Guilherme II da Sicília

 Nota: Para outros significados, veja Guilherme II.

Guilherme II da Sicília, dito o Bom, foi um rei da Sicília entre 1166 e 1189. Sem talento para aventuras militares, recluso e amante dos prazeres da vida, ele raramente deixou sua vida palaciana em Palermo. Ainda assim, seu reinado foi marcado por uma ambiciosa política externa e uma vigorosa diplomacia. Campeão da causa papal e aliado em segredo das cidades lombardas, ele conseguiu derrotar o grande adversário da aliança, Frederico I. Na Divina Comédia, Dante Alighieri o coloca no Paraíso. Ele também foi citado por Boccaccio no Decamerão (conto V.7).

Guilherme II da Sicília
"o Bom"

Cristo coroando Guilherme II.
Mosaico na Catedral de Monreale.
Rei da Sicília
Reinado 7 de maio de 116611 de novembro de 1189
Consorte Joana da Inglaterra
Antecessor(a) Guilherme I da Sicília
Sucessor(a) Tancredo da Sicília
 
Nascimento 1155
Morte 11 de novembro de 1189 (34 anos)
Sepultado em Catedral de Palermo, Sicília
Dinastia Casa de Altavila
Pai Guilherme I da Sicília
Mãe Margarida de Navarra
Filho(s) Boemundo, Duque de Apúlia

Reinado

editar

Regência de Margarida

editar

Guilherme tinha apenas onze anos de idade quando seu pai, Guilherme I, morreu e ele foi colocado sob a regência de sua mãe, Margarida de Navarra. Até ele ser declarado adulto em 1171, o governo foi controlado pelo chanceler Estêvão du Perche (1166-1168), primo de Margarida, e depois por Walter Ophamil, arcebispo de Palermo, e Mateus de Ajello, o vice-chanceler.

Casamento e alianças

editar

Em 1174 e 1175, Guilherme concluiu diversos tratados com Gênova e Veneza e seu casamento, em fevereiro de 1177, com Joana, a filha de Henrique II da Inglaterra com Eleanor de Aquitânia marca o ápice de sua posição política na Europa. Contudo, esta não foi a primeira tentativa de casamento: uma tentativa anterior, intermediada por Bertrand II, arcebispo de Trani, de negociar a mão de uma princesa bizantina fracassou.

Em julho de 1177, Guilherme enviou uma delegação liderada pelo arcebispo Romualdo de Salerno e o conde Rogério de Andria, para assinar o Tratado de Veneza com o imperador. Para assegurar a paz, ele sancionou o casamento de sua tia, Constança, filha de Rogério II, com o filho de Frederico, Henrique, o futuro Henrique VI, exigindo que todos jurassem lealdade a ela como sucessora caso ele morresse sem herdeiros. Este passo, que seria fatal para o reino normando da Sicília, foi possivelmente dado para que Guilherme pudesse se dedicar às conquistas no exterior.

Guerras no Egito e na Grécia

editar
 
Morte de Guilherme II.
c. 1196. Iluminura do Liber ad honorem Augusti por Pedro de Eboli.

Incapaz de reviver o finado Reino da África, Guilherme dirigiu suas forças para o Egito aiúbida, de onde Saladino ameaçava o reino latino de Jerusalém. Em julho de 1174, 30 000 homens desembarcaram em Alexandria, mas a chegada de Saladino forçou os sicilianos a reembarcarem em meio a uma grande confusão[1]. Melhores condições se abriram no caos que se seguiu à morte de Manuel I Comneno (1180) na corte bizantina e Guilherme se aproveitou para reavivar a antiga disputa com o Império Bizantino. Dirráquio foi capturada em 11 de junho de 1185. Em seguida, enquanto o exército (que supostamente contava com 80 000 homens, 5 000 deles cavaleiros) marchou sobre Tessalônica, uma frota de 200 navios seguiu para a mesma cidade, capturando no caminho as ilhas do Egeu de Corfu, Cefalônia, Ítaca e Zacinto. Em agosto, Tessalônica caiu a uma ataque simultâneo das duas forças e foi saqueada, resultando em mais de {[fortmatnum|7000}} mortes entre os gregos.

O exército então marchou para a capital bizantina, mas o exército do imperador Isaac II Ângelo derrotou os invasores às margens do rio Estrimão em 7 de novembro de 1185. Tessalônica foi imediatamente abandonada e, em 1189, Guilherme assinou a paz com Isaac com base no status quo ante bellum. Ele agora estava planejando induzir os exércitos cruzados do ocidente a passarem por suas terras e parece ter tido um papel preponderante na Terceira Cruzada. Seu almirante, Margarido, um gênio naval de mesmo porte que Jorge de Antioquia, conseguiu manter o Mediterrâneo oriental aberto para os francos com apenas 60 navios e ainda forçou Saladino a recuar de Trípoli na primavera de 1188.

Em novembro de 1189, Guilherme morreu em Palermo sem deixar filhos, embora Orderico Vitalis relate a existência de um filho (que presumivelmente morreu ainda bebê) em 1181: Boemundo. O título de "o Bom" de Guilherme seu deu provavelmente menos pelo seu caráter e mais pelo fim das disputas internas durante o seu reinado.

Ancestrais

editar

Ver também

editar
Precedido por:
Guilherme I
Rei da Sicília
1166–1189
Sucedido por:
Tancredo
Precedido por:
Simão
Príncipe de Taranto
1157–1189

Referências

  1. D. E. Queller, The Fourth Crusade The Conquest of COnstantinople, 222

Bibliografia

editar