Metrópole de Derco

A Metrópole de Derco (em grego: Μητρόπολις Δέρκων) é uma sé residencial da Igreja Ortodoxa de Constantinopla situada no subúrbio istambulita de Yesilköy (historicamente Santo Estêvão). Sua catedral é a de São Paracevi em Terapia (Tarabia) e seu metropolita é membro do sínodo patriarcal e carrega o título de Metropolita de Derkos, o mais honrado ('hypertymos') e Exarca do Bósforo, Trácia e Cianéia (em grego: Ο Δέρκων, υπέρτιμος και έξαρχος Βοσπό ρου Θρακικοῦ καί Κυανέων). O atual metropolita é Apóstolo Danilidis. Foi nomeada em honra da cidade de Delco ou Delcos, mais tarde conhecida como Derco ou Dercos, a vila turca moderna de Durusu ou Terco.

Metrópole de Derco
(Μητρόπολις Δέρκων)
Eparchia
Metrópole de Derco
Distrito de Yesilkoy de Istambul
Localização
País  Turquia
Território Parte da Província de Istambul
Eparquia Metropolita Distrito de Yeşilköy
Estatísticas
Área km²
Paróquias 5
Sacerdotes 5 padres e 1 diácono
Informação
Denominação Igreja Ortodoxa de Constantinopla
Rito Bizantino
Criação da Eparquia 491
Catedral Catedral de São Parakevi em Terapia (Tarabia)
Governo da Arquidiocese
Eparca Apóstolo Danilidis
Jurisdição Diocese
Contatos
Página Oficial http://www.imderkon.org/

Constitui uma das cinco circunscrições eclesiásticas ativas do Patriarcado de Constantinopla em território turco, juntamente com as Arquidioceses de Constantinopla, Calcedônia, Imbros e Tenedos e as Ilhas dos Príncipes.[1]

É uma antiga sé metropolitana da província romana da Europa na Diocese civil da Trácia.

Derco também é uma sé titular da Igreja Católica, que está vacante desde 1970.

História editar

A vila é atestada desde a Antiguidade Clássica como Derco/Delco/Dercos, mas o imperador bizantino Anastácio I Dicoro (r. 491–518) elevou-a ao estatuto de cidade e reconstruiu-a como uma fortaleza para a defesa de Constantinopla. Foi também provavelmente por esta época que criou-se uma sé episcopal centrado na localidade ("Bispado de Derco e Chele", Επισκοπή Δέρκων και Χήλης). Na primeira metade do século VI, Derco foi conhecida como uma fortaleza dos monofisistas.[2]

A sé foi uma sufragânea da metrópole de Heracleia Perinto até o século X, quando tornou-se um arcebispado autocéfalo. O bispo Gregório I tomou parte no Segundo Concílio de Niceia em 787; Macário I participou no concílio de 879, o arcebispo Constantino participou no concílio anti-jacobita de 1030 e um arcebispo de nome desconhecido tomou parte no Concílio de Blaquerna contra João Ítalo em 1082. Em 1166, o arcebispo João II tentou repetidamente, mas sem sucesso, ter sua sé transferida para a vizinha Fílea. Um arcebispo Miguel é atestado numa carta de 1177 ao católico da Armênia Cilícia Gregório IV, o Jovem, e um arcebispo Gregório num sínodo em fevereiro de 1197.[2]

No período do governo latino em 1204–47, um bispo católico foi instalado sobre a sé (Derkensem), que foi diretamente subordinada ao patriarca latino de Constantinopla. O arcebispo anônimo de Derco coassinou as Atas da União com a Igreja Católica em julho de 1274. Em 1285, o arcebispo Constantino coassinou os tomos contra o deposto patriarca de Constantinopla João XI Beco. O arcebispo Macário presidiu sobre a sé em ca. 1289–94, mas parece que permaneceu vacante no começo do século XIV: durante o patriarcado de Nefão I (r. 1310–1314), os rendimentos da sé foram transferidos diretamente para a sé patriarcal, e em abril de 1316, o metropolita Teódulo de Ninfeu foi nomeado como administrado atuante (proedro).[2]

A sé foi restaurada por volta de março de 1324, quando o arcebispo Lucas é atestado servindo ao menos até 1329. No mesmo ano (1324), as contribuições anuais da sé ao patriarcado foram fixadas em 24 hipérpiros. O arcebispo Gabriel é atestado como signatário do tomo de 1351, endossando as visões de Gregório Palamas e encerrando a controvérsia hesicasta. Em 1355, a sé foi brevemente unida à metrópole de Bízie, sob Neófito. Após a conquista de Heracleia Pôntica pelos turcos otomanos em 1360, em janeiro de 1365 o arcebispo de Derco foi designado para o metropolita de Heracleia para apoiá-lo através de seus rendimentos. Isso durou até cerca de março de 1371, quando o arcebispo é novamente atestado como uma entidade separada.[2]

Por setembro de 1379, Derco foi elevada como sé metropolitana, com o primeiro metropolita sendo Paulo, que permaneceu em ofício ao menos até maio de 1384. De fevereiro de 1389 a outubro de 1400, a sé esteve sob o metropolita José. Um anônimo incumbente é atestado em 1403, mas após essa data a sé provavelmente permaneceu vacante devido a devastação otomana da área até aproximadamente agosto de 1409, quando um novo incumbente (Basílio) é atestado. O último metropolita antes da Queda de Constantinopla foi Acácio, mencionado no final de 1452, pouco antes da cidade ser capturada pelos otomanos.[2]

Sob o governo otomano foi uma pequena vila ao sudoeste de Karaburun, um promontório do mar Negro, e sobre a marge sul do lago de Derco, as águas do qual foram levada para Constantinopla por um aqueduto. Houve aproximados 300 habitantes. Em 1466, foi governada diretamente pelo patriarca de Constantinopla [Kambouroglou, Monuments for History of Athens (Gr.), II, 354]. Não foi restabelecida até o começo do século XVII, quando o titular residiu em Terapia no Bósforo. Em outubro de 1746, foi elevada à oitava posição na hierarquia grega (Mansi, Col. concil., XXXVIII, 527). A diocese incluía 41 vilas nas proximidades de Constantinopla e ao longo das costas do mar Negro e o mar de Mármara, entre elas São Estêvão, Makriköy e Büyükdere com paróquias católicas conduzidas pelos capuchinhos, dominicanos e os franciscanos conventuais.[3]

Em 1821, durante o massacre que eclodiu em Constantinopla, como uma retaliação da Guerra de independência da Grécia, o bispo metropolita de Derco, Gregório, esteve entre os membros do algo clero grego ortodoxo que foi executado pelas autoridades otomanas.[4] Durante o pogrom anti-grego de Istambul, em setembro de 1955, seis igrejas sob a jurisdição da metrópole de Derco foram destruídas, enquanto as duas igrejas remanescentes foram salvas. Além disso, a mansão metropolitana foi incendiada pela multidão fanática. Mais adiante, o sítio que abrigou a mansão metropolitana foi apropriado pelas autoridades turcas e em 1958 um hotel foi construído.[5]

Referências

  1. «Οικουμενικό Πατριαρχείο» (em grego). Consultado em 3 de junho de 2023 
  2. a b c d e Külzer 2008, p. 330–332.
  3. «Delcus». Consultado em 4 de janeiro de 2016 
  4. Angold 2006, p. 230.
  5. Mamalos 2009, p. 239–240.

Bibliografia editar

  • Angold, Michael (2006). The Cambridge History of Christianity: Volume 5, Eastern Christianity. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0521811139 
  • Külzer, Andreas (2008). Tabula Imperii Byzantini: Band 12, Ostthrakien (Eurōpē) (em alemão). Viena: Österreichische Akademie der Wissenschaften. ISBN 978-3-7001-3945-4 
  • Mamalos, Georgios-Spyridon Panagiotis (2009). Το Πατριαρχείο Κωνσταντινουπόλεως στο επίκεντρο διεθνών ανακατατάξεων (1918-1972): εξωτερική πολιτική και οικουμενικός προσανατολισμός (em inglês). [S.l.]: Universidade de Atenas