José Palla e Carmo

escritor português

José Sesinando Palla e Carmo (Lisboa, 1923 - 1995), conhecido como José Palla e Carmo, foi um escritor, ensaísta, crítico, tradutor e especialista de literatura anglófona. Assinava os seus textos humorísticos como José Sesinando.

José Palla e Carmo
Nome completo José Sesinando Palla e Carmo
Nascimento 1923
Lisboa
Morte 1995 (72 anos)
Nacionalidade Português
Ocupação Escritor, ensaísta, crítico, tradutor
Principais trabalhos A Poesia Norte-Americana Contemporânea

Biografia editar

Filho de Vítor Manuel do Carmo e de sua mulher Virgínia Ramos Palla. Era irmão do arquitecto e fotógrafo Victor Palla, nascido em 1922.

Cursou Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, mas nunca exerceu a advocacia. Foi funcionário do Banco Português do Atlântico, onde Vasco Vieira de Almeida o nomeou director do departamento de relações internacionais.

Ainda estudante de Direito, escreveu com Luiz Francisco Rebello a peça surrealista A invenção do guarda-chuva (1944), obra antecipadora do teatro do absurdo, nomeadamente de Eugène Ionesco, cuja primeira peça, “A Cantora Careca”, é de 1950. A invenção do guarda-chuva só seria publicada em 1999, no volume I de Todo o Teatro de Luiz Francisco Rebello[1], sendo posta em cena nesse mesmo ano em Lisboa pelo Teatro Nacional D. Maria II, 55 anos depois de uma primeira representação no Liceu Charles Lepierre[2].

Foi co-fundador do PEN Clube Português (1974).[3] Foi dirigente do PEN Clube Português no primeiro quinquénio da organização legalmente constituída (1979-1984).[4]

Participou no I Congresso dos Escritores Portugueses (Lisboa, Biblioteca Nacional, 10-11 de Maio de 1975), organizado pela Associação Portuguesa de Escritores, com uma comunicação intitulada "Crítica textual".[5]

Foi membro da Comissão Cultural Literária da Sociedade Portuguesa de Autores em 1974-1976.

Após a revolução de 25 de Abril de 1974, foi presidente da primeira assembleia de freguesia (1976-1979) de Santa Isabel, em Lisboa.

Foi dado o seu nome a uma rua em Foros de Amora, Seixal.

Traduções editar

Traduziu poesia de Ezra Pound (Poemas escolhidos, Lisboa: D. Quixote, 1986), William Carlos Williams, Lawrence Ferlinghetti (Como eu costumava dizer, Cadernos de Poesia n.º 22, Lisboa: D. Quixote, 1972), Allen Ginsberg (Uivo e outros poemas, Cadernos de Poesia n.º 26, Lisboa: D. Quixote, 1973) e T. S. Eliot (Antologia Poética, Lisboa: D. Quixote, 1988).

Traduziu teatro de John Osborne (O tempo e a ira, Lisboa: Minotauro, 1945).

Juntamente com Victor Palla, traduziu contos de H. G. Wells e Somerset Maugham[6].

Traduziu Teoria da Literatura, de René Wellek e Austin Warren (Lisboa: Europa-América, 1ª ed. 1962, 5ª ed. 1980).

Organizou, traduziu e anotou Polícias e ladrões: uma antologia de contos policiais e de mistério (Coimbra: Coimbra Editora, 1957).

Colaboração em publicações periódicas editar

Colaborou em "Altura - Cadernos de Poesia" (1945)[7], em "Europa - Jornal de Cultura" (1957), no suplemento "Artes – Letras – Ciências" da revista "Litoral" (1959), no "Jornal de Letras e Artes" desde o seu início (1961), na revista "Almanaque" (1959-1961) e na revista "Colóquio/Letras".

Colaborou na revista "O Tempo e o Modo", nomeadamente com estudos sobre o romance português (n.º 2, Fevereiro de 1963), o lugar-comum na literatura (n.º 5, Maio de 1963), a obra de José Cardoso Pires (n.º 11, Dezembro de 1963), a cultura e a cultura de massa (n.º 20-21, Outubro-Novembro de 1964), a poesia de T. S. Eliot (n.º 24 e 25/26, Fevereiro e Março/Abril de 1965), a poesia de Ezra Pound (n.º 30, Setembro de 1965), a crítica e o público (n.º 38/39, Maio-Junho de 1966), a obra A Imitação dos Dias, de José Gomes Ferreira (n.º 42, Outubro de 1966) e sobre teatro (n.º 50/51/52/53, Junho a Outubro de 1967).

Colaborou desde o primeiro número (3 de Março de 1981), no JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias, com uma coluna intitulada “Escrituralismo”, assinada por José Sesinando, e crítica literária assinada por José Palla e Carmo. A colaboração de José Sesinando para o JL foi reunida no volume Obra Ântuma (1986).

Livros e ensaios em livros editar

José Palla e Carmo editar

  • "Uma apresentação de Graham Greene", prefácio-ensaio a Os melhores Contos de Graham Greene. Lisboa: Arcádia, 1960, pp. 7-30.
  • "O romance norte-americano contemporâneo", in VVAA, O romance contemporâneo. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Escritores, 1964.
  • Prefácio-ensaio a Ruben A., A Torre da Barbela. Lisboa: Parceria A. M. Pereira, 1966.
  • A poesia norte-americana contemporânea. Lisboa: Movimento, 1966.
  • Do livro à leitura: ensaios de crítica literária. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1971.
  • Apreciação literária in António Pinto Rodrigues (ed.), Antologia poética juvenil de S. Tomé e Príncipe. Lisboa: s.n., 1977.
  • Posfácio a Ruben A., Kaos. Lisboa: INCM, 1981.

José Sesinando editar

  • Olha, Daisy: 50 variações sobre o soneto já antigo de Fernando Pessoa. Lisboa: Aquasan, 1985.
  • Obra Ântuma. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1986.

Frases e aforismos de José Sesinando editar

“Foi Copérnico quem primeiro viu a estrela pular.” “Os terroristas raciocinam por explosão de partes.” “O Adágio de Albinoni, depois de muito tocado na rádio, tornou-se um adágio popular.” “Vá de metro, Satanás!” “Os conferencistas ateus não têm Papas na língua.” “É vidente: mente, evidentemente.” “Você sabe onde é que o Alberto moravia?” “Quem não tem um Rolls, rói-se.” “Os tecnocratas estão classificados por ordem analfabética.” “Tudo leva a crer que os 12 Pares de França, quando visitaram Portugal, pernoitaram na Casa dos 24.”

Ligações externas editar

Referências

  1. Rebello, Luiz Francisco. Todo o Teatro Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1999. ISBN 972-27-0950-X.
  2. Luiz Francisco Rebello no site do Camões: Instituto da Cooperação e da Língua.
  3. Lista dos Fundadores do PEN Clube Português no site do PEN Clube Português.
  4. Corpos gerentes desde 1979 no site do PEN Clube Português.
  5. "O Primeiro Congresso dos Escritores Portugueses", in Colóquio/Letras n.º 25 (Maio de 1975), p. 102.
  6. José Palla e Carmo na Porbase.
  7. Daniel Pires (1999). «Ficha histórica: Altura: cadernos de poesia (1945).» (pdf). Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1941-1974) volume II, 1.º tomo, (A-P), Lisboa, Grifo. Hemeroteca Municipal de Lisboa. p. 46. Consultado em 28 de Abril de 2014