Iara

Lenda do Folclore Brasileiro.
 Nota: Não confundir com Yara (telenovela mexicana).

Iara, Uiara (do tupi y-îara, "senhora das águas") ou Mãe-d'Água é, segundo o folclore brasileiro e a mitologia tupi-guarani, uma linda sereia que vive no rio Amazonas. Sua pele é parda e ela era uma mulher de origem indígena antes de ter sido transformada em sereia.[1][2]

Iara com seu antecessor, Ipupiara
Selo brasileiro de 1974 com a representação da Iara para divulgação das Lendas Brasileiras

Lenda editar

Lendas são histórias contadas de geração para geração verbalmente e, comumente, sofrem variações. A cor de seus olhos e cabelos variam de acordo com cada versão da lenda.

Uma destas versões conta que Iara era a melhor guerreira de sua tribo e, por esse motivo, despertava inveja em seus irmãos. Certo dia, eles se juntam para tentar assassiná-la, mas Iara era mais habilidosa e acaba matando todos eles. Como castigo por matar seus irmãos, o pai de Iara a joga no encontro dos rios Negro e Solimões, porém, ela é resgatada pelos peixes e transformada em sereia por Jaci, a deusa-Lua. A partir de então, ela passa ser a protetora dos rios amazônicos, utilizando seu canto para seduzir pescadores e levá-los para o fundo do rio.[3][4]

Outras versões afirmam que cronistas dos séculos XVI e XVII registraram que, no princípio, o personagem era masculino e chamava-se Ipupiara, homem-peixe que devorava pescadores e os levava para o fundo do rio. No século XVIII, Ipupiara vira a sedutora sereia Uiara ou Iara. Pescadores de toda parte do Brasil, de água doce ou salgada, contam histórias de moços que cederam aos encantos da bela Iara e terminaram afogados de paixão. Ela deixa sua casa no leito das águas no fim da tarde. Surge sedutora à flor das águas: metade mulher, metade peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes, ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas.[5]

Alguns folcloristas acreditam que a lenda da Iara só tenha sido criada após a chegada dos europeus no Brasil, e que a Iara tenha sido inspirada nas histórias das sereias gregas e adaptada aos elementos da cultura indígena durante a época da colonização.[4][6]

Nas mídias contemporâneas editar

 
"As Iaras", escultura de bronze de Alfredo Ceschiatti, no Palácio da Alvorada, em Brasília.[3][7]

Diversos escritores notáveis da literatura brasileira já escreveram sobre Iara.

O poeta Olavo Bilac compôs o poema A Iara, no qual descreve a sereia.[8][3] José de Alencar incluiu no romance "O Tronco do Ipê" um conto sobre a mãe-d'água.[9][6] Machado de Assis cita Iara no poema "Sabina", presente no livro Americanas.[6]

Uiara também é uma das personagens em Macunaíma, de Mário de Andrade, onde ela aparece seduzindo o herói para o fundo do rio. Na adaptação para os cinemas, de 1969, Uiara é interpretada por Maria Lúcia Dahl.

Em 2021, a Netflix lançou uma série brasileira chamada Cidade Invisível, que conta com Jessica Córes interpretando Iara.[10][6]

Referências

  1. «Protetora das águas». TV Brasil. Consultado em 8 de junho de 2016 
  2. BRANDAO, Toni. A Iara. Studio Nobel, 1998. pp. 16. ISBN 8585445688
  3. a b c «Descubra a origem da lenda da Iara, a poderosa Mãe d'Água». HiperCultura. Consultado em 20 de julho de 2023 
  4. a b «Afinal quem era Iara?». PrePara ENEM. Consultado em 20 de julho de 2023 
  5. IaraSite Arte e Educação Arquivado em 15 de agosto de 2011, no Wayback Machine.
  6. a b c d Ramos Casemiro, Sandra. «A Lenda da Iara no poema "Sabina", de Machado de Assis». GEL. Consultado em 20 de julho de 2023 
  7. Portal do Planalto (10 de agosto de 2011). «Espelho d'água». Palácio do Planalto. Consultado em 8 de junho de 2016 
  8. «A Iara - Olavo Bilac». Portal São Francisco. Consultado em 8 de junho de 2016 
  9. «Iara, Rainha dos Rios». NCE/UFRJ. Consultado em 20 de julho de 2023 
  10. «Sedução, força e poder: conheça Iara, a lenda retratada em Cidade Invisível». Aventuras na História. Consultado em 20 de julho de 2023