Equação diferencial exata

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Este artigo trata de equação diferencial ordinária exata no sentido denotativo, para possível sentido conotativo, que pode causar confusão, ver equações diferenciais estocásticas.

Uma Equação diferencial ordinária é dita exata[1] quando é possível colocá-la na seguinte forma:

e

com e funções diferenciáveis e integráveis.

Teorema editar

O seguinte teorema fornece um método sistemático de determinar se uma equação diferencial dada é exata.[2]

Suponha que as funções   e  , onde os índices denotam derivadas parciais, são contínuas na região conexa  .

Então, a equação

 

é uma equação diferencial exata em   se, e só se,

  (1)

em cada ponto de R.

Isto é, existe uma função   que satisfaz as equações,

 
 

se, e só se,   e   satisfazem (1), pois[2]

 

Método de Solução editar

Uma equação diferencial ordinária do tipo

 

é equivalente a

 , pois  

Se ela for uma equação exata, teremos que  .

Então podemos supor que há uma função   de modo que  .

Assim, para obter essa função basta integrar  em relação a  .

 . Note-se que   é a constante de integração, e como não depende de  ,  .

Agora podemos derivar   na direção de   supondo que  . Assim, obtemos:

 .

Isolando   temos:

 

Então, por fim, integramos   na direção de  , de modo a obter:

 

Ou seja

 

E, finalmente, a solução da equação diferencial é a função implícita  [1]

Exemplo editar

Resolvamos a equação Diferencial Ordinária     .

Temos:

 ,

onde

  e  .

Logo,  , donde se conclui que é exata.

Pelo corolário acima, ∃F(x,y), então:

 .

Integrando em relação a x:

 , em que f(y) é uma função de y.

Além disso,  . Então  .

Integrando em relação a y, temos:  , c constante.

Logo, pelo corolário, a função F é:

 

A solução da equação diferencial exata é   ou seja

 

Exemplo no plano editar

Considere uma função diferenciável

  da qual pode-se deduzir a expressão diferencial exata
 

A expressão que deu origem à equação,  , representa uma superfície de um tipo especial, pois é o gráfico de uma função diferenciável.

Esta superfície, quando cortada pelo plano (de altura) constante   equivale a resolver o sistema de equações:

 

Geometricamente falando, o resultado desta interseção é uma curva no espaço, obtida pela interserção de duas superfícies. Como o plano é paralelo ao plano   então há uma projeção desta curva espacial sobre o domínio   de   que chamamos curva de nível. Observe que se pode representar a interseção escrevendo

 

Diferenciando esta última equação, obtemos:

 

Esta última expressão é a que em geral temos, a equação diferencial exata. Quer dizer, resolver uma equação diferencial exata consiste em recuperar, se for possível, a função cuja diferencial se encontra expressa na equação.

Mas não é nesta forma canônica, das equações diferenciais exatas, uma das razões disso é que ela podem representar formas não exatas. A forma canônica é

 

Esta equação é dita exata se existe uma função   tal que

 

Resolver, então, a equação diferencial exata consiste em descobrir   a partir de suas derivadas parciais.

Referências

  1. a b E. BOYCE, William; DIPRIMA, Richard C. (2006). Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno oitava ed. Rio de Janeiro: LTC. p. 51. ISBN 978-85-216-1499-9 
  2. a b E. BOYCE, William; DIPRIMA, Richard C. (2006). Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno oitava ed. Rio de Janeiro: LTC. ISBN 978-85-216-1499-9 
  • Theresa M. Korn; Korn, Granino Arthur. Mathematical Handbook for Scientists and Engineers:Definitions, Theorems, and Formulas for Reference and Review. New York: Dover Publications, 157-160. ISBN 0-486-41147-8

Ver também editar