João Paes

compositor

João Carlos de Freitas Branco Paes (Lisboa, 19 de Janeiro de 1928 — Lisboa, 10 de Novembro de 2021) foi um compositor, musicólogo e crítico de música português. Foi presidente da Juventude Musical Portuguesa, Conselheiro Cultural na Embaixada de Portugal em Washington, diretor da Rádio Cultura (atual Antena 2) e diretor artístico do Teatro Nacional de São Carlos.[1]

João Paes
João Paes
Informação geral
Nome completo João Carlos de Freitas Branco Paes
Nascimento 19 de janeiro de 1928 (96 anos)
Local de nascimento Lisboa
Portugal Portugal
Morte 10 de novembro de 2021 (93 anos)
Local de morte Lisboa, Portugal
Ocupação(ões) compositor, musicólogo

Foi compositor de música original para filmes do realizador Manoel de Oliveira como "Benilde ou a Virgem Mãe" (1974), "Amor de Perdição" (1976-1978), "Francisca" (1980), "O Sapato de Cetim" (1984-1985), "O Meu Caso" (1986).[2]

Destacou-se pela composição da cine-ópera "Os Canibais" (1988), realizada por Manoel de Oliveira e considerada um importante marco na história da ópera e do cinema. O filme foi nomeado para a Palma de Ouro do Festival de Cannes[3], nomeado para três categorias no European Film Awards[4], obteve o Prémio especial da crítica na Mostra Internacional de Cinema de  São Paulo[5], o Prémio Âge d’Or, pela Cinemateca de Bruxelas[6], foi nomeado para melhor filme e galardoado com o prémio de melhor banda sonora original no Festival Internacional de Cinema da Catalunha de 1988.[7]

Biografia editar

João Carlos de Freitas Branco Paes nasceu em Lisboa, em 19 de janeiro de 1928, formou-se em Engenharia Eletrotécnica, pelo Instituto Superior Técnico, e privilegiou sempre a atividade no campo da música, tendo sido aluno de composição de Joly Braga Santos (1924-1988), por sua vez um discípulo de seu tio, o compositor Luiz de Freitas Branco (1890-1955).

Durante a década de 1960, fez crítica de cinema para a revista O Tempo e o Modo e para o Jornal de Letras e Artes.

João Paes foi diretor artístico do Teatro Nacional de São Carlos entre 1974 e 1981[1], tendo aberto o palco do teatro lírico a óperas contemporâneas do século XX, como "Lulu", de Alban Berg (em 1980 e 1981), "Billy Budd", de Benjamin Britten (em 1979), "The Midsummer Marriage" de Michael Tippett (em 1979), "Os Diabos de Loudun", de Krzysztof Penderecki (em 1976), e "Elegy for Young Lovers", de Hans Werner Henze (em 1975)[8]. Também a ele se devem estreias, produções e presenças que ficarão na história como "Il Trovatore" de Giuseppe Verdi (em 1978), "O anel do Nibelungo" (em 976) e Parsifal (em 1980) de Richard Wagner. Assinou também a encenação de duas óperas de Giuseppe Verdi, La forza del destino (em 1980) e Macbeth (em 1981)[8].

Promoveu a estreia de óperas portuguesas como "Canto da Ocidental Praia", de António Victorino d'Almeida, em 1975, "Em Nome da Paz", de Álvaro Cassuto, em 1978, e a "Trilogia das Barcas", de Joly Braga Santos, em 1979.

No Teatro Nacional de São Carlos tomou a iniciativa de promover os ensaios gerais de portas abertas e de realizar sessões comentadas, em colaboração com a Juventude Musical Portuguesa, no contexto dos "ciclos de música viva". Foi também durante a sua direção que este teatro acolheu o pianista Bill Evans, num concerto histórico do compositor de "Waltz for Debby", acompanhado pelo contrabaixista Eddie Gomez, em 1975, que foi igualmente o primeiro concerto deste teatro na área do jazz.

Foi Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal em Washington, D.C., nos Estados Unidos da América, a partir de 1982.

Como compositor, destaca-se em particular o trabalho como autor de música original para filmes de Manoel de Oliveira como "Benilde ou a Virgem Mãe" (1974), "Amor de Perdição" (1976-1978), "Francisca" (1980), "Le Soulier de Satin" (1984-1985), "O Meu Caso" (1986) e "Os Canibais" (1988)[2], a ópera que compôs e dedicou ao realizador, que este transpôs para cinema e pela qual recebeu o prémio de melhor banda sonora original no Festival Internacional de Cinema da Catalunha, em Espanha.[7] Foi também consultor musical do cineasta em filmes como "O Passado e o Presente" (1971).[2]

Durante a década de 90 fundou a Orquestra Régie-Sinfonia, foi diretor de programação musical da Lisboa 94 - Capital Europeia da Cultura, membro do Conselho Nacional de Cultura, de 1994 a 1998, e presidente ou membro do júri de concursos internacionais de Canto, Composição e Direção de Orquestra, em concursos realizados em Portugal, Espanha, França, Itália e Suíça. Foi também um dos principais colunistas do Jornal Público como crítico de música.

Em meados da década de 90 assumiu a direção da Rádio Cultura (designação da Antena 2 durante a sua gestão, que manteve durante dois anos), somando já nessa altura perto de três décadas de atividade na rádio portuguesa, tanto na produção e realização, como no trabalho de expansão da rede de emissores e retransmissores em Portugal.

João Paes era neto do antigo Presidente da República Portuguesa e matemático Sidónio Paes (1872-1918) e sobrinho do maestro Pedro de Freitas Branco (1896-1963). Era tio do compositor e pianista de jazz Bernardo Sassetti (1970-2012).

Obras Musicais editar

Música para Cinema editar

Referências editar

  1. a b «João Carlos de Freitas Branco Paes 1928 - 2021». TNSC Teatro Nacional de São Carlos. Consultado em 5 de abril de 2024 
  2. a b c «João Paes | Composer, Music Department, Actor». IMDb (em inglês). Consultado em 5 de abril de 2024 
  3. «Cannes Film Festival (1988)». IMDb. Consultado em 5 de abril de 2024 
  4. «European Film Awards (1988)». IMDb. Consultado em 5 de abril de 2024 
  5. «São Paulo International Film Festival (1988)». IMDb. Consultado em 5 de abril de 2024 
  6. «The avant-garde legacy of Jacques Ledoux - CINEMATEK». cinematek.be. Consultado em 5 de abril de 2024 
  7. a b «Sitges - Catalonian International Film Festival (1988)». IMDb. Consultado em 5 de abril de 2024 
  8. a b «João Paes – Meloteca». www.meloteca.com. Consultado em 11 de abril de 2024 

Ligações externas editar