Aristides (estratego)

Aristides de Atenas (em grego: Ἀριστείδης; Atenas, ca. 535 a.C. – Atenas, ca. 468 a.C.) foi um estadista e estratego ateniense. Foi cognominado de o Justo.

Aristides
Aristides (estratego)
Nascimento 535 a.C.
Alópece
Morte 468 a.C.
Cidadania Atenas Antiga
Ocupação político, militar
Óstraco com o nome de Aristides.

Vida editar

Era filho de Lisímaco, da tribo Antíoco, do demo Alópece.[1] Sua família era extremamente pobre, e suas duas filhas permaneceram um longo tempo solteiras pela sua pobreza,[1] mas existem versões que dizem que a sua família tinha posses.[2]

Aristides era amigo íntimo de Clístenes, e favorecia um regime aristocrático de governo.[3] Segundo Plutarco, citando Ariston de Ceos, a rivalidade de Aristides com Temístocles teve origem porque os dois eram apaixonados pelo mesmo rapaz[4]

Aristides destaca-se pela primeira vez na vida política ateniense durante a batalha de Maratona, em que comandou a tribo Antíoco.[5] Finda a batalha, é eleito arconte para o período de 490 – 489 a.C., como sucessor de Fênipo.[6] De acordo com Demétrio de Falero, citado e contestado por Plutarco, Aristides só se tornou arconte pouco antes de morrer.[6]

Seguindo uma política conservadora, que visava manter Atenas como potência terrestre, Aristides acabou por conflitar-se com a política naval de Temístocles. O conflito entre os dois líderes resultou no ostracismo de Aristides, ocorrido, não se sabe ao certo, em 485 ou 482 a.C.[7]

Em 480 a.C., em vista da anistia para os exilados pós-Maratona, Aristides volta para Atenas e ajuda na defesa da cidade contra os persas e foi eleito estratego.[7]

Na batalha de Salamina, Aristides apoiou lealmente Temístocles e coroou a vitória ateniense aniquilando a guarnição persa da ilha de Psitaleia.[7]

Em 479 a.C., Aristides foi reeleito estratego e investido de poderes extraordinários para comandar o contingente ateniense na batalha de Plateias.[7]

No ano de 478 a.C., comandou a frota de Atenas ao largo de Bizâncio. Quando os aliados jônicos se revoltaram contra o espartano Pausânias, foi-lhe oferecido o comando-geral, com poderes para decidir o montante das contribuições que cada Estado deveria à recém-formada Liga de Delos. As cotas estabelecidas por Aristides foram universalmente aceitas e continuaram a vigorar durante a maior parte da existência da Liga.[7]

Apesar de sua grande influência em Atenas, morreu em pobreza extrema, não deixando nem mesmo o suficiente para custear seu próprio funeral. Seus descendentes, até o século IV a.C. foram mantidos como pensionistas do Estado ateniense.[7]

Antes de morrer, ele havia deixado suas filhas como noivas de gregos eminentes, mas, após sua morte, quando estes viram que ele era extremamente pobre, quebraram o contrato, abandonando as noivas virgens.[8]

Conta-se de Aristides que, quando estava sendo decidido seu ostracismo, numa assembleia popular, dele se acercou um cidadão, pedindo-lhe que escrevesse ‘Aristides’ no óstraco. “Que mal te fez esse homem?”, indagou, atendendo ao pedido. “Nem sequer o conheço, mas meus ouvidos já se cansam de ouvir chamarem-lhe Justo”.[7]

Fontes editar

 
Resposta de Aristides aos embaixadores de Mardônio.

Heródoto não é o único autor antigo a avaliar a vida de Aristides. Ele também é o tema de uma das Vidas Paralelas de Plutarco, embora Plutarco, escrevendo durante o Império Romano, tenha sido removido por vários séculos. Aristides é elogiado por Sócrates nos diálogos de Platão Górgias e Meno como um exemplo excepcional de boa liderança.[9][10]

No diálogo de Platão, Teeteto, Sócrates refere-se a Aristides, neto do famoso Aristides, de forma menos positiva, trazendo-o como exemplo de estudante que deixa seus cuidados cedo demais e percebe depois que é um tolo.[11]

Referências

  1. a b Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Aristides, 1.1 [em linha]
  2. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Aristides, 1.2-9; Plutarco apresenta as teorias que sugeriam que Aristide tinha posses para, sem seguida, derrubá-las
  3. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Aristides, 2.1
  4. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Aristides, 2.2-3
  5. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Aristides, 5.1-3
  6. a b Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Aristides, 5.7
  7. a b c d e f g Enciclopédia Barsa, Vol. III, p. 110, 1982.
  8. Cláudio Eliano, Varia Historia, Livro XX, Capítulo XV, Sobre aqueles que se tornaram noivos das filhas de Aristides e Lisandro [em linha]
  9. Plato, Gorgias, 526a–b
  10. Plato, Meno, 94a1
  11. Plato, Theaetetus 150d–151a

Ligações externas editar

 
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