Guerra dos Oitenta Anos
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A Guerra dos 80 anos ou Revolta Holandesa de 1568 a 1648, foi a guerra de secessão na qual as Províncias Unidas se tornaram independentes da Espanha.
Guerra dos Oitenta Anos Guerra de Independência Holandesa | |||
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Cerco de Leiden | |||
Data | 1568 – 1648 | ||
Local | Países Baixos (região) (e em suas colônias) | ||
Desfecho | Paz de Münster
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Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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(1568–1609) |
Durante essa guerra, as Províncias Unidas se tornaram, por um curto período histórico, uma potência mundial, com grande poder naval, além de se beneficiarem de um crescimento económico, científico e cultural sem precedentes.
Os Países Baixos pertenciam ao Império Espanhol, mas o Conselho de Regência de Filipe II rompeu com os nobres locais, que foram excluídos do governo. Altos impostos, desemprego e temores da perseguição católica contra os calvinistas criaram uma perigosa oposição, esmagada pelo duque de Alba em 1567 com um reino de terror e pesada tributação. Seguiu-se uma revolta liberal iniciada por Guilherme, o Taciturno, que evitou batalhas campais com as forças espanholas, explorando estrategicamente seu conhecimento da região, salvando cidades sitiadas como Leiden (1573-1574) e abrindo diques que inundaram a zona rural. O saque de Antuérpia (1576) levou a uma união temporária de todos os Países Baixos na pacificação de Gante. Os excessos calvinistas logo levaram as províncias do sul a formarem a União de Arras (1579) e a fazer as pazes com a Espanha. As províncias do norte formaram a União de Utrecht e a guerra tornou-se uma luta religiosa pela independência. Guilherme defendeu-se com ajuda estrangeira, até ser assassinado em 1584, quando a liderança passou para Maurício de Nassau e o político Van Oldenbarneveldt. As Províncias Unidas salvaram-se pelo compromisso de guerra da Espanha com a França, Inglaterra e Turquia. Um armistício (1609) foi seguido pelo reconhecimento da plena independência no Tratado de Westfália (1648).
Antecedentes da Guerra
editarNem todas as províncias neerlandesas decidiram separar-se da Espanha ao mesmo tempo. Algumas, sobretudo aquelas no que é hoje a Bélgica, nunca o fizeram.
Carlos V, Sacro Império Romano-Germânico, nasceu em Gante em 1500 e foi educado nos Países Baixos. Ele abdicou em 1556 a favor do seu filho Filipe II de Espanha, que estava sobretudo interessado no lado espanhol do Império.[1]
O Calvinismo tinha-se tornado influente nos Países Baixos. Em 1566, muitos calvinistas atacaram igrejas para destruir estátuas e imagens de santos católicos (em neerlandês: 'beeldenstorm'), que eles consideravam heréticas.
Filipe II envia em reacção o Duque de Alba, que tinha a alcunha do Duque de Ferro, com o seu exército para os Países Baixos.
A Guerra
editarEm 1568 Guilherme I de Orange (Guilherme, o taciturno), governador das províncias da Holanda, Zelândia e Utrecht, tentou afastar o altamente impopular Duque de Alba de Bruxelas. Ele não viu nisto um acto de traição para com Filipe II, e esta perspectiva é reflectida naquilo que é hoje o Hino Nacional dos Países Baixos (o Wilhelmus), no qual as últimas linhas da primeira estrofe dizem: de koning van Spanje heb ik altijd geëerd (Sempre honrei o Rei de Espanha).
Guilherme recebeu pouco apoio e teve de fugir. Os seus co-conspiradores, o Conde de Egmont e o Conde de Horne, permaneceram e Alba mandou decapitá-los. Alba também introduziu um imposto não aprovado (em neerlandês: tiende penning).
Uniões de Atrecht e Utrecht
editarA 6 de Janeiro de 1579, estimulados pelo novo governador espanhol Alexander Farnese, Duque de Parma, os estados do sul (situados hoje na sua maioria na Bélgica), assinaram a União de Atrecht expressando a sua lealdade ao Rei espanhol.[1] Nos 10 dez anos seguintes ele restabeleceria a religião católica na maior parte desta área.[1]
A 23 de Janeiro de 1579, em resposta, Guilherme uniu os estados protestantes dos Países Baixos, Zelândia, Utrecht, Guéldria e a província de Groninga na União de Utrecht. Esta União levaria mais tarde (1581) à independência de Espanha, formando as República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos (também conhecidas como os Estados Gerais ou por vezes como a República Holandesa)
Assistência do exterior
editarEm 1581, os espanhóis enviaram um exército para tentar recapturar as Províncias Unidas, com algum sucesso inicial, e a 10 de Julho de 1584, Guilherme foi assassinado.[1] Com a guerra aberta a decorrer, as Províncias Unidas pediram ajuda à França e Inglaterra, tendo mesmo oferecido a monarquia dos Países Baixos em contrapartida, o que ambas as nações declinaram.
A Inglaterra já apoiava os holandeses não-oficialmente havia já anos, e decidiu agora intervir directamente. Em 1585, de acordo com o Tratado de Nonsuch, Elizabeth I enviou Robert Dudley, conde de Leicester, para prestar assistência, com entre cinco e seis mil cavalos.
O filho de Guilherme, Maurício de Nassau, em breve contornou o conde e tomou conta dos exércitos em 1587, pelo que Leicester regressou à Inglaterra. A presença dos ingleses, que estavam para ficar até 1604, foi uma das razões que levariam ao envio da Armada Invencível contra a Inglaterra em 1588.
Sob o comando de Maurício, grande parte da área dos estados do sul revoltaram-se contra Espanha ou foram capturados pelas Províncias Unidas. A Espanha não conseguiu fazer frente aos custos financeiros do exército resultantes da perda da Armada e em 1595, com a declaração de Guerra contra a Espanha por Henrique IV de França, tornou-se financeiramente falida, o que não acontecia pela primeira vez.
As Tréguas
editarSob pressão financeira e militar, em 1598, Filipe cedeu os Estados do Sul dos Países Baixos ao arquiduque da Áustria Alberto e sua mulher Isabel,[1] na sequência do Tratado de Vervins com a França. Com isto, estava restaurado aproximadamente o território do reino da Borgonha.
Em 1604, após James I de Inglaterra se tornar rei de Inglaterra, ele concluiu a paz com a Espanha no Tratado de Londres de 1604.
1609 viu o início do cessar-fogo, chamado posteriormente de Trégua dos 12 anos, entre as Províncias Unidas e os Estados do Sul, mediado pela França e pela Inglaterra em Haia.
Retoma da Guerra
editarNo seguimento da morte de Maurício, e na falta de uma paz permanente, o seu meio-irmão Frederick Henry retomou o conflito contra o sul.
Os espanhóis enviaram em 1639 uma armada com vinte mil militares para a Flandres, que foi derrotada pelo Almirante Maarten Tromp.
Paz
editarEm 1648, a Guerra terminou com o Tratado de Münster, que fez parte da Paz de Vestfália, que também terminou a Guerra dos 30 anos.
Outros Desdobramentos
editarA Guerra dos Oitenta Anos teve grande impacto sobre a evolução da Arte da Guerra. Maurício de Nassau logrou reunir um grupo seleto de estudiosos preocupados em criar um exército capaz de vencer os famosos e compactos terços espanhóis. Destes estudos surgiu uma infantaria organizada em unidades menores, de formação tática menos profunda e com maior capacidade de fogo.
O grande teste deste novo sistema tático veio com a Batalha de Nieuwpoort, travada em 1600. O resultado deste trabalho serviu de inspiração para o rei sueco Gustavo Adolfo.