar o texto de Buffon.[6] Nem a legenda da placa nem a descrição de Buffon incluíam um nome científico, mas em 1783 o naturalista holandês Pieter Boddaert cunhou o nome binomial Picus certhia em seu catálogo de Planches Enluminées.[7] O arapaçu-barrado é agora um dos cinco arapaçus colocados no gênero Dendrocolaptes que foi introduzido pelo naturalista francês Johann Hermann em 1804.[8][9]

Sete subespécies são reconhecidas:[9]

  • D. c. certhia (Boddaert, 1783) – leste da Colômbia, Venezuela, Guianas e norte do Brasil
  • D. c. radiolatus Sclater, PL & Salvin, 1868 – sudeste da Colômbia, leste do Equador, nordeste do Peru e noroeste do Brasil
  • D. c. juruanus von Ihering, H, 1905 – leste, sudeste do Peru, norte, oeste, centro da Bolívia e oeste do Brasil
  • D. c. concolor Pelzeln, 1868 – nordeste da Bolívia e centro-sul do Brasil no interflúvio Madeira - Tapajós
  • D. c. medius Todd, 1920 (arapaçu-barrado-do-nordeste)[10][11][12] – nordeste do Brasil ao sul do Amazonas e a leste do rio Tocantins
  • D. c. retentus Batista et al., 2013 – centro-norte do Brasil no interflúvio Xingu -Tocantins
  • D. c. ridgwayi Hellmayr, 1905 – centro-norte do Brasil no interflúvio Tapajós-Xingu

Conservação editar

Em 2018, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) classificou o arapaçu-barrado como pouco preocupante em sua Lista Vermelha, considerando sua ampla distribuição. O tamanho da população não foi quantificado, mas acredita-se que não se aproxime dos limites para vulnerável sob o critério de tamanho da população. Apesar do fato de que a tendência populacional parece estar diminuindo, acredita-se que o declínio não seja suficientemente rápido para se aproximar dos limiares para vulnerável sob o critério de tendência populacional (>30% de declínio ao longo de dez anos ou três gerações).[1] Em 2007, a subespécie D. c. medius foi classificada como em perigo na Lista de espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção do Estado do Pará;[13][14][15] vulnerável na Portaria MMA N.º 444 de 17 de dezembro de 2014;[16] em 2018, a espécie foi classificada como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), mas vulnerável com relação à subespécie (tratada na lista como espécie) Dendrocolaptes medius;[17] e em 2022, a subespécie D. c. medius (tratada como espécie) como vulnerável no anexo dois (aves) da Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção da Portaria MMA N.º 148, de 7 de junho de 2022.[18][19]

Referências

  1. a b c BirdLife International (2018). «Dendrocolaptes certhia». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2018: e.T22703079A130283409. doi:10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T22703079A130283409.en . Consultado em 11 de maio de 2023 
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 191. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. Garcia, R. (1913). Nomes das aves em lingua tupi: (contribuição para a lexicographia portuguêsa). Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, Tipografia Anexa à Diretoria do Serviço de Estatística 
  4. Jobling, James A. (2010). The Helm Dictionary of Scientific Bird Names. Londres: Christopher Helm. pp. 97, 133. ISBN 978-1-4081-2501-4 
  5. Buffon, Georges-Louis Leclerc de (1780). «Le pic-grimpereaux». Histoire Naturelle des Oiseaux (em francês). 13. Paris: De L'Imprimerie Royale. pp. 122–124 
  6. Buffon, Georges-Louis Leclerc de; Martinet, François-Nicolas; Daubenton, Edme-Louis; Daubenton, Louis-Jean-Marie (1765–1783). «Le picucule, de Cayenne». Planches Enluminées D'Histoire Naturelle. 7. Paris: De L'Imprimerie Royale 
  7. Boddaert, Pieter (1783). Table des planches enluminéez d'histoire naturelle de M. D'Aubenton : avec les denominations de M.M. de Buffon, Brisson, Edwards, Linnaeus et Latham, precedé d'une notice des principaux ouvrages zoologiques enluminés (em francês). Utrecht: [s.n.] 
  8. Hermann, Johann (1804). Observationes zoologicae quibus novae complures, aliaeque animalium species describuntur et illustrantur (em latim). Argentorati: Amandum Koenig 
  9. a b Gill; Donsker, David; Rasmussen, eds. (janeiro de 2023). «Ovenbirds, woodcreepers». IOC World Bird List Version 13.1. International Ornithologists' Union. Consultado em 13 de março de 2023. Cópia arquivada em 9 de janeiro de 2022 
  10. «arapaçu-barrado-do-leste». eBird. Consultado em 11 de maio de 2023. Cópia arquivada em 26 de abril de 2022 
  11. «Dendrocolaptes certhia medius (Amazonian Barred-Woodcreeper (medius))». Avibase. Consultado em 11 de maio de 2023. Cópia arquivada em 22 de abril de 2023 
  12. taxonomy. «Dendrocolaptes certhia medius». National Center for Biotechnology Information (NCBI). Consultado em 11 de maio de 2023. Cópia arquivada em 22 de abril de 2023 
  13. Extinção Zero. Está é a nossa meta (PDF). Belém: Conservação Internacional - Brasil; Museu Paraense Emílio Goeldi; Secretaria do Estado de Meio Ambiente, Governo do Estado do Pará. 2007. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022 
  14. Aleixo, Alexandre (2006). Oficina de Trabalho "Discussão e Elaboração da Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção do Estado do Pará (PDF). Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi; Conservação Internacional; Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (SECTAM). Consultado em 5 de maio de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 19 de junho de 2022 
  15. «Dendrocolaptes medius Todd, 1920». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 11 de maio de 2023. Cópia arquivada em 11 de maio de 2023 
  16. «PORTARIA N.º 444, de 17 de dezembro de 2014» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 24 de julho de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 12 de julho de 2022 
  17. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  18. «Portaria MMA N.º 148, de 7 de junho de 2022» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 14 de abril de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 1 de março de 2023 
  19. «Dendrocolaptes certhia (Boddaert, 1823)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 11 de maio de 2023. Cópia arquivada em 11 de maio de 2023