José da Rocha Furtado

José da Rocha Furtado (União, 24 de fevereiro de 1909Fortaleza, 27 de fevereiro de 2005) foi um médico e político brasileiro, primeiro governador do Piauí eleito por voto direto após fim do Estado Novo.[1][2]

José da Rocha Furtado

José da Rocha Furtado
Governador do Piauí
Período 1947-1951
Antecessor(a) Valdir Gonçalves
Sucessor(a) Pedro Freitas
Dados pessoais
Nascimento 24 de fevereiro de 1909
União, PI
Morte 27 de fevereiro de 2005 (96 anos)
Fortaleza, CE
Alma mater Universidade Federal do Rio de Janeiro
Partido UDN
Profissão médico

Dados biográficos editar

Formado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1932 com especialização em Cirurgia Geral,[nota 1] foi chefe da clínica cirúrgica e diretor do Hospital Getúlio Vargas em Teresina e presidente do Instituto de Assistência Hospitalar, ingressando no Colégio Brasileiro de Cirurgiões em 1945.[3]

Eleito governador do Piauí via UDN em 1947,[4][5] governou o tempo inteiro em confronto com o PSD, partido majoritário na Assembleia Legislativa do Piauí e cujo candidato, Gaioso e Almendra, fora derrotado por José da Rocha Furtado.[6][nota 2] Graças ao peso de sua bancada, o PSD determinou os rumos da constituição estadual promulagada em 22 de agosto de 1947 e elegeu, por via indireta, o vice-governador Osvaldo da Costa e Silva.[7][8][nota 3] A recusa governamental em aceitar a efetivação de funcionários públicos nomeados pelo PSD antes da nova Carta Magna estadual[2] desencadeou conflitos entre situação e oposição, resultando em pedidos de intervenção federal descartados mediante acordo político. Alquebrado pelos conflitos incessantes, José da Rocha Furtado enfrentou um processo de impeachment, afinal rechaçado.

Em seu governo houve eleições municipais em 1948 e construíram a usina termoelétrica de Teresina.[9] Após deixar o Palácio de Karnak, encerrou sua incursão na política e fixou residência em Fortaleza, onde clinicou até 1988. Membro da Associação Cearense de Medicina e da Academia Brasileira de Medicina Militar, foi secretário de Saúde no governo Plácido Castelo,[3][10][nota 4] recebeu o título de cidadão cearense em 1971 e anos depois tornou-se membro emérito do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Faleceu vítima de insuficiência cardíaca.

Notas

  1. Trata-se de uma especialidade médica correspondente aos ramos da cirurgia abdominal, videolaparoscopia e cirurgia do trauma.
  2. Em 19 de janeiro de 1947, o PSD elegeu dezessete deputados estaduais no Piauí, a UDN quatorze e o PTB um.
  3. Seguiu-se a fórmula aplicada à eleição de Nereu Ramos como vice-presidente da República pela Assembleia Nacional Constituinte no mesmo dia em que promulgaram a Constituição de 1946, Osvaldo da Costa e Silva foi eleito vice-governador após promulgarem a Constituição Estadual de 1947 "em primeiro escrutínio, por absoluta maioria de votos" numa disputa onde a bancada da UDN votou em branco, de acordo com o Diário de S.Luiz.
  4. Plácido Castelo foi governador do Ceará entre 12 de setembro de 1966 e 15 de março de 1971.

Referências

  1. BASTOS, Cláudio de Albuquerque. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Piauí. Teresina; Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1994.
  2. a b BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de José da Rocha Furtado no CPDOC». Consultado em 10 de setembro de 2022 
  3. a b BASTOS, 1994, p. 235.
  4. BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais». Consultado em 10 de setembro de 2022 
  5. BRASIL. Tribunal Regional Eleitoral do Piauí. «Eleições Anteriores». Consultado em 10 de setembro de 2022 
  6. SANTOS, José Lopes dos. Política e Políticos: eleições 86. v. I. Teresina: Gráfica Mendes, 1988.
  7. BRASIL. Presidência da República. «Constituição de 1946». Consultado em 10 de setembro de 2022 
  8. Redação (26 de agosto de 1947). «Notícias do Piauí. Caderno Único, p. 03». bndigital.bn.gov.br. Diário de S.Luiz. Consultado em 10 de setembro de 2022 
  9. TAVARES, Zózimo (2018). Alberto Silva - uma biografia. 1 ed. Teresina: Bienal Editora. 304 páginas. ISBN 978-85-67525-09-9
  10. Redação (28 de fevereiro de 2005). «Alberto Silva e Mão Santa homenageiam ex-governador do Piauí». senado.leg.br. Agência Senado. Consultado em 10 de setembro de 2022