A glia de 'Müller', ou células de Müller, são um tipo de células gliais retinais. Elas são encontradas na retina de vertebrados e tem papel de suporte dos neurônios da retina. Elas são o tipo de célula glial mais comumente encontrado na retina. Elas são encontradas por toda a espessura da retina neural.  

Animação em 3D de processos de células de Müller (red) interconectadas com uma célula de  microglia da retina (green).

A função principal das células de Müller é manter a estabilidade do meio extracelular através da regulação da captação de K*, captação de neurotransmissores, remoção de detritos, armazenamento de glicogênio, isolamento elétrico de neurônios e suporte mecânico da retina neural.

Papel no desenvolvimento editar

Já foi demonstrado que a glia de Müller é fundamental para o desenvolvimento da retina em camundongos, promovendo o crescimento da retina e histogênese através de um mecanismo mediado por  esterases não específico.[1] As células de Müller também podem servir como células guias para os axônios em crescimento de neurônios na retina de galinhas.[2] Estudos usando o modelo em peixe-zebra da síndrome de Usher indicam que essas células tem um papel na sinaptogênese, a formação de sinapses.[3]

Apoio neuronal editar

Relação espacial entre células de Müller e microglia

Como células gliais, a glia de Müller glia possui um papel secundário, mas importante em relação aos neurônios. Como tal, as células de  Müller são mediadores importantes da degradação de neurotransmissores (acetilcolina e GABA especificamente) e manutenão de um microambiente favorável na retina de tartarugas.[4] A glia de Müller também pode ser importante na indução da enzima glutamina sintase em embriões de galinha,[5] que é uma importante enzima na regulação das concentrações de glutamina e amônia no sistema nervoso central. A glia de Müller é, além disso, fundamental para a  a transmissão de luz através da retina de verterados devido ao seu formato único de funil e  sua orientação na retina, além de outras propriedades.[6]

Uso na pesquisa editar

A glia de Müller glia vem sendo estudada devido ao seu papel em regeneração neural, fenômeno não conhecido em humanos.[7] Estudos na área, tanto com retina de peixe-zebra[8] como de galinha[9] já foram desenvolvidos, mas com o mecanismo permanecendo obscuro. Estudos seguintes em camundongo mostraram que essas células começam a se desdiferenciar e possuem marcadores de ciclo celular sem, no entanto, completar mitose, o que indica que há um bloqueio do processo de regeneração único para  mamíferos.[10] Estudos em modelos humanos demonstraram que as células de Müller tem potencial para servirem como células-tronco para a retina de adultos[11] além de serem progenitores eficientes de bastonetes fotorreceptores.[12]

Em consequência de dano na retina, já foi mostrado, em peixe-zebra, que as células de Müller passam por desdiferenciação em células  multipotentes progenitoras. A célula progenitora pode então dividir e se diferenciar em diversos tipos de célula da retina, incluindo  fotorreceptores, que podem ter sido danificados[13] Adicionalmente, pesquisas subsequentes mostraram que a glia de Müller pode agir como coletora de luz no olho de  mamíferos, de forma análoga a uma placa de fibra óptica, afunilando a luz até os bastonetes e cones.[14]

Ver também editar

Referências

Ligações externas editar