Desastre Ferroviário de Estômbar
O Desastre Ferroviário de Estômbar foi uma colisão de dois comboios junto a Estômbar, na Linha do Algarve, em Portugal, em 8 de Novembro de 1997. Este acidente provocou 4 mortos e 14 feridos.[1]
Desastre Ferroviário de Estômbar | |
---|---|
Descrição | |
Data | 8 de Novembro de 1997 |
Hora | 18:45 |
Local | Estômbar, concelho de Lagoa |
País | Portugal |
Linha | Linha do Algarve |
Operador | Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses |
Tipo de acidente | Colisão |
Causa | Erro humano |
Estatísticas | |
Comboios/trens | 2 |
Passageiros | 30 a 90 |
Mortos | 4 |
Feridos | 14 |
Antecedentes
editarOs dois comboios envolvidos no acidente foram o Regional 5806, que tinha como destino Vila Real de Santo António, e uma automotora fazendo o Interregional 981, que circulava de Tunes para Lagos.[2][3] Ambos os comboios deviam cruzar-se em Portimão[2] ou Estômbar,[3] mas o maquinista do comboio 5806 violou as regras de circulação e entrou na zona destinada à outra composição.[1][3]
Este sinistro ocorreu num troço onde o controlo da circulação era feito através do sistema de cantonamento telefónico, ou seja, para que um comboio saia da estação para a via única, era indispensável contactar, por telefone, o chefe da estação seguinte.[2] Caso algum dos comboios se atrase de forma significativa, deviam ser dadas ordens para se estabelecer um novo local de cruzamento.[2]
O número de passageiros em ambos os comboios era de 80 a 90 pessoas, segundo o porta-voz da operadora Caminhos de Ferro Portugueses, Américo Ramalho, ou de cerca de 30 pessoas, de acordo com um técnico da empresa no local do acidente.[2]
Acidente
editarOs dois comboios colidiram por volta das 18h45, no quilómetro 326,275 da Linha do Algarve,[1] uma área de via única junto ao sítio dos Pardais, em Estômbar.[3] A locomotiva do comboio 5806 destruiu a cabina do comboio 981, que galgou sobre o outro comboio, matando o maquinista e um passageiro no compartimento de primeira classe.[1][2] Depois as carruagens do comboio 5806 comprimiram a carruagem de primeira classe contra a máquina, provocando outros dois mortos.[1] Ambos as composições descarrilaram, mas as carruagens não chegaram a tombar, apesar daquele troço de via circular sobre taludes.[2]
A maior parte dos passageiros saíram sozinhos dos destroços, tendo-se afastado do local a correr.[2]
Deste desastre resultaram ainda catorze feridos ligeiros, tendo os danos materiais avultado a mais de um milhão de contos.[1] A locomotiva 1215, que esteve envolvida no acidente, foi abatida ao serviço.[4]
Socorros
editarPouco depois de ter sido dado o alarme, chegaram os bombeiros, tendo sido envolvidos nas operações de resgate 150 homens[3] de dez corporações de todo o Algarve, com o apoio de um helicóptero vindo de Beja.[2]
Os feridos foram transportados para o Hospital de Portimão.[2] A maior parte apresentava apenas escoriações ligeiras, embora um passageiro tenha inspirado maiores cuidados e ficado em observação.[2]
Por volta da Meia-noite, ainda se julgava que poderia haver corpos dentro dos destroços dos comboios.[2]
No dia seguinte, ainda não tinham sido retirados as duas composições acidentadas, uma vez que para esta operação era necessário um comboio especial, o Comboio de Socorro.[2] Uma vez que as vias férreas no Alentejo estavam interditadas devido aos estragos provocados por um temporal na semana anterior, o Comboio de Socorro veio por estrada do Barreiro até Tunes, onde seguiu pelo caminho de ferro.[2] A operadora não tinha ainda uma estimativa de quanto tempo ficaria interrompida a Linha do Algarve naquele troço, estando prevista a implementação de um sistema alternativo de transporte por estrada.[2]
Investigação
editarO presidente dos Caminhos de Ferro Portugueses, Crisóstomo Teixeira, foi ao local do sinistro para avaliar a situação.[2]
No dia seguinte ao acidente, Américo Ramalho anunciou a realização de um inquérito,[2]
admitindo-se desde logo que o acidente tinha ocorrido por erro humano.[3] A abertura do inquérito foi ordenada pelo Director Geral de Gestão de Infraestruturas da operadora Caminhos de Ferro Portugueses em 10 de Novembro, de forma a apurar as suas causas e determinar as responsabilidades, processo que foi concluído em 8 de Janeiro de 1998.[1] Averiguou-se que a culpa do acidente foi do maquinista do comboio 5806, por ter desrespeitado as regras, pelo que, em 22 de Janeiro, o Conselho de Gerência dos Caminhos de Ferro Portugueses deliberou a abertura de um processo disciplinar, com o fim de despedir o maquinista.[1]
O acidente pôs em causa o sistema de comunicações utilizado naquele troço,[3] que já antes tinha sido criticado pelo deputado Fialho Anastácio, futuro governador civil de Faro.[2]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e f g h «Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça: Processo 01S383». Direcção-Geral dos Serviços de Informática. Consultado em 7 de Dezembro de 2016
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r «Comboios chocam de frente no Algarve». Público. 8 (2798). Lisboa: Público, Comunicação Social, S. A. 9 de Novembro de 1997. 52 páginas
- ↑ a b c d e f g «Acidente ferroviário em Estômbar». Barlavento. 23 (1068). Portimão: Helder Nunes, Lda. 13 de Novembro de 1997. 3 páginas
- ↑ CONCEIÇÃO, Marcos (Julho de 2001). «Caminhos de Ferro Portugueses: Cambios en la Tracción». Maquetren (em espanhol). Ano 10 (100). Madrid: Revistas Profesionales. p. 74-77