Antuérpia

capital da província de Antuérpia, Bélgica
 Nota: Para a província de Antuérpia, veja Antuérpia (província).
  Antuérpia
Antwerpen

Vista aérea de Antuérpia com a catedral ao centro

localização do município, no distrito e na província
Brasão Bandeira
Geografia
Região Flandres
Província Antuérpia
Distrito Antuérpia
Coordenadas 51°13' N, 04°23' E
Área 204,51 km²
Demografia
População
– Homens
– Mulheres
Densidade
523 248 (2018)
49,09%
50,91%
2,600 hab./km2
Faixa Etária
0–19 anos
20–64 anos
65 anos ou mais
(01/01/2006)
22,32%
58,47%
19,21%
Estrangeiros 12,41% (01/07/2005)
Economia
Desemprego 4,3% (2018)
Renda per capita 42,100
Política
Burgomestre Bart De Wever
Coalizão/partido Socialistische Partij Anders (sp.a),
CD&V, VLD
Escabinos 55
Código postal
Código postal deelgemeenten
/entités (submunicípios)

2000, 2018, 2020,
2030, 2050, 2060
2040
2100
2140
2170
2180
2600
2610
2660
em Antuérpia chamados Distritos:

Antwerpen
Berendrecht-Zandvliet-Lillo
Deurne
Borgerhout
Merksem
Ekeren
Berchem
Wilrijk
Hoboken
Outras informações
Código telefônico 03
Código NIS 11002
Website www.antwerpen.be

Antuérpia (em neerlandês e alemão: Antwerpen; em francês: Anvers) é a maior cidade da região da Flandres na Bélgica,[1] com uma população total de 514 952 (em 1 de janeiro de 2015),[2]. É conhecida como centro mundial de lapidação de diamantes e por seu porto, um dos maiores do mundo, localizado nas margens do rio Escalda. Sua área total é de 204,51 km², dando uma densidade populacional de 2 308 habitantes por km². A área metropolitana, incluindo a zona exterior suburbana, cobre uma área de 1 449 km² com um total de 1 190 769 habitantes em 2008. Os habitantes de Antuérpia são localmente apelidado Sinjoren, após o título honorífico espanhol señor. Refere-se aos nobres líderes espanhóis que governaram a cidade durante o século XVII.[3]

Antuérpia é também um município, localizado no distrito de Antuérpia, província de Antuérpia, região da Flandres.

O facto de ser considerado o centro mundial do diamante deve-se a que nessa cidade são negociados 80% dos diamantes brutos e 50% dos diamantes lapidados do mundo. De acordo com dados divulgados pelo Alto Conselho para o Diamante (HRD) em 2004, foram exportados mais de 8 mil milhões de dólares norte-americanos. Ainda de acordo com o HRD, o sector do diamante em Antuérpia movimentou nesse ano 34 mil milhões de dólares, e representou perto de 7% das exportações da Bélgica.

História editar

Origem do nome editar

De acordo com o folclore, e como celebrada pela estátua em frente ao palácio municipal, a cidade tem o nome de uma lenda envolvendo um mítico gigante chamado Antigoon que morava perto do rio Escalda. Ele cobrou um preço daqueles que atravessassem o rio, e para aqueles que se recusaram, ele cortava uma de suas mãos e atirava-a ao rio Escalda. Eventualmente, o gigante foi morto por um jovem herói chamado Brabo, que cortou a própria mão do gigante e atirou-a ao rio. Daí o nome Antwerpen, do holandês hand é mão e werpen (= arremessar), que mudou para hoje urdidura.[4]

Idade Média editar

No decorrer do século XV, o seu porto adquiriu grande relevância no comércio internacional, com a pioneira fundação de primitiva "bolsa" na cidade, que rapidamente transformou Antuérpia num dos mais bem sucedidos centros comerciais e produtores do Velho Continente. Fortes tempestades e tsunamis na costa da Flandres ocorridas em 1375-76 e em 1406 acabaram por criar um porto de abrigo profundo permitindo a chegada de grandes navios. Os primeiros capitalistas de Antuérpia foram estrangeiros, muitos deles italianos que tinham fugido à violência em Bruges - ameaçada por tentativas de anexação pela França. Duas bolsas funcionavam na cidade, a de mercadorias e a de instrumentos financeiros, como as letras de câmbio, hipotecas e certificados de aforro, uma experiência que herdara e melhorara de Bruges. Era uma cidade cosmopolita, uma comuna livre ao final da Idade Média, uma cidade de igrejas e de congregações religiosas católicas, fortemente apoiadas pela população rica.[5]

Quando os portugueses abriram a rota marítima para a Índia, Antuérpia se tornou um centro de comércio ainda mais proeminente, porque o rei de Portugal para lá enviava quase tudo que chegava a Lisboa, vindo da Ásia; as corporações da cidade compravam carregamentos inteiros que daí seguiam para o resto do mundo ofuscando o brilho comercial de Veneza. Transferiram dessa forma a feitoria que na Idade Média mantinham em Bruges. Este facto revelou-se da maior importância para a cidade. Com os portugueses, instalou-se igualmente forte colónia mercantil espanhola, passando os negócios das coroas ibéricas a fazer-se maioritariamente por aqui. Assim, ao longo do século XVI, Antuérpia tornou-se um centro da "economia do mundo". O volume de negócios financeiros era de tal monta que em 1519 a sucursal alemã a empresa Fugger emprestou mais de meio milhão de florins de ouro a Carlos V para patrocinar sua campanha a Imperador do Sacro Império Romano Germânico.

A prosperidade desta cidade prosseguiu ao longo desse século, atraindo assim inúmeros judeus, expulsos de Portugal, - na sequência da implementação de política antissemita desencadeada pelo governo português, - que buscavam nessa cidade livre grandes oportunidades de enriquecimento. Essa comunidade de exímios mercadores e artesãos enriqueceu o negócio da indústria dos diamantes e, consequentemente, a própria cidade, que passou a contar com a colaboração de artífices especializados no trato comercial.

Para além de ser um centro económico, Antuérpia era igualmente centro cultural e intelectual. Por exemplo, ali nasceu em 1599 o pintor Anthony van Dyck. No entanto, a sua pujança foi irremediavelmente abalada por problemas religiosos depois de 1567, data em que tropas espanholas saquearam a cidade. Antuérpia foi de novo atacada em 1584, sendo, dessa feita, forçada a render-se aos espanhóis em 1585.

No século XVII, mais precisamente em 1648, foi mais uma vez lesada na sequência da Guerra dos Trinta Anos. Em questão estava o Tratado de Paz de Vestfália, que determinou o encerramento do rio Escalda à navegação, o qual foi reaberto somente em 1795 pelos franceses.

Monumentos editar

 
Grote Markt - Antwerpen - België

São muito característicos desta cidade os bulevares que vieram substituir as muralhas que circundavam Antuérpia. O interior do seu núcleo histórico guarda a Catedral de Notre Dame, igreja gótica dos séculos XIV e XV, que constitui o maior templo da Bélgica, com a sua flecha de quase 122 metros. Das obras de arte mais significativas desse templo, destacam-se várias pinturas de Petrus Paulus Rubens, artista que viveu a maior parte da sua vida nessa cidade.

Outros edifícios dignos de destaque são a Igreja de São Paulo - que contém obras de Caravaggio e de Van Dyck - e a Câmara(Prefeitura), ambos terminados no século XVI. As construções medievais estão ainda presentes no lugar do mercado público. Destacam-se também os Jardins Botânico e Zoológico e o Museu de Belas Artes, onde se encontram expostas algumas das obras-primas dos mestres flamengos, reconhecidos pela sua excelência na representação de pormenores pictóricos, como sejam as joias e os tecidos, que têm uma incrível semelhança com os objectos reais, para além da qualidade da cor exibida nos seus quadros.

Esporte editar

Antuérpia realizou os Jogos Olímpicos de Verão de 1920, que foram os primeiros jogos após a Primeira Guerra Mundial e também os únicos a serem realizados na Bélgica. Os eventos de ciclismo de estrada tomaram parte nas ruas da cidade.[6][7][8]

Algumas pessoas famosas de Antuérpia editar

Cidades-irmãs editar

As seguintes cidades são cidades-irmãs de Antuérpia:

Parcerias editar

No contexto da cooperação para o desenvolvimento, Antuérpia é também ligada às cidades de:

Ver também editar

Feitoria Portuguesa de Antuérpia

Referências

  1. «Antwerp | History, Diamonds, Port, & Points of Interest». Encyclopedia Britannica (em inglês). Consultado em 8 de outubro de 2020 
  2. «Publications» (em francês). Statistics Belgium. Consultado em 4 de novembro de 2012. Arquivado do original em 13 de novembro de 2012 
  3. Geert Cole; Leanne Logan, Belgium & Luxembourg p.218 Lonely Planet Publishing (2007) ISBN 1-74104-237-2
  4. Brabo Antwerpen 1 (centrum) / Antwerpen (em neerlandês)
  5. STARK, Rodney. A Vitória da Razão. p. 187
  6. Weed, Mike (2008). Olympic Tourism (em inglês) ilustrada ed. Abingdon, Oxon: Routledge. ISBN 0750681616 
  7. «Cycling at the 1920 Antwerpen Summer Games: Men's Road Race, Individual» (em inglês). Sports-Reference. Consultado em 22 de setembro de 2014 
  8. «Cycling at the 1920 Antwerpen Summer Games: Men's Road Race, Team» (em inglês). Sports-Reference. Consultado em 22 de setembro de 2014 

Ligações externas editar

 
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