Nota: Para outros significados, veja Jardim botânico (desambiguação).

Um jardim botânico é um jardim dedicado à coleção, cultivo e exposição de uma ampla diversidade de plantas, identificadas de acordo com o nome botânico. Pode ter coleções especializadas em determinadas plantas, como cactos e suculentas, ervas aromáticas, plantas de determinadas regiões do mundo, ou ter ainda estufas com coleções de plantas tropicais, alpinas ou outro tipo de plantas exóticas. Entre os serviços geralmente disponibilizados para o público estão visitas guiadas, exposições educativas, exposições artísticas, salas de leitura e atuações artísticas e musicais ao ar livre.

O jardim botânico da Universidade de Pisa

Os jardins botânicos são na sua maioria geridos por universidades ou outras organizações de investigação científica, estando associados a programas de investigação em taxonomia ou outros aspetos de ciência botânica, para os quais contam com um herbário. Por princípio, o seu papel é a manutenção de coleções documentadas de plantas vivas com a finalidade de investigação científica, conservação, exposição e educação, embora isto dependa dos recursos disponíveis e do interesse particular de cada jardim botânico.

Os jardins botânicos modernos têm origem nos jardins medicinais medievais europeus, denominados jardins dos simples, o primeiro dos quais fundado durante o Renascimento italiano no século XVI. Com a importação de novas plantas e exploração de territórios fora da Europa, a partir do século XVII, a botânica foi-se gradualmente afirmando como uma ciência independente da medicina. No século XVIII, os botânicos implementaram sistemas de nomenclatura, os quais eram muitas vezes mostrados nos canteiros de jardins com propósitos educativos. A partir do século XVIII, com o desenvolvimento do comércio de espécies botânicas, começaram a ser implementados jardins botânicos nos trópicos.

Enquanto instituições culturais e científicas, ao longo dos anos os jardins botânicos deram resposta às necessidades da botânica e horticultura. Na época contemporânea, para além da vertente científica os jardins botânicos aproveitam a forte ligação com o público em geral para fornecer aos visitantes informação relativa às questões ambientais do século XXI, em particular as que estão ligadas à conservação e sustentabilidade.

História editar

O jardim botânico mais antigo de que se conhece representação é o Jardim Real de Tutemés III (r. 1479–1425 a.C.), que foi idealizado por Nekht, chefe-jardineiro dos jardins ligados ao Templo de Carnaque. Apesar da beleza destes Jardins, pensa-se que a sua importância se deve a motivos económicos. No entanto, pode-se considerar que os chineses foram os verdadeiros inventores do conceito de jardim botânico, uma vez que se comprova que os colectores de plantas eram enviados para partes longínquas e as plantas que traziam consigo eram cultivadas pelo seu valor económico e medicinal.[carece de fontes?]

Durante o século XIII, Alberto Magno escreveu De Vegetabilis et Plantis e De animalibus. Este autor deu especial relevância à reprodução e sexualidade das plantas e animais. Tal como Roger Bacon, seu contemporâneo, Alberto Magno estudou intensivamente a natureza, utilizando de modo intensivo o método experimental. Em termos do estudo da botânica, os seus trabalhos são comparáveis, em importância aos de Teofrasto. O surgimento de jardins botânicos e disciplinas universitárias dedicadas ao seu ensino foi uma consequência natural deste movimento.

 
Plano primitivo do Jardim de Lineu. Uppsala, 1675

Em 1533, na cidade de Pádua, surge o primeiro professor de botânica e a primeira disciplina de botânica — Lectura Simplicium. Segue-se um florescimento de jardins botânicos. Os mais famosos foram os de Pisa, Pádua, Bolonha, Leida, Leipzig, Basileia, Montpellier e Paris. Como mencionado anteriormente, estes jardins botânicos, denominados hortus medicus, hortus academicus ou jardins de plantas medicinais, surgiram com o objectivo de auxiliarem o ensino da matéria médica e de fornecerem as boticas. Com a expansão geográfica europeia eles foram utilizados para o estudo botânico das novas espécies vegetais exóticas. A sua importância foi notória por permitirem o estudo e fornecimento das farmácias em espécies locais devidamente controladas, e posteriormente o estudo e aclimatação de espécies exóticas provenientes do novo mundo. No entanto, por razões sazonais ou geográficas, era impossível ter as plantas vivas para serem estudadas. Para fazer face a este problema, tornou-se corrente o recurso à herborização, uma técnica conhecida desde o século XIV, mas difundida a partir do Orto dei Simplici de Pisa desde a década de 1530, como o nome de hortus siccus.

A evolução dos jardins botânicos e a dos herbários foi simultânea e inseparável. A necessidade de estudar a flora natural acompanhou a evolução das técnicas de herborização e a colecção das espécies em herbário, numa primeira fase sob a forma de livro com indicações terapêuticas e numa fase mais recente sob a forma organizada de espécies de plantas devidamente descritas e conservadas, que por sua vez levou a uma constante preocupação em obter espécies de plantas vivas que pudessem ser observadas durante todo o ano e por isso mantidas e cultivadas em jardim.

Cronologia editar

Século XVI editar

- Henricus Smetius, professor de medicina, cria o hortus medicus da Universidade de Heidelberg.

Século XVII editar

Século XVIII editar

Século XIX editar

Jardins botânicos históricos editar

Jardins botânicos fundados até 1900:

Alemanha
Brasil
Dinamarca
França
 
Jardin du roi, gravura de Frédéric Scalberge (1636)
Grã-Bretanha
Holanda
Itália
 
O Jardim Botânico de Pádua (ou Orto dei Semplici); ao fundo, a Basílica de Santo António
Portugal
 
O jardim botânico de Lineu
Suécia

Classificação editar

Existem vários tipos de jardins botânicosː[1]

  • Jardins clássicos, com o objectivo de dar a conhecer diferentes tipos de plantas ou promover acções de educação ambiental e que geralmente são públicos;
  • Jardins ornamentais, de grande beleza, podem possuir ou não programas de pesquisa, educação ou conservação. Alguns desses jardins são particulares mas alguns jardins municipais também entram nessa categoria.
  • Jardins de conservação, maioritariamente criados com o intuito de conservar localmente algumas espécies de plantas, grande parte desses jardins têm um papel importante na educação pública.
  • Jardins universitários, mantidos por universidades para ensino e pesquisa. Muitos estão abertos ao público.
  • Jardins naturais ou silvestres, na sua maior parte são criados com objectivos de conservação e desenvolvimento de actividades educacionais para o público.

Referências

  1. Botanic Gardens Conservation International, 2000
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