Eulália de Espanha

Infanta de Espanha
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Eulália de Bourbon (Madrid, 12 de fevereiro de 1864 - Irun, 8 de março de 1958) foi uma Infanta da Espanha, filha mais nova da rainha Isabel II da Espanha e do seu marido, o rei Francisco, Duque de Cádis. Ficou conhecida como a "Infanta Republicana" por desafiar sua família e por suas ideias progressistas.[1]

Eulália
Infanta da Espanha
Princesa da França
Eulália de Espanha
Duquesa da Galliera
Reinado 4 de julho de 1890
a 24 de dezembro de 1930
Predecessora Luísa Fernanda da Espanha
Sucessora Beatriz de Saxe-Coburgo-Gota
 
Nascimento 12 de fevereiro de 1864
  Madrid, Espanha
Morte 8 de março de 1958 (94 anos)
  Madrid, Espanha
Sepultado em São Lourenço de El Escorial,
El Escorial, Espanha
Nome completo  
Maria Eulália Francisca de Assis Margarida Roberta Isabel Francisca de Paula Cristina Maria da Piedade
Marido Antônio, Duque da Galliera
Descendência Afonso, Duque da Galliera
Luís Fernando de Galliera
Casa Bourbon (por nascimento)
Orléans (por casamento)
Pai Francisco, Duque de Cádis
Mãe Isabel II da Espanha
Religião Catolicismo
Brasão

Conhecida pela sua vida errante e por ter protagonizado vários escândalos, a infanta Eulália teve uma relação difícil tanto com a sua irmã, a infanta Isabel, princesa das Astúrias, como com o seu sobrinho, o rei Afonso XIII que a chegou a exilar durante dez anos. Também escreveu vários livros e as suas próprias memórias onde relata as suas viagens pela Europa e os conhecimentos que travou com vários monarcas do seu tempo.

Biografia editar

Infância e exílio editar

 
Eulália (1.ª esq.) com a mãe e as irmãs Paz e Pilar.

A infanta Eulália nasceu no Palácio Real de Madrid em 1864. Era a filha mais nova da rainha Isabel II e do seu rei consorte, dom Francisco de Assis de Borbón, embora a sua verdadeira paternidade tenha sido disputada. Dona Eulália parecia-se fisicamente com a sua mãe, uma vez que era loira e tinha olhos azuis, embora tivesse uma boa figura.[2] O seu carácter era independente e rebelde, e chocava directamente com o da sua irmã mais velha, a infanta dona Isabel ("la Chata"), que discutia frequentemente com ela.[3]

Recebeu a sua educação em Madrid até 1868, quando a sua mãe foi exilada devido à Revolução Gloriosa e, a partir de então, passou a ser educada em privado em Paris e, posteriormente, no Colégio do Sagrado Coração na capital francesa. A jovem Eulália instalou-se, juntamente com a mãe e as irmãs Paz e Pilar, no Palácio de Castilha, situado na avenida Kléber de Paris.[4]

Apesar do seu irmão Afonso XII ter ascendido ao trono espanhol em 1874, após a renuncia da sua mãe no ano anterior e a queda da Primeira República Espanhola, a infanta e as suas duas irmãs não puderam regressar a Espanha antes até 1876. Por outro lado, a sua irmã mais velha, a infanta Isabel, condessa viúva de Girgenti, pôde regressar a Madrid onde desempenhou as funções próprias de uma rainha consorte até ao casamento do rei. A sua mãe, a rainha Isabel II, continuou a residir permanentemente em Paris por insistência do governo espanhol, embora fizesse visitas esporádicas a Espanha.

Casamento editar

 
Eulália com o seu futuro marido, António de Orleães e Bourbon.

Após o falecimento do seu irmão, Afonso XII, Eulália era a única das suas irmãs que continuava solteira: Isabel era viúva e não desejava voltar a casar-se, Paz estava casada com o seu primo, o príncipe Luís Fernando da Baviera e Pilar tinha morrido repentinamente aos dezoito anos, em 1879. Como parte de uma promessa que tinha feito ao falecido rei, a infanta casou-se contra a sua vontade e por razões de Estado, no dia 6 de Março de 1886, em Madrid, com o seu primo direito, António de Orleães e Bourbon, futuro duque de Galliera, filho de António de Orleães, duque de Montpensier e da infanta Luísa Fernanda de Bourbon e neto do rei Luís Filipe de França.

Do matrimónio nasceram dois filhos, além de uma menina que nasceu morta em 1890:

Não demorou até o matrimónio da infanta se desfazer. A sua separação no dia 31 de Maio de 1900 originou um escândalo na corte madrilena, embora já fosse sabido que tanto dom António como dona Eulália tinham amantes. Dos dois filhos que teve com o seu marido, o primeiro, dom Afonso, casou-se em 1909, não sem suscitar grande controvérsia, com a princesa britânica Beatriz de Saxe-Coburgo-Gota, enquanto o segundo, Luís Fernando, teve uma vida muito agitada que acabou prematuramente.

Personalidade editar

 
Eulália de Espanha, pintada pelo rei Carlos I de Portugal.

Dona Eulália gostava de viajar e durante um tempo esteve a viver em Paris, numa residência para senhoras que pertencia à mãe Lorgia, já que não podia manter uma casa sua. Durante as suas viagens pela Europa conheceu e travou amizade com o rei Carlos I de Portugal (no livro "La Infanta Republicana", o autor José María Zavala sugere que eram amantes), o czar Nicolau II da Rússia e o kaiser Guilherme II da Alemanha de quem ficou muito amiga.

Publicações editar

Eulália foi também autora de um livro intitulado "Au Fil de la Vie", publicado em 1911 em França com o pseudónimo de 'condessa de Avila', que foi proibido em Espanha por ordem do seu sobrinho, o rei Afonso XIII, por ser uma obra de carácter feminista e demasiado modernista. A infanta também publicou um livro de memórias nos anos 30. Antes, em 1915, publicou em Inglaterra "Court Life From Within", e em Dezembro de 1949 "Cartas a Isabel II (A minha viagem a Cuba e aos Estados Unidos)" onde se reúnem sessenta cartas que a infanta escreveu à sua mãe durante uma viagem oficial a Cuba, Porto Rico e Estados Unidos em 1893. O livro foi editado pela Editorial Juventud de Barcelona, a mesma que em Julho de 1958 reeditou as suas memórias na colecção "Z".

Viagem à América e últimos anos editar

Em 1893, a rainha regente Maria Cristina pediu-lhe que representasse a coroa espanhola numa viagem oficial a Cuba, Porto Rico e Estados Unidos (Washington DC, Nova Iorque e Chicago). A viagem durou, no total, oitenta dias, e foi um triunfo pessoal para a infanta. O seu notável savoir faire conquistou o coração das gentes daquelas terras. Por outro lado, a sua inteligência e grande poder de observação fizeram com que compreendesse a inevitável perda das últimas colónias espanholas na América e a iminente guerra cubana.

Depois de obter controlo sobre o seu dinheiro e pôde evitar as desforras do seu ex-marido que gastou uma enorme fortunas durante a duração do casamento, a infanta passou os seus últimos anos numa villa em Irún, onde viria a falecer em 1958 em plena ditadura militar franquista. Em 1942, o general Franco deu-lhe um carro e um motorista. Dona Eulália está sepultada no Panteão de Infantes do Mosteiro de São Lourenço em El Escorial.

Ancestrais editar

Referências

  1. Zavala, José María. La infanta republicana: Eulalia de Borbón, la oveja negra de la dinastía. Plaza & Janés, 2008, p. 19. ISBN 9788401305566
  2. Eulalia de Borbón, la Infanta incómoda: http://retratosdelahistoria.lacoctelera.net/post/2010/04/15/eulalia-borbon-infanta-incomoda-1 Arquivado em 25 de novembro de 2010, no Wayback Machine.
  3. Memorias de doña Eulalia de Borbón, Infanta de España. Con una introducción de Alberto Lamar Schweyer. Barcelona: Editorial Juventud ed. julio de 1958 en "Colección Z", nº 44. Reeditado; Barcelona: Editorial Juventud, 3. ed. 1987 (ISBN 84-261-0339-1)
  4. Comtesse de Avila: Au fil de la vie. Paris: Société française d'imprimerie et de librerie 1911
 
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