João António Correia

pintor português

João António Correia (, Porto, 26 de dezembro de 1822 - , Porto, 16 de março de 1896) foi um pintor e professor português.[1][2]

João António Correia
João António Correia
Nascimento 26 de dezembro de 1822
Porto
Morte 16 de março de 1896
Porto
Sepultamento Cemitério do Prado do Repouso
Cidadania Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação pintor

Biografia editar

João António Correia nasceu no Porto, freguesia da , a 26 de dezembro de 1822. Era filho de António José Correia, negociante do ramo têxtil, e de Tomásia Rosa da Graça, residentes no já desaparecido Largo do Corpo da Guarda. O também pintor Guilherme António Correia (1829-1890) era seu irmão mais novo.[3]

Entrou como aluno voluntário na Academia Real de Marinha e Comércio, no Porto, no curso de Desenho, nos anos letivos de 1836-1837 e 1837-1838. No ano letivo seguinte, matriculou-se no 1.º ano do curso de Matemática, tendo ficado aprovado por exame final. Continuou o curso de Desenho tendo ficado aprovado e sido premiado com um desenho da réplica da estampa "Vénus ligando as asas do Amor".

Em 1839-1840 frequentou, também como aluno voluntário, a Aula de Pintura Histórica da Academia Portuense de Belas-Artes. Para além, frequentou as aulas de Anatomia Pictórica, Perspetiva Linear e Óptica, Pintura Histórica.

Na 1.ª exposição trienal de 1842 obtém o 1.º lugar no concurso trienal. A 29 de julho de 1843, enquanto frequentava o 4.º ano do curso, requereu a admissão ao concurso para o lugar de lente substituto de Desenho da Academia Politécnica. No entanto, viu a sua candidatura anulada por não ter a idade mínima exigida por lei. O lugar foi ocupado por Thaddeo Maria de Almeida Furtado. Prolongou a frequência do 5.º ano do curso de Pintura durante, como aluno voluntário, a fim de aperfeiçoar a sua formação.

Vai para Paris, através de uma subscrição particular patrocinada por um grupo de portuenses, de onde se destacava o padre Manuel de Cerqueira Vilaça Bacelar. Nesta cidade, conviveu com o pintor Théodore Chassériau (1819-1856), discípulo de Jean-Auguste Dominique Ingres (1780-1867), o qual ajudou a preparar-se para o concurso à Escola de Belas Artes de Paris. Frequentou a Academia Imperial das Belas Artes de Paris, tendo por isso contacto com as correntes artísticas que muito influenciaram a sua pintura como o classicismo, o naturalismo e o romantismo.

De volta a Portugal, em 1851, é nomeado professor substituto da Aula de Pintura Histórica da Academia Portuense de Belas-Artes. Nesta Academia e já professor (1857), introduz na Aula de Desenho Histórico, a Aula de Nu e o modelo vivo, foi ainda seu diretor entre 1882 e 1896, ano da sua morte.

Foi professor de Soares dos Reis, Marques de Oliveira, Silva Porto, Henrique Pousão, e Artur Loureiro. Pintou os retratos de Manuel de Clamouse Browne (1823-1870), sócio-fundador da Associação Comercial do Porto e de Constantino António do Vale Pereira Cabral (1806-1873), fundador do Club Portuense.

 
O Negro de João António Correia (1869).

Fez desenhos de preparação das suas telas e outros registos reveladores da sua maestria. Realizou pintura religiosa para a Igreja Matriz de Valongo (1845), designadamente dois quadros para os altares laterais representando a "Custódia adorada por Anjos" e "Cristo na Agonia" e um esboço para a tribuna da capela-mor, embora não concretizado, sobre a "Adoração dos Pastores". Estas pinturas não se encontram atualmente na Igreja. É também de sua autoria a pintura da tribuna da capela-mor da Igreja de Santo Ildefonso no Porto, datada de 1858 e designada "Santo Ildefonso adorando a Custódia".

João António Correia pintou retratos régios, como o de D. Pedro V para o Teatro Nacional de São João, já desaparecido, e os de D. Maria II e de D. Luís I para o Palácio da Bolsa (sede da Associação Comercial do Porto), assim como e auto retratos, exibidos nas trienais da APBA (um datado de 1848 e outro de 1863).

Participou nas cenografias montadas para a entrada régia no Porto de D. Luís I e D. Maria Pia, em 1863. Recorreu à técnica da litografia para retratar personalidades e litografar pinturas suas, como é o caso do retrato do músico Francisco Eduardo da Costa (1818-1855).

Produziu pintura histórica de que é exemplo a tela "Rainha Santa distribuindo esmolas aos pobres", de 1877 (Museu Nacional de Soares dos Reis), que retoma um tema muito presente na sua carreira, e "Auto de Fé", de 1869, também patente no mesmo Museu, assim como uma tela apresentada na X Exposição Trienal da APBA e transformada em litografia. A sua tela mais popular é, seguramente, "O Negro". Pintada em 1869, pertence ao acervo do Museu Nacional de Soares dos Reis. É uma tela invulgar, não só devido ao tema que é exótico, mas também à exuberância do seu tratamento.

As suas obras podem ser apreciadas em vários museus e instituições nacionais, como o Museu da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, a Casa-Museu Fernando de Castro, a Associação Comercial do Porto, a Casa-Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia, o Museu Municipal de Viana do Castelo, a Casa-Museu Almeida Moreira e o Museu Grão Vasco, em Viseu, o Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra e o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.

Autor de imensas obras, contribuiu para a renovação do retrato da segunda metade do século XIX sendo também considerado uma figura relevante da arte portuguesa oitocentista.

Faleceu à 1 hora da madrugada de 16 de março de 1896, em sua casa, o número 32 do desaparecido Largo do Corpo da Guarda, freguesia da , no Porto, aos 73 anos, sendo sepultado no Cemitério do Prado do Repouso. Nunca casou nem teve filhos.[1][4]

Referências editar

  1. a b «U. Porto - Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto: João António Correia». sigarra.up.pt. Consultado em 17 de fevereiro de 2021 
  2. «Correia, João António». www.museusoaresdosreis.gov.pt. Museu Nacional de Soares dos Reis. Consultado em 17 de fevereiro de 2021 
  3. «PT-ADPRT-PRQ-PPRT14-001-0038_m0001.tif - Registos de baptismos -». pesquisa.adporto.arquivos.pt. Consultado em 17 de fevereiro de 2021 
  4. «PT-ADPRT-PRQ-PPRT14-003-0058_m0001.TIF - Registos de óbitos -». pesquisa.adporto.arquivos.pt. Consultado em 17 de fevereiro de 2021 

Ligações externas editar