Orundellico, conhecido como Jeremy Button ou Jemmy Button (1815–1864), foi um nativo fueguino yagane da ilhas da Terra do Fogo, na atual Argentina e Chile. Ele foi levado para a Inglaterra pelo capitão do HMS Beagle Robert FitzRoy e se tornou uma celebridade por certo período.

Jemmy Button antes e depois de sua ocidentalização, ilustração por Fitzroy em Narrative (1839)

HMS Beagle editar

 
O HMS Beagle, ao centro, por Owen Stanley (1841)

Em 1830, o capitão Robert Fitzroy no comando da primeira expedição do famoso Beagle, levou um grupo de passageiros indígenas fueguinos depois que um dos barcos foi roubado.[1] Jemmy Button recebeu um pagamento de um botão de madrepérola, e então nomeado com o nome ocidental. Não é claro se sua família aceitou de bom grado a venda de Jemmy ou se simplesmente desistiram de mantê-lo. Fitzroy decidiu levar quatro fueguinos a Inglaterra a fim de "se tornarem intérpretes úteis, e por isso significa estabelecer uma ponte amigável entre os ingleses e nativos". O capitão demonstrou grande preocupação pelos quatro, alimentado-os melhor que seus próprios homens e os convertendo para o cristianismo para beneficiar a condição religiosa de seu povo.

Os nomes dos fueguinos dados pela população eram: York Mister, Jemmy Button, Fuegia Basket (uma garota) e Boat Memory. O nome nativo de cada um deles era respectivamente: el'leparu, o'run-del'lico e yok'cushly. Boat Memory morreu de varíola pouco após sua chegada na Inglaterra, e seu nome yagane se perdeu.

Chegada na Inglaterra editar

O Beagle chegou em Plymouth após sua primeira expedição em meados de outubro de 1830. Os jornais não tardaram de publicar detalhes dos visitantes yaganes e eles se tornaram celebridades. Em Londres, eles encontraram o Rei Guilherme IV. Fuegia Basket, a jovem garota, recebeu uma touca da própria Rainha Adelaide.

Retorno a Patagônia editar

Um ano depois, Fitzroy retornou para a região nativa dos três fueguinos que sobreviveram, custeando o caro percurso. Essa, que seria a segunda expedição do HMS Beagle, trouxe o jovem naturalista Charles Darwin.

Com a dificuldade de falar e aprender a língua e os costumes, Jemmy resignou dos hábitos e roupas ocidentais. Meses depois de sua chegada, já se encontrava magro, sem qualquer roupa excluindo uma tanga e de cabelo comprido. Recusou uma segunda ida para a Europa, motivo especulado por Darwin por sua "jovem e formosa esposa".[2] Aparentemente, Jemmy chegou ensinar um pouco de inglês para seus familiares.[2]

Massacre da Baía de Wulaia editar

 
O povo fueguino em uma negociação com os patagônios, ilustração por Fitzroy em Narrative (1839)

Em 1855, um grupo de cristãos missionários da Sociedade Patagônica de Missionários visitaram a Baía de Wulaia através da Ilha Navarino, com o objetivo de saber se ao menos Jemmy conseguia pronunciar algo em inglês. Pouco anos depois em 1859, um outro grupo de missionários foram mortos pelos yaganes, supostamente com a liderança de Jemmy e sua família. Ele visitou a Ilha Keppel e forneceu evidências no inquérito do massacre. Jemmy negou qualquer responsabilidade

Morte editar

Em 1863, o missionário Waite Stirling visitou a Terra do Fogo e restabeleceu contatao com Jemmy; a partir dai as relações como os yaganes melhoraram. Em 1866, após a morte de Jemmy, Stirling pegou um de seus filhos, conhecido por Threeboy, e o levou até a Inglaterra.[3]

Ligações externas editar

Referências

  1. Jardine, Nicholas (1996). Cultures of natural history. Cambridge: Cambridge University Press. 331 páginas. ISBN 978-0-521-55894-5 
  2. a b Darwin, Charles. The Voyage of the Beagle. [S.l.: s.n.] p. 139. Consultado em 21 de maio de 2018 
  3. Bridges, E L (2008) [1948]. The Uttermost Part of the Earth. [S.l.]: Overlook Press. ISBN 978-1-58567-956-0