Igreja de Nossa Senhora da Graça (Corroios)
A Igreja de Nossa Senhora da Graça ou Igreja Paroquial de Corroios é a igreja matriz da vila de Corroios, no município de Seixal, Portugal.[1]
Igreja de Nossa Senhora da Graça | |
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A Igreja de Nossa Senhora da Graça em 2018 | |
Informações gerais | |
Inauguração | c. 1369 |
Restauro | 13 de outubro de 1974 |
Função atual | Religiosa |
Website | http://www.paroquia-corroios.pt/ |
Património de Portugal | |
SIPA | 16755 |
Geografia | |
País | Portugal |
Cidade | Corroios, Seixal |
Coordenadas | 38° 38′ 31″ N, 9° 09′ 01″ O |
Localização em mapa dinâmico |
História
editarDe acordo com as Memórias Paroquiais de 1758, a fundação da Paróquia de Corroios data de 1369, durante o reinado de D. Fernando I, se bem que não se conheçam documentos originais relativos à fundação.[2]
Em 1755, a primitiva igreja de Corroios sofreu catastróficos danos durante o terramoto que se abateu sobre o país; como relata o pároco em 1758: "pelo terramoto de Novembro de 1755, cahio totalmente por terra, tinha três altares, o altar mór e dois colateraes". Desta antiga igreja restaram poucos vestígios: em 1982, aquando da realização de obras de ampliação, o Centro de Arqueologia de Almada/Ecomuseu Municipal do Seixal levou a cabo escavações que localizaram algumas fundações e muros da antiga construção, assim como um cemitério com enterramentos datados entre os séculos XV e XVII. Existe também uma lápide tumular do século XVI, conservada no interior das instalações actuais, com a inscrição "S.ª DE JOAM GLZ E SVA MOLHER E DE TODOS SEVs ERDRsO ANO DE 1567" — pertencendo, provavelmente a uma família nobre proprietária na região.[2]
Devido ao facto de os habitantes de Corroios serem, nessa época, em número reduzido, a reconstrução após o terramoto não foi imediata: em 1758 ainda só se encontrava levantada a capela-mor. Enquanto se reconstruia a igreja paroquial, foi temporariamente usada como local de culto da freguesia a capela de Santo António da Olaya, na Quinta do Rouxinol (pertencente à família Rosignol). O acabamento das obras deveu-se a algumas ofertas mais avultadas, tais como uma de D. Teodora Isabel de Lima (50.000 réis) e, em 1760, do Infante D. Pedro (96.000 réis).[2]
Em 1834, o Ministro da Justiça Joaquim António de Aguiar, "o Mata-Frades", promulga o decreto de extinção das ordens religiosas; nesta altura, a Igreja de Corroios deixa de receber o importante rendimento do Convento de São Domingos de Lisboa. A partir daí, as poucas pessoas residentes em Corroios tiveram grande dificuldade em manter o pároco e conservar a igreja, de tal maneira que o Cardeal-Patriarca D. Guilherme Henriques de Carvalho extingue a Paróquia de Corroios, alegando que "a sua Igreja se achava já tão arruinada e indecente quando foi feita a Visita Pastoral dela, que mandou intimidar os fregueses e vizinhos da mesma Igreja, para a repararem e tornarem decente, para melhor se conservarem as imagens sagradas e poder celebrar o Santo Sacrifício da Missa, sob pena de mandar secularizar a dita Igreja". A freguesia fica então incorporada na freguesia de Nossa Senhora do Monte Sião da Amora.[2]
Por Carta Régia de 27 de Junho de 1856, a Irmandade do Santíssimo Sacramento da Freguesia da Amora foi autorizada a vender o edifício da Igreja de Corroios para acorrer às despesas de reparação da Igreja da Amora. Depois de várias tentativas mal sucedidas (por não aparecer nenhum licitante), o edifício foi adquirido já em completo estado de ruína e constando só das paredes por Manuel Francisco Júnior, a 30 de Dezembro de 1907, pela quantia de 50.100 réis. Em 1924, este requereu à Câmara licença para colocar madeiramento e telhado, com a intenção de o transformar em casa de habitação e arrecadação de objectos de lavoura — a adaptação nunca se chegou a fazer, e ao longo dos trinta anos que se seguiram, foi palco das mais variadas funções: alojamento de famílias humildes, palheiro, estábulo para guardar rebanhos, recinto para apresentação de circo.[2]
O catalisador para o movimento de restauro da igreja parece ter sido quando, em 9 de Dezembro de 1946, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima esteve presente diante do edifício arruinado, onde foi recebida por muita gente da região. Ainda durante a década de quarenta, o Patriarcado de Lisboa volta a adquirir o edifício. Em Março de 1952, uma Comissão Pró-Restauro da Igreja de Corroios dirige-se ao Patriarcado para solicitar autorização para a cobertura das paredes da igreja: louvada e encorajada, a Comissão cedo angariou materiais e mão-de-obra gratuita com peditórios porta-a-porta, e espectáculos em que chegaram a participar artistas como Hermínia Silva e Eunice Muñoz.[2]
No Verão de 1957, ainda as obras não estavam concluídas, mas já lá se celebrava Missa, presidida por sacerdotes da Amora. A imagem de Nossa Senhora da Graça, coroada com fundos recolhidos em toda a comunidade, foi oferecida por volta desta altura, por Francisco dos Reis Pereira. Finalmente, a 13 de Outubro de 1974, o Cardeal-Patriarca D. António Ribeiro restaura a Paróquia de Corroios.[2] Sucedem-se, com a colaboração da Câmara Municipal do Seixal e da Junta de Freguesia de Corroios, um conjunto de obras importantes que ampliam a igreja: em 1978 constroem-se duas salas mortuárias, sacristia, e cartório; em 1982 ampliam-se as infra-estruturas da igreja com criação de espaços próprios para reuniões e catequese;[2] em 2017 amplia-se o adro, e lá se colocam 5 oliveiras lembrando os 5 mistérios do Rosário de Maria.[3]
Párocos de Corroios
editar- Pe. António Benetti C.S. (1974–1976)[2]
- Pe. Paulo Eufrásio S.J. (1976–1977)[2]
- Pe. Norberto Lino S.J. (1977–1997)[2]
- Pe. Júlio do Vale (1997–2008)[4]
- Pe. Casimiro Henriques (2008–2017)[5]
- Pe. Miguel Alves (2017–2024),[6] a partir de 2019, in solidum (Moderador)[7]
- Pe. Clemilson Bernardes da Silva (2019–2024), in solidum[7]
- Pe José Maria Furtado (2024–)[8][9]
Referências
- ↑ Ficha na base de dados SIPA
- ↑ a b c d e f g h i j k Lima, Manuel (2001). Corroios: Minha Terra co(m a)rroios 1.ª ed. Santa Marta do Pinhal: Plátano Editora. ISBN 972-770-105-1
- ↑ Casimiro Henriques (12 de abril de 2017). «Adro da Igreja renovado». Paróquia de Corroios. Consultado em 28 de março de 2018
- ↑ Casimiro Henriques (16 de março de 2015). «A nossa história». Paróquia de Corroios. Consultado em 28 de março de 2018
- ↑ «Despedida do Pároco Sr. Pe. Júlio». Junta de Freguesia de Corroios. 19 de setembro de 2008. Consultado em 28 de março de 2018
- ↑ «Tomada de posse do novo Pároco de Corroios». Paróquia de Corroios. 28 de setembro de 2017. Consultado em 28 de março de 2018
- ↑ a b «Nomeações de D. José Ornelas para a vida Pastoral da Diocese – Julho 2019». Diocese de Setúbal. 16 de julho de 2019. Consultado em 22 de agosto de 2021
- ↑ «Nomeações para o ano pastoral 2024-2025». Diocese de Setúbal. 15 de julho de 2024. Consultado em 23 de setembro de 2024
- ↑ «Tomada de Posse na Paróquia de Corroios». Diocese de Setúbal. 1 de setembro de 2024. Consultado em 23 de setembro de 2024