Donax hanleyanus

espécie de molusco

Donax hanleyanus (nomeada, em inglês, wedge shell, um nome geral para sua família[5]; em castelhano, na América do Sul, berberecho austral[6], simplesmente berberecho ou almeja mariposa[7]; em português, no Brasil, moçambique[1][2], cernambi[2][8] – Segundo o Dicionário Aurélio a denominação "cernambi" é dada especialmente para Anomalocardia flexuosa[9]; ainda citando Amarilladesma mactroides[10] e Erodona mactroides[11] sob tal nome[12], com o Dicionário Houaiss mudando sua grafia para sernambi[13][14] (ou sarnambi) e acrescentando, além de Donax hanleyanus, também Tivela mactroides[15], Eucallista purpurata[16] e Phacoides pectinatus[17][18]beguaba[2][14][19] – Do tupi mbaé uaba, coisa para comer[3] – , beguara[13], beguira, peguaba, apeguava, peguira, pregoava, sapatinho[2][20], nanini[14] e borboleta[2]; aparentada à conquilha portuguesa) é uma espécie de molusco Bivalvia, marinha e litorânea, da família Donacidae e gênero Donax, classificada por Rodolfo Amando Philippi em 1847.[4] Habita as costas da região sudeste do Brasil, no oeste do Atlântico, do Espírito Santo até a região sul do Brasil e Argentina, enterrando-se na areia da zona entremarés das praias de declive suave.[1][2][20] Eurico Santos afirma que "logo que se vê perseguida enterra-se na areia molhada"[19], sendo capaz de escavar rapidamente.[14] É usada para a alimentação humana, no Brasil[1][14][19][20] e na Argentina[7], e pode ser encontrada em sambaquis, do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul.[13] Em Donax hanleyanus não é possível distinguir o sexo ou o estágio de maturidade sexual apenas pela observação externa das gônadas[21], o que demonstra o pouco dimorfismo sexual da espécie.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaMoçambique[1]
Beguaba[2][3]
Donax hanleyanus
Duas conchas de D. hanleyanus com as valvas unidas; coletadas no Guarujá, São Paulo, Brasil, sem o animal.
Duas conchas de D. hanleyanus com as valvas unidas; coletadas no Guarujá, São Paulo, Brasil, sem o animal.
Três valvas de D. hanleyanus; coletadas no Guarujá, São Paulo, Brasil.
Três valvas de D. hanleyanus; coletadas no Guarujá, São Paulo, Brasil.
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia
Subclasse: Autobranchia
Ordem: Cardiida
Superfamília: Tellinoidea
Família: Donacidae[4]
Género: Donax
Linnaeus, 1758[4]
Espécie: D. hanleyanus
Nome binomial
Donax hanleyanus
Philippi, 1847[4]
Valvas da concha do molusco D. hanleyanus vistas por seus umbos. Espécime coletado em Ubatuba, São Paulo, Brasil.
Valvas da concha do molusco D. hanleyanus vistas por sua abertura. Espécime coletado em Ubatuba, São Paulo, Brasil.
Sinónimos
Donax hilairea Guérin, 1832 (suprimido pela ICZN)[1][4]

Descrição da concha editar

Donax hanleyanus possui concha trigonal-cuneiforme e alongada, truncada e mais esculpida em seu extremo posterior, com 2.3 centímetros de comprimento, quando bem desenvolvida. Suas valvas são amarelo-acinzentadas, azuladas ou brancas, com manchas variáveis, geralmente lineares e mais ou menos alargadas, que vão do purpúreo ao castanho e que partem do umbo em direção à periferia; possuindo superfície esculturada com bem finas costelas radiais. Interior das valvas também manchado. Perióstraco fino e amarelado.[1][13][20][22]

Etimologia de hanleyanus editar

A etimologia de hanleyanus é uma homenagem a Sylvanus Charles Thorp Hanley, um malacólogo britânico que descreveu diversas espécies de Donax em anos imediatamente anteriores à descrição de Philippi, na década de 1840.[23][24]

Opinião 1372ː ICZN editar

Segundo Eliezer de Carvalho Rios, a denominação Donax hilairea, dada por Guérin no ano de 1832, não fora usada por mais de cem anos, sendo suprimida pela Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN) na Opinião 1372.[1][4] Morrison, em 1971, colocara esta espécie, Donax hanleyanus, na sinonímia de Donax hilairea, e Narchi, em 1975, apresentou uma defesa para a conservação do nome Donax hanleyanus, na ICZN.[25]

Dicionário dos animais do Brasil editar

Rodolpho von Ihering, no seu Dicionário dos animais do Brasil (1968), cita a nomenclatura peguaba ou peguira para outra espécie[26], Donax rugosus Linnaeus, 1758[27] (por ele chamada Donax rugosa, na página 514)[26], sendo esta uma espécie do litoral leste do Atlântico, na África, incluindo Angola.[27]

Ameaça editar

Embora seja uma espécie comum, em 2018 Donax hanleyanus foi colocada no Livro Vermelho do ICMBio; considerada uma espécie pouco preocupante (LC), com a conclusão desta avaliação feita em 2012.[28]

Ligações externas editar

Referências

  1. a b c d e f g RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 279-280. 492 páginas. ISBN 85-85042-36-2 
  2. a b c d e f g HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2001). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva. p. 423. 2922 páginas. ISBN 85-7302-383-X 
  3. a b «beguaba». Dicionário Online de Português: Dicio. 1 páginas. Consultado em 22 de abril de 2021. [Zoologia] Molusco marinho lamelibrânquio (Donax hanleyanus), de concha chanfrada em uma das bordas; peguaba, peguira, beguira. Variação de beguava. Etimologia (origem da palavra beguaba). Do tupi mbaé uaba, coisa para comer. 
  4. a b c d e f «Donax hanleyanus Philippi, 1847» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 17 de março de 2021 
  5. OLIVER, A. P. H.; NICHOLLS, James (1975). The Country Life Guide to Shells of the World (em inglês). England: The Hamlyn Publishing Group. p. 308. 320 páginas. ISBN 0-600-34397-9 
  6. «Donax hanleyanus» (em espanhol). EcoRegistros - Registros Ecológicos de la Comunidad. 1 páginas. Consultado em 17 de março de 2021 
  7. a b Custodio, Heliana; Molina, Magalí; Darrigran, Gustavo (2015). «La almeja mariposa o berberecho» (PDF) (em espanhol). Revista Boletín Biológica Nº 34 - Año 9. p. 51-52. Consultado em 17 de março de 2021 
  8. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001; página 679); cernambi; s.m. - substantivo masculino - MALAC - malacologia - B - regionalismo - f. a evitar - forma a evitar -, por SERNAMBI.
  9. «Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767) (imagem)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 27 de março de 2021 
  10. «Amarilladesma mactroides (Reeve, 1854)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 27 de março de 2021 
  11. «Erodona mactroides Bosc, 1801 (imagem)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 27 de março de 2021 
  12. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 384. 1838 páginas 
  13. a b c d SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (2011). Conchas Marinhas de Sambaquis do Brasil 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Technical Books. p. 115. 252 páginas. ISBN 978-85-61368-20-3 
  14. a b c d e «Donax hanleyanus». Museu Nacional - UFRJ. 1 páginas. Consultado em 2 de abril de 2021. Nomes populares: "sernambi, beguaba, naniní". Suspensívoros. Vivem em praias arenosas, na região entre marés, sendo capazes de escavar rapidamente na areia. Usada na alimentação. 
  15. «Tivela mactroides (Born, 1778)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  16. «Eucallista purpurata (Lamarck, 1818)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  17. «Phacoides pectinatus (Gmelin, 1791)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  18. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (Op. cit., p.2555.).
  19. a b c SANTOS, Eurico (1982). Zoologia Brasílica, vol. 7. Moluscos do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 37. 144 páginas 
  20. a b c d BOFFI, Alexandre Valente (1979). Moluscos Brasileiros de Interesse Médico e Econômico. São Paulo: FAPESP - Hucitec. p. 62-63. 182 páginas 
  21. Gil, Guacira M.; Thomé, José W. (setembro de 2004). «Descrição do ciclo reprodutivo de Donax hanleyanus (Bivalvia, Donacidae) no sul do Brasil». Iheringia. Série Zoologia. vol.94 no.3. (SciELO). 1 páginas. Consultado em 17 de março de 2021 
  22. «Donax hanleyanus». Conquiliologistas do Brasil: CdB. 1 páginas. Consultado em 17 de março de 2021 
  23. «Donax Linnaeus, 1758» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 17 de março de 2021 
  24. «Hanley, Sylvanus Charles Thorp» (em inglês). Conchology. 1 páginas. Consultado em 17 de março de 2021 
  25. Narchi, Walter (26 de outubro de 1986). «On the conservation of the binomen Donax hanleyanus Philippi, 1847 (Bivalvia-Mollusca)». Boletim de Zoologia. v. 10 n. 10. (Portal de Revistas da USP). 1 páginas. Consultado em 21 de março de 2021 
  26. a b IHERING, Rodolpho von (1968). Dicionario dos Animais do Brasil. São Paulo: Editora Universidade de Brasília. p. 514. 790 páginas 
  27. a b «Donax rugosus Linnaeus, 1758 distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 17 de março de 2021 
  28. ICMBio (2018). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume I (PDF). Brasília, DF: ICMBio/MMA. p. 464. 492 páginas. ISBN 978-85-61842-79-6. Consultado em 27 março de 2021