Garrafada

receita fitoterapica artesanal e milagrosa com elementos vegetais e minerais

A garrafada é uma receita fitoterápica artesanal e encantada da medicina popular formado pela mistura de elementos da floresta (vegetal e mineral) com propriedades medicinais e um solvente,[1][2] vinculado também com elementos religiosos das crenças afro-brasileiras e ameríndios (considerada popularmente encantada/milagrosa na região norte do Brasil), que busca a cura de diversos males de saúde (física, mental e, espiritual).[1]

Esta fitoterapia e os remédios populares na região Norte/Nordeste do Brasil são chamada de "solução de extração",[2] e também meizinhas, pois consiste em lambedores, garrafadas, unguentos, emplastros, banhos e, chás,[3] são mistura por infusão, decocção, ou maceração das folhas secas das ervas, raízes, cascas de plantas com um solvente em uma garrafa (geralmente vinho branco licoroso,[4] em alguns casos álcool, mel, vinagre)[2] que deve descansar por um certo tempo, para poder ser ingerida pelo usuário.[4]

A medicina popular é baseada no conhecimento empírico acumulado e no saber tradicional do consciente coletivo, com seus conhecimentos transmitidos por meio oral através de seus protagonistas,[1][2] tais como: curandeiro, benzedeira, raizeiro, pai/mãe-de-santo, catimbozeiro, juremeiro, parteira, pajés/pajoas urbanas.[1][2] No Brasil, a medicina popular é o resultado de uma série de aculturações de técnicas, que tiveram contribuição do pajé ameríndio, do feiticeiro negro e, do bruxo europeu, de tal maneira misturada que atualmente seria difícil distinguir o que é puramente indígena, negro, ou branco.[3]

Alguns autores destacam algumas garrafadas como fórmulas específicas que possuem fins terapêuticos específicos, como: borda, fígado, coração, bronquite, fraqueza sexual, purificador de sangue.[2]

Controle de qualidade editar

Mesmo sendo amplamente utilizadas como remédios caseiros, as garrafadas não são submetidas à controles de seguranças ou controles de qualidade, sendo assim elas não se enquadram oficialmente nos conceitos de medicamentos ou fitoterápicos.[2] No caso do comércio popular das plantas medicinais uma série de fatores externos e internos afetam a eficácia terapêutica das plantas medicinais, vários cuidados deveriam ser tomados para o bom tratamento da saúde do usuário, como: a identificação botânica das plantas, a possibilidade de falsificação, condições apropriadas do plantio, secagem, armazenamento e conservação. Na maioria dos casos os elementos vegetais estão disponíveis para venda sem uso de embalagem, exposto a poeira calor, humidade, insetos, e bactérias.[2]

No Brasil, em 1995, o Ministério da Saúde elaborou a Portaria MS/SNVS nº 6, regulamentando o registro de produtos fitoterápicos para uso comercial, e a RDC 26/2014 (Resolução de Diretoria Colegiada) reitera que os fitoterápicos são medicamentos.[2]

Referências editar

  1. a b c d Camargo, Maria Thereza Lemos de Arruda (2011). «A garrafada na medicina popular: uma revisão historiográfica» (PDF). Dominguezia (1): 41–49. ISSN 1669-6859. Consultado em 2 de maio de 2023. Resumo divulgativo 
  2. a b c d e f g h i Bidú, Sândila Melo Menezes (25 de julho de 2022). «Controle de qualidade de amostras comerciais de garrafadas de uma região administrativa do Distrito Federal.» (PDF). Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (UNICEPLAC). Consultado em 2 de maio de 2023. Resumo divulgativo 
  3. a b Gomes, Heloisa Helena Sucupira; Dantas, Ivan Coelho; Catão, Maria Helena Chaves de Vasconcelos. «Plantas medicinais - sua utilização nos terreiros de Umbanda e Candomblé na Zona Leste da cidade de Campina Grande - PB» (PDF). Núcleo de Estudos e Pesquisas Homeopáticas e Fitoterápicas. Biofar : revista de biologia e farmácia. Universidade Federal da Paraíba (UFPB). ISSN 1983-4209. Consultado em 2 de maio de 2023. Resumo divulgativo 
  4. a b «Folhas, raízes e cascas: aprenda a preparar diferentes tipos de chás». Brasil de Fato. Consultado em 2 de maio de 2023