Fernando Echevarría

poeta português

Fernando Echevarría Ferreira GOIH (Cabezón de la Sal, 26 de fevereiro de 1929Porto, 4 de outubro de 2021) foi um poeta português.[1][2]

Fernando Echevarría
Nome completo Fernando Echevarría Ferreira
Nascimento 26 de fevereiro de 1929
Cabezón de la Sal, Espanha
Morte 4 de outubro de 2021 (92 anos)
Porto, Portugal
Nacionalidade Portugal Português
Cônjuge Flor Campino
Prémios Grande Prémio de Poesia APE/CTT (1991, 2010)

Prémio P.E.N. Clube Português de Poesia (1982, 1999)
Prémio de Poesia Luís Miguel Nava (1998)
Prémio de Cultura Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes (2005)
Prémio D. Dinis (2007)
Grande Prémio Sophia de Mello Breyner Andresen (2007)
Prémio das Correntes de Escritas (2015)

Género literário Poesia
Movimento literário Pós-modernismo
Magnum opus Obra inacabada

Biografia

editar

Fernando Echevarría Ferreira, de nome literário Fernando Echevarría, poeta português, traduzido em francês, espanhol, inglês e romeno, nasceu em Cabezón de la Sal (Santander, Espanha) em 26 de fevereiro de 1929, filho de pai português — que se exilara no país vizinho na sequência do fracasso da Monarquia do Norte — e mãe espanhola, mas aos dois anos de idade a família mudou-se para Grijó, Vila Nova de Gaia, Portugal. Em 1940, com onze anos, entrou no Colégio Cristo Rei, dos padres Redentoristas, onde permaneceu até 1946, seguindo para Espanha onde concluiu os estudos de Filosofia e Teologia em Espanha, no seminário de Astorga, após ter feito o noviciado em Nava del Rey (Valladolid).

No ano em que publicou o seu livro de estreia, Entre Dois Anjos (1956), terminou o serviço militar, em Coimbra, regressou ao Porto e começou a dar aulas no ensino secundário particular, no Colégio Externato de Gaia.

Em 1961, emigrou para Paris, França, onde se aproximou dos círculos oposicionistas portugueses aí exilados. Aderiu ao Movimento de Acção Revolucionária (MAR) estando, portanto, próximo do chamado grupo de Argel" e de Humberto Delgado que veio para Argel em 1964, vindo do Brasil, onde estava exilado. Através de Humberto Delgado aderiu à Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN), o que o levou a instalar-se na Argélia em 1963.

Fernando Echevarria, é um dos fundadores da LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária), criada em Paris conjuntamente com Emídio Guerreiro (futuro organizador do PPD/PSD), José Augusto Seabra e Hélder Veiga Pires com o fim de impedir que Hermínio da Palma Inácio fosse preso, pela polícia francesa, pelo roubo do dinheiro do Banco de Portugal da Figueira da Foz. Mas sobre isso, nunca Fernando Echevarría publicamente deu testemunho, tendo sempre preferido manter-se discreto. Três anos depois voltou para Paris, onde permaneceu exilado até 1974 e, por opção, após o 25 de Abril, recusou lugares políticos e administrativos, continuando a trabalhar como professor de francês no Centro de Orientação Social para Refugiados até perto do final dos anos oitenta, quando regressou em definitivo a Portugal, fixando-se no Porto.

Escreveu sempre em português, só ocasionalmente nas línguas espanhola e francesa, e colaborou em várias revistas como Graal, Eros, Colóquio/Letras e Limiar. Com uma extensa obra poética, depois de Entre Dois Anjos, seguiram-se em edições de autor ou de editoras diversas, os livros Tréguas para o Amor (1958), Sobre as Horas (1963), Ritmo Real (1971) — um livro de arte, com gravuras a relevo da autoria de Flor Campino, sua companheira de vida e de percurso literário —, A Base e o Timbre (1974), Media Vita (1979), Introdução à Filosofia (1981) e Fenomenologia (1984).

Após o regresso a Portugal, iniciou a sua relação editorial com as Edições Afrontamento, onde publicou desde então as obras Figuras (1987), Poesia, 1956–1979 (1989) — reedição dos livros compreendidos entre aquelas duas datas —, Sobre os Mortos (1991), Poesia 1980-1984 (1994), Uso de Penumbra (1995), Geórgicas (1998), Poesia 1987-1991 (2000), Introdução à Poesia (2001), Epifanias (2006), Obra Inacabada (2006), Lugar de Estudo (2009), Antologia (2010), In Terra Viventium (2011), Categorias e Outras Paisagens (2013) e Obra Inacabada (2 vols, 2016).

Fernando Echevarría é um dos mais premiados escritores portugueses, tendo-lhe sido outorgados o Prémio de Poesia do Pen Club de 1982 por Introdução à Filosofia; o Grande Prémio de Poesia Inasset em 1987 por Figuras; o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores em 1991 por Sobre os Mortos; em 1998 o Prémio Luís Miguel Nava por Geórgicas; também por Geórgicas, a primeira edição do Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa em 1999, atribuído pela Câmara Municipal de Faro; ainda por Geórgicas, repetiu o Prémio de Poesia do Pen Club de 1999; o Prémio Teixeira de Pascoaes, em 2002; em 2005, pelo conjunto da sua obra, foi o primeiro distinguido com o Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes, instituído pelo Secretariado da Pastoral da Cultura; o Prémio Sophia de Mello Breyner Andresen em 2007 por Obra Inacabada; ainda em 2007, o Prémio D. Dinis, da Casa de Mateus, por Epifanias; em 2010 repetiu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores por Lugar de Estudo; em 2015, recebeu o Prémio Casino da Póvoa, no festival Correntes d’Escritas, por Categorias e Outras Paisagens.

Da bibliografia passiva de Fernando Echevarría, numerosa na imprensa nacional e especializada, destacam-se a dissertação complementar de doutoramento de Maria João Reynaud — Enigma e Transparência - sobre "Uso de Penumbra" de Fernando Echevarría (1997) —, a tese de mestrado Poesia e Música: O Neobarroco em Media Vita de Fernando Echevarría (1999), de António Vilas-Boas, sob orientação de Luís Adriano Carlos, e duas obras de autoria coletiva, Uma Lavoura de Luz Interior. Uma homenagem a Fernando Echevarría. Estudos em homenagem ao poeta Fernando Echevarría nos seus 70 anos (1999) e Fernando Echevarría nos 50 anos de Vida Literária (2007), ambas editadas pelas Edições Afrontamento.

Internado durante alguns dias, acabou por morrer, aos 92 anos, no dia 4 de outubro de 2021, na cidade do Porto, onde residia.[3][4]

Entre as suas obras encontram-se:[5][6]

  • Entre Dois Anjos (1956)
  • Tréguas para o Amor (1958)
  • Sobre as Horas (1963)
  • Ritmo Real (1971)
  • A Base e o Timbre (1974)
  • Media Vita (1979)
  • Introdução à Filosofia (1981)
  • Fenomenologia (1984)
  • Figuras (1987)
  • Poesia, 1956–1979 (1989)
  • Sobre os Mortos (1991)
  • Poesia 1980-1984 (1994)
  • Uso de Penumbra (1995)
  • Geórgicas (1998)
  • Poesia 1987-1991 (2000)
  • Introdução à Poesia (2001)
  • Epifanias (2006)
  • Obra Inacabada (2006)
  • Lugar de Estudo (2009)
  • Antologia (2010)
  • In Terra Viventium (2011)
  • Categorias e Outras Paisagens (2013)
  • Obra Inacabada (2 vols, 2016).

Prémios e Condecorações

editar

Foi distinguido com:[7]

Referências

  1. «Fernando Echevarría (1929-2021): morreu o mais filosófico dos poetas portugueses». Jornal Público 
  2. «Fernando Echevarría». Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 14 de agosto de 2020 
  3. «Morreu o poeta Fernando Echevarría». Notícias ao Minuto. 5 de outubro de 2021. Consultado em 5 de outubro de 2021 
  4. «Governo lamenta "profundamente" morte do poeta Fernando Echevarría». Notícias ao Minuto. 5 de outubro de 2021. Consultado em 5 de outubro de 2021 
  5. «Obras de Fernando Echevarría - Biblioteca Nacional de Portugal». catalogo.bnportugal.gov.pt. Consultado em 5 de outubro de 2021 
  6. «Livros portugueses, livros estrangeiros, livros escolares e ebooks - Wook». www.wook.pt. Consultado em 5 de outubro de 2021 
  7. a b CMP (20 de fevereiro de 2019). «Porto lança homenagem a Fernando Echevarría no dia em que o poeta faz 90 anos». www.porto.pt. Consultado em 5 de outubro de 2021 
  8. «ENTIDADES NACIONAIS AGRACIADAS COM ORDENS PORTUGUESAS - Página Oficial das Ordens Honoríficas Portuguesas». www.ordens.presidencia.pt. Consultado em 5 de outubro de 2021 
  9. «Exposição ″Folhas de Poesia″ de Fernando Echevarría inaugurada terça-feira no Porto». TSF Rádio Notícias. 20 de fevereiro de 2019. Consultado em 5 de outubro de 2021 

Ligações externas

editar

Bibliografia

editar
  • Uma Lavoura de Luz Interior. Uma homenagem a Fernando Echevarría. Estudos em homenagem ao poeta Fernando Echevarría nos seus 70 anos (Edições Afrontamento, 1999)
  • Fernando Echevarría nos 50 anos de Vida Literária (Edições Afrontamento, 2007)
  • Sena, Jorge de - Selecção, Prefácio e Notas (1958) - Líricas Portuguesas - 3ª Série Nota: também teve residência na Viela do Assento nº 83, em Paço de Sousa, Penafiel, Portugal.


  Este artigo sobre um(a) escritor(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.