Joaquim Serrão da Silva Correia

Joaquim Serrão da Silva Correia (Odemira, 12 de Fevereiro de 1944) é um engenheiro e administrador de empresas português.

Joaquim Serrão da Silva Correia
Nascimento 12 de Fevereiro de 1944
Odemira
Nacionalidade Portuguesa
Alma mater Instituto Superior Técnico
Ocupação Engenheiro electrotécnico e administrador de empresas

Biografia editar

Frequentou o Instituto Superior Técnico, onde concluiu a licenciatura em engenharia electrotécnica.[1] Participou igualmente no Programa de Alta Direcção de Empresas, da Associação de Estudos Superiores de Empresa.[1]

Em 12 de Fevereiro de 1987, foi nomeado como vogal da empresa EDP - Electricidade de Portugal por uma resolução do Conselho de Ministros, estando então a laborar na divisão portuguesa da Renault.[2] Por despacho de 31 de Maio de 1988, foi exonerado da posição de membro do conselho de administração da EDP, a seu pedido.[3] Posteriormente alcançou a posição de presidente do conselho de administração da EDP,[4] que manteve até 1995.[5] Durante o seu mandato, destacou-se por ter sido o principal responsável pela profunda reestruturação e cisão da empresa, que conduziu à criação do Grupo EDP (1994)[6] , no seguimento do decreto lei nº 7/91 de 08 de Janeiro, uma vez que realizou aquele processo sem comprometer a operacionalidade da empresa.[7] Este foi um importante passo na evolução da EDP, que levou à sua subdivisão em catorze entidades autónomas, tendo envolvido cerca de 16 mil trabalhadores.[8] O modelo orgânico do Grupo EDP constituído, traduzindo a desverticalização das principais atividades da empresa, produção, transporte e distribuição, teve um enorme impacto na reorganização do Sistema Elétrico Nacional (SEN), levando a que este tivesse que definir com clareza as bases de funcionamento dos dois subsistemas integrantes do sector elétrico ( O SEP-Sistema Elétrico de Serviço Público e o SEI- Sistema Elétrico Independente) [9][10].

Também exerceu esta posição nas firmas Nelson Quintas Telecomunicações,[11] Compal e Sensafruit (joint-venture entre a Compal e o Grupo Osborne),[1] Finangeste,[12] tendo sido igualmente vogal no conselho de administração da Vista Alegre Atlantis até 30 de Junho de 2009.[13]

Em 27 de Abril de 2001 foi eleito como presidente da empresa ParaRede para o triénio de 2001 a 2003, substituindo Carlos Coelho Campos.[11] Quando o gestor entrou na empresa, esta encontrava-se quase numa situação de falência, motivo pelo qual iniciou um amplo programa de reestruturação, centrado principalmente na redução de despesas.[14] Porém, este processo revestiu-se de uma forte polémica, tendo o jornal Público anunciado em 14 de Maio de 2002 que dois administradores tinham-se demitido devido à instabilidade na equipa de gestão da empresa, e que em breve Joaquim Correia também provavelmente iria apresentar a sua demissão.[15] Com efeito, na manhã do dia 18 de Junho de 2002 o Jornal de Negócios noticiou que Silva Correia tinha apresentado a sua renúncia ao cargo, na sequência do final do acordo parassocial entre os accionistas de referência (os fundadores, o Central Banco de Investimento, Banco Espírito Santo, e o Banco Português de Investimento).[16] Silva Correia afirmou que tomou esta decisão como forma de dar «legitimidade ao grupo de accionistas para escolherem o que queriam».[16] Porém, na assembleia geral da ParaRede, realizada no mesmo dia, Silva Correia acabou por ser reconfirmado como presidente da companhia até 2003, tendo sido igualmente reduzido o número de membros do conselho de administração.[16] Esta medida foi justificada por Silva Correia como parte da «própria operacionalidade da empresa», tendo acrescentado que «Nós fazemos reestruturação para racionalizar, e o próprio nível de condução da empresa também consegue funcionar com menos pessoas».[16] Em 28 de Fevereiro de 2003, foi substituído por Paulo Ramos como presidente da ParaRede,[17] embora tenha-se mantido comissão executiva, no posto de presidente, como administrador não executivo.[18] Paulo Ramos deixou fortes críticas ao processo iniciado pelo seu antecessor, tendo-o classificado como uma «reestruturação cega», que estava a encaminhar a empresa para uma equação indeterminada de zero custos e zero receitas.[19] Porém, a conduta de Joaquim Correia foi defendida em 2004 pelo Jornal de Negócios, que recordou a situação fragilizada em que se encontrava a empresa quando entrou para a presidência, e afirmou que o gestor tinha ampla experiência neste tipo de programas, considerando que «licenciou-se na sua vida profissional em processos de reestruturação».[14]

Em 15 de Agosto de 2003 foi nomeado como presidente da empresa Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB),[20] responsável pela Barragem de Cahora Bassa, em Moçambique.[21][22] Em 2004 foi entrevistado pela Agência Financeira na sequência do interesse que a EDP demonstrou em participar no capital da empresa moçambicana, tendo classificado esta declaração da EDP como «Positiva quer para Moçambique, quer para Portugal, porque evidencia a efectiva valia eléctrica que Cahora-Bassa tem e um papel, diria, muito importante na África Austral em termos de produção hidroeléctrica», tendo acrescentado que «do ponto de vista da HCB, existindo concordância de que, depois de Moçambique ter uma posição expressiva no capital da HCB, e existindo espaço para acomodar outros interessados, seja a EDP, sejam outros interessados nacionais ou estrangeiros, são bem vindos».[23] Foi o último administrador português daquela empresa, por força da reversão da HCB para o Estado Moçambicano,[24] tendo sido substituído em 2007 por Paulo Muxanga, antigo ministro dos Transportes e Comunicações.[25] Entretanto, em Julho de 2004 tornou-se presidente da Sogrupo, empresa de informática do grupo da Caixa Geral de Depósitos, por apontamento do então presidente executivo da CGD, Luís Mira Amaral.[21]

Referências

  1. a b c «Membros do Conselho de Administração e da Comissão Executiva» (PDF). Relatório de gestão - Exercício de 2008. Vista Alegre Atlantis. 2009. p. 86. Consultado em 18 de Dezembro de 2023 
  2. PORTUGAL. Resolução do Conselho de Ministros de 12 de Fevereiro de 1987. Presidência do Conselho de Ministros. Publicado no Diário da República n.º 46, Série II, de 24 de Fevereiro de 1987.
  3. PORTUGAL. Despacho conjunto de 31 de Maio de 1988. Presidência do Conselho de Ministros e Ministérios das Finanças e da Indústria e Energia. Publicado no Diário da República n.º 136, Série II, de 15 de Junho de 1988.
  4. «Relatório e documentos de prestação de contas do exercício de 1991». EDP - Electricidade de Portugal. 1992. Consultado em 18 de Dezembro de 2023 – via Fundação EDP 
  5. MARTINS, Adelaide; GOMES, Delfina; OLIVEIRA, Lídia (2016). Impression management in the president’s letter: The case study of EDP (PDF) (Tese). Universidade Portucalense. p. 7. Consultado em 20 de Dezembro de 2023 
  6. Portuguesa, Radio Televisão (1994). «Formação do Grupo EDP». Consultado em 28 de janeiro de 2024 
  7. «Augusto Vaz: uma trajetória profissional dedicada ao Laboratório da EDP e à afirmação da LABELEC como unidade empresarial prestigiada no seio do Grupo» (PDF). Informarep (47). Associação de Solidariedade Social dos Trabalhadores e Reformados da EDP e da REN. 2019. p. 1. Consultado em 20 de Dezembro de 2023 
  8. «Reestruturação da EDP». Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira: Ano de 1994. Lisboa: Edições Zairol. 1995. p. 489. ISBN 9729362-10-6 
  9. Português, Governo (27 de julho de 1995). «Dl nº 182/95_Bases da organização do Sistema Elétrico Nacional (SEN)». Consultado em 28 de janeiro de 2024 
  10. Prof Santana, ERSE. «ERSE_A NOVA ORGANIZAÇÃO DO SECTOR DO SECTOR ELÉCTRICO» (PDF). Consultado em 28 de janeiro de 2024 
  11. a b LEITE, Bárbara (28 de Abril de 2001). «Silva Correia eleito novo presidente da ParaRede». Jornal de Negócios. Consultado em 18 de Dezembro de 2023 
  12. «Relatório e contas do exercício de 2009» (PDF). Lisboa: Finangeste - Empresa Financeira de Gestão e Desenvolvimento. Fevereiro de 2010. Consultado em 18 de Dezembro de 2023 
  13. Agência Lusa (15 de Maio de 2009). «Presidente da mesa, vogal do Conselho Fiscal e ROC renunciam a cargos na Vista Alegre». Público. Consultado em 18 de Dezembro de 2023 
  14. a b «As heranças pesadas». Jornal de Negócios. 15 de Março de 2004. Consultado em 20 de Dezembro de 2023 
  15. CAMPOS, Alexandra (14 de Maio de 2002). «Demitiram-se dois administradores da Pararede». Pùblico. Consultado em 27 de Dezembro de 2023 
  16. a b c d LEITE, Bárbara (18 de Junho de 2002). «AG da ParaRede aprova redução de membros do CA; Silva Correia reconduzido até 2003 (act)». Jornal de Negócios. Consultado em 20 de Dezembro de 2023 
  17. RAMALHETE, Vera (16 de Setembro de 2015). «Da OPV da ParaRede à OPA da Glintt». Jornal de Negócios. Consultado em 20 de Dezembro de 2023 
  18. Agência Lusa (28 de Fevereiro de 2003). «Paulo Ramos nomeado presidente da ParaRede». Público. Consultado em 20 de Dezembro de 2023 
  19. «Paulo Ramos arrasa herança deixada por Silva Correia na ParaRede». Jornal de Negócios. 12 de Março de 2004. Consultado em 27 de Dezembro de 2023 
  20. Hidroeléctrica de Cahora Bassa, S. A.. Empresas - Registo comercial. Publicado no https://files.dre.pt/gratuitos/3s/2005/06/2005d116s002.pdf Diário da República n.º 116], Série III, de 20 de Junho de 2005.
  21. a b «Mira Amaral recupera ex-presidente da ParaRede». TVI. 16 de Julho de 2004. Consultado em 18 de Dezembro de 2023 
  22. Agência Lusa (26 de Outubro de 2007). «Um ano depois, pouco mudou na Cahora Bassa». Público. Consultado em 18 de Dezembro de 2023 
  23. MARTINS, Paula (4 de Maio de 2004). «Hidroeléctrica de Cahora-Bassa veria com bons olhos entrada da EDP no seu capital». TVI. Consultado em 20 de Dezembro de 2023 
  24. Agência Lusa (25 de Novembro de 2007). «Administração foi sempre assegurada por portugueses». Rádio Televisão Portuguesa. Consultado em 27 de Dezembro de 2023 
  25. «Paulo Muxanga é o novo presidente do conselho de administração». Rádio Televisão Portuguesa. 28 de Novembro de 2007. Consultado em 18 de Dezembro de 2023 


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