Zélio de Moraes

médium brasileiro, anunciador da Umbanda
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Zélio Fernandino de Morais (São Gonçalo, 10 de abril de 18913 de outubro de 1975) foi um médium brasileiro. É considerado o anunciador da Umbanda.

Zélio de Moraes
Zélio de Moraes
Nascimento 10 de abril de 1891
São Gonçalo
Morte 3 de outubro de 1975
Brasil
Cidadania Brasil
Ocupação mediunidade
Religião Umbanda

Biografia editar

Zélio nasceu em família tradicional de Neves, distrito de São Gonçalo. Em fins de 1908, então com dezessete anos de idade, Zélio preparava-se para o ingresso na carreira militar, na Marinha do Brasil, quando foi acometido por uma inexplicável paralisia, que os médicos não conseguiam debelar. Certo dia, ergueu-se no leito, declarando "Amanhã estarei curado!".[1]

No dia seguinte, de fato, levantou-se normalmente e voltou a caminhar, como se nada lhe houvesse acontecido: os médicos não souberam explicar o ocorrido. Os seus tios, padres da Igreja Católica, surpreendidos, também não souberam explicar o fenômeno. Um amigo da família, então, sugeriu uma visita à Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, então sediada em Niterói, presidida, na ocasião, por José de Souza.

Chegando lá, o médium José de Souza, que dirigia a sessão espírita, pediu que Zélio sentasse à mesa. A certa altura, espíritos de caboclos (ancestrais indígenas brasileiros) e pretos velhos (africanos) começaram a se manifestar na sessão. No seguinte momento, o dirigente, pediu para se retirarem por achar eles espíritos "atrasados".

Após isso, Zélio foi incorporado por uma entidade que saiu em defesa das demais: se não houvesse ali espaço para espíritos de negros e índios cumprirem sua missão, ele (espírito) fundaria, já no dia seguinte, um novo culto na casa de Zélio.[2]

Na ocasião, manifestou-se por intermédio de Zélio a entidade que se denominou Caboclo das Sete Encruzilhadas, que anunciou a fundação de uma nova religião no Brasil, a Umbanda. Foi fundada, no dia seguinte, em virtude dessa manifestação, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.

A partir de 1918, por orientação da mesma entidade espiritual, Zélio viria a fundar mais sete tendas de Umbanda:

  • Tenda Nossa Senhora da Guia (c. 1918)
  • Tenda Nossa Senhora da Conceição
  • Tenda Santa Bárbara
  • Tenda São Pedro
  • Tenda Oxalá
  • Tenda São Jorge (1935)
  • Tenda São Jerônimo (após 1935)

Aos 55 anos, passou a direção da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade para as suas filhas Zélia de Moraes Lacerda e Zilméia de Moraes Cunha, já falecidas. Feito isso, fundou a Cabana de Pai Antônio, em Cachoeiras de Macacu, no estado do Rio de Janeiro.

Seu papel como fundador da Umbanda é questionada, sendo acusada de ser um embranquecimento da história.[1]

Zélio faleceu em 3 de outubro de 1975, aos 84 anos. Seu corpo foi enterrado no Cemitério do Maruí, em Niterói, no Rio de Janeiro.[3]

Ver também editar

Referências

  1. a b Veiga, Edison (31 de dezembro de 2021). «Zélio, o Caboclo das Sete Encruzilhadas: o fundador da umbanda que não é bem aceito por umbandistas atuais». BBC. Consultado em 3 de janeiro de 2022 
  2. «Umbanda completa 110 anos em meio a ataques e queda no número de devotos». BBC News Brasil. Consultado em 10 de abril de 2022 
  3. «História da Umbanda». Tenda de Umbanda Luz e Caridade (Tulca). Consultado em 14 de novembro de 2023 

Bibliografia editar

  • SAIDENBERG, Thereza. Como surgiu a Umbanda em nosso país: 70° aniversário de uma religião brasileira. Revista Planeta, São Paulo, n° 75, dez 1978. p. 34-38.
  • O fundador da Umbanda e sua missão na Terra. Seleções de Umbanda, nrs. 6 e 7, 1975.
  • SOUZA, Leal de. No Mundo dos Espíritos. 1925.