Zacarias da Sérvia

Zacarias (em sérvio: Захаријa; romaniz.:Zaharija; em grego medieval: Ζαχαρίας; romaniz.:Zacharías), também conhecido como Zacarias Filho de Pribéstlabo (em sérvio: Захаријa Прибислављевић; romaniz.:Zaharija Pribislavljević), foi o Príncipe da Sérvia de 922 até 924. Ele derrotou seu primo Paulo em 922 e tomou o trono sérvio para si. Zacarias era filho de Pribéstlabo, o filho mais velho de Mutímero (r. 851–891) da primeira dinastia sérvia.

Zacarias da Sérvia
Príncipe da Sérvia
Reinado 921924
Antecessor(a) Paulo
Sucessor(a) Tzéstlabo
 
Nascimento Década de 890
  Ras
Morte Após 924
Dinastia Blastímero
Pai Pribéstlabo
Religião Ortodoxia oriental

Vida editar

 
Árvore genealógica da Casa de Blastímero
 
Soldo de Romano I Lecapeno (r. 920–944) e Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959)
 
Selo do imperador Simeão I (r. 893–927)

Seu pai, Pribéstlabo (r. 891–892) até seu sobrinho Pedro, filho de Ginico, retornar do exílio e derrotá-lo em batalha, capturando o trono para si (r. 892–917). Pribéstlabo fugiu à Croácia com seus irmãos Brano e Estêvão.[1] Em 894,[2] Brano retornou e liderou uma rebelião mal-sucedida contra Pedro, sendo derrotado, capturado e cegado (à bizantina[3]), enquanto Pribéstlabo foi à capital bizantina,[4] onde Zacarias foi criado.[5] Zacarias foi enviado em 920 por Romano I Lecapeno (r. 920–944) para retomar trono (como herdeiro legítimo[6]). Ele foi capturado por búlgaros[2] ou por Paulo (r. 917–921),[7] sucessor de Pedro, que enviou-o ao Simeão I (r. 893–927).[2]

Em seguida, os bizantinos enviaram emissários a Paulo, tentando torná-lo aliado; no meio tempo, os búlgaros começaram a doutrinar Zacarias. Em 921, Paulo foi convencido e começou a preparar-se para atacar a Bulgária. À época, Simeão estava com suas tropas concentradas na Trácia, sitiando cidades. Ao ser alertado do evento, reuniu algumas tropas e enviou-as sob Zacarias contra a Sérvia com a promessa de dar-lhe o trono se derrotasse Paulo. A intervenção foi bem-sucedida e Zacarias ganhou o controle da Sérvia[4] na primavera de 922.[8] Novamente, um aliado búlgaro estava no trono búlgaro.[4]

Zacarias, que provavelmente ressentia os búlgaros após captura, viveu muito tempo em Constantinopla e foi muito influenciado pelos bizantinos. Por conta disso, ele não foi muito convencido por Simeão. Era natural que os sérvios eram pró-bizantinos e pró-búlgaros; os bizantinos estavam distantes e ofereciam maior independência, enquanto a poderosa Bulgária interferia com seu vizinho.[4] No fim, Zacarias recomeçou sua aliança com o Império Bizantino.[9] As fontes bizantinas chamavam-o arconte ou arcontópulo (em grego medieval: ἀρχοντόπουλος).[5]

Zacarias começou a unir as tribos eslavas junto a fronteira comum com a Bulgária para se rebelar. Em 923, Simeão enviou número insuficiente de tropas para debelar os rebeldes; os generais Marmais e Teodoro Sigritzes foram mortos e suas cabeças e armas foram enviadas por Zacarias como presentes aos bizantinos.[4][9] Foi após Simeão tentar aliar-se com o Califado Fatímida para um cerco naval a Constantinopla e a derrota das tropas búlgaras na luta contra Zacarias que ele decidiu reunir-se com Romano. Em setembro de 923, Simeão chegou em Constantinopla, exigindo uma reunião com o imperador. Durante a reunião, Romano conseguiu agitá-lo, perguntando como o búlgaro podia viver com tanto sangue em suas mãos. A paz foi discutida, mas Simeão partiu antes de quaisquer termos serem assinados. Presumivelmente Simeão queria manter a paz com os gregos para que pudesse lidar com o problema sérvio.[10]

Em 924, grande exército búlgaro foi enviado à Sérvia sob comando de Tzéstlabo, seu segundo primo, Cnemo, Hemneco e Etzbóclias. [5] O exército arrasou boa parte da Sérvia, forçando Zacarias a fugir à Croácia. Simeão convocou todos os zupanos sérvios para prestarem homenagem ao príncipe, mas em vez disso fez todos cativos, anexando a Sérvia. A Bulgária expandiu consideravelmente suas fronteiras, agora avizinhando seu aliado Miguel da Zaclúmia e a Croácia, para onde Zacarias se exilou.[10] A ocupação búlgaro perdurou por três anos, quando Tzéstlabo retorna a Sérvia e recria o principado.[11]

Ver também editar

Precedido por
Paulo
Príncipe da Sérvia
921924
Sucedido por
ocupação búlgaro
Próximo titular: Tzéstlabo

Referências

  1. Fine 1991, p. 141.
  2. a b c Fine 1991, p. 150.
  3. Longworth 1997, p. 321.
  4. a b c d e Fine 1991, p. 152.
  5. a b c Lilie 2013.
  6. Treadgold 1997, p. 476.
  7. Angelov 1981, p. 290.
  8. Treadgold 1997, p. 477.
  9. a b Treadgold 1997, p. 479.
  10. a b Fine 1991, p. 153.
  11. Fine 1991, p. 159.

Bibliografia editar

  • Angelov, Dimitar; Bozhilov, Ivan; Vaklinov, Stancho; Gyuzelev, Vasil; Kuev, Kuyu; Petrov, Petar; Primov, Borislav ; Tapkova, Vasilka; Tsankova, Genoveva (1981). История на България. Том II. Първа българска държава [History of Bulgaria. Volume II. First Bulgarian State]. Sófia: Bulgarian Academy of Sciences Press 
  • Fine, John Van Antwerp (1991). The Early Medieval Balkans: A Critical Survey from the Sixth to the Late Twelfth Century (em inglês). Ann Arbor, Michigan: University of Michigan Press. ISBN 0472081497 
  • Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). «#28480 Zacharias». Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt 
  • Treadgold, Warren (1997). A History of the Byzantine State and Society (em inglês). Stanford, Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-2630-2