Língua azeri

idioma do ramo turcomano
 Nota: Para Azeris, veja Povo Azerbaijano.

O azerbaijano[7] ou azeri (Azərbaycan dili), é um idioma do ramo turcomano da grande família das línguas altaicas que é falado sobretudo pelos azeris, concentrados principalmente na Transcaucásia, especialmente no Azerbaijão, e no noroeste do Irã, na região conhecida como Azerbaijão iraniano. A língua tem estatuto oficial no Azerbaijão e no Daguestão (uma entidade federal da Rússia), mas não tem estatuto oficial no Irã, onde a maioria dos azeris vivem. Também é falado em graus variados menores nas comunidades azeris da Geórgia e Turquia e pelas comunidades da diáspora, principalmente na Europa e na América do Norte.

Azerbaijano

Azərbaycan dili /آذربایجان دیلی

Pronúncia:/azærbajʤan dili/
Falado(a) em:  Azerbaijão
Irã Irão
 Rússia
Total de falantes: 26 milhões[1][2][3][4][5][6]
Família: Altaica
 Turcomanas
  Oguzes
   Azerbaijano
Escrita: Alfabeto latino (Azerbaijão)
Alfabeto persa (Irã)
Estatuto oficial
Língua oficial de:  Azerbaijão

Daguestão (Rússia)

Regulado por: Azərbaycan Milli Elmlər Akademiyası
(Academia Nacional
de Ciências do Azerbaijão)
Códigos de língua
ISO 639-1: az
ISO 639-2: aze
ISO 639-3: vários:
aze — Azeri (genérico)
azj — Azeri Norte
azb — Azeri Sul

  Regiões onde o azerbaijano é língua majoritária.

  Regiões onde o azerbaijano é língua minoritária.

O azerbaijano é membro do ramo oguze das línguas turcomanas. Tem duas divisões primárias, o Azeri do norte (falado no Azerbaijão e na Rússia, baseado no dialeto de Shirvan) e do Azeri do sul (falado no Irã, com base no dialeto de Tabriz) e está intimamente relacionado com o turco, qashqai, turcomeno e tártaro da Crimeia, compartilhando diferentes graus de inteligibilidade mútua com cada uma dessas línguas.[8]

História

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A língua azeri se baseia hoje na língua oguz que se espalhou pelo sudoeste da Ásia durante a migração turcomana da Idade Média, sendo muito influenciada pelas línguas persa e árabe.

O azeri gradualmente foi substituindo as antigas línguas iranianas do norte do Irã, o azeri antigo, a língua tat, o persa medial e também, na região do Cáucaso, algumas antigas línguas caucasianas como o udi. Ficou assim dominante no período anterior ao domínio dos safávidas, embora minorias, tanto no Azerbaijão como no Irã continuassem ainda a falar antigas línguas iranianas até agora. Também muitas palavras persas mediais e novas continuam numerosas em azeri.

O desenvolvimento histórico do azeri pode ser dividido em dois períodos maiores:

  • Antigo: por volta dos séculos XVI a XVIII – que difere de seu descendente (novo) por conter uma grande quantidade de palavras, frases e elementos sintáticos vindos do persa e do árabe. Registros escritos antigos do azeri mostram também relações linguísticas com elementos de idiomas oguzes e quipchacos em aspectos como pronomes, prefixos de caso, particípios, etc.
  • Moderno: do século XVIII até à atualidade – a medida que o azeri foi deixando de ser apenas uma língua de poesia épica e poesia lírica para ser uma língua de uso prático no jornalismo e nas ciências, sua versão escrita foi ficando mais unificada e simplificada. Assim, foi perdendo muitos elementos arcaicos turcomanos, “otomanismos” e “iranianismos”, além de outras expressões, palavras e regras gramaticais que não ganharam popularidade entre as massas falantes de azeri.

Entre o início do século vinte e os anos 1930, houve muitas tentativas pelos literatos para unificação linguística no Azerbaijão. Mesmo havendo diferenças e competição entre esses estudiosos, todos eles pretendiam que mesmo as massas semialfabetizadas pudessem ler e entender literatura em azeri. Passou a ser criticado o uso excessivo de elementos persas, árabes, turco-otomanos e principalmente russos que povoavam a língua, tanto coloquial como literária. Procuravam um estilo mais simples e popular.

A conquista russa do sul do Cáucaso no século XIX dividiu a comunidade falante de azeri em dois estados, Azerbaijão e Irã. No Azerbaijão a União Soviética promoveu o desenvolvimento da língua, mas veio a atrasar esse processo com duas mudanças sucessivas de escrita: primeiro da escrita perso-árabe para o alfabeto latino e depois para o alfabeto cirílico. Mesmo com o uso significativo da língua azeri durante a era soviética, a língua se tornou oficial no Azerbaijão somente em 1978, o que também ocorreu nesse ano com as línguas naturais da Armênia e Geórgia (armênio e georgiano).

O alfabeto perso-árabe foi mantido, porém, para a língua azeri no Irã. Depois de sua independência com o fim da União Soviética, a República do Azerbaijão voltou a usar a escrita latina, nos mesmos moldes usados pela língua turca.

Literatura

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Literatura clássica do azeri se formou no século XVI com base nos dialetos “Tabriz” e “Xirvari”, com as obras dos escritores “Nazimi”, “Fuzuli” e “Khatai”. A moderna literatura do Azerbaijão se baseia somente no dialeto “Xirvari” e no Irã se baseia no “Tabrizi”. O primeiro jornal em Azeri, o “Akinchi” ou “|Əkinçi” Em meados do século XIX passou a ser ensinado em Baku, Ganja, Shaki, Tíflis (Geórgia), Erevan (Armênia). Desde 1845 começou a ser ensinado na Universidade de São Petersburgo na Rússia.

Famosas obras literárias em azeri são “O livro de Book of Dede”, o “Épico de Köroğlu”, tradução de “Layla e Majnun” (Dâstân-ı Leylî vü Mecnûn), e “Heydar Babaya Salam”. Poetas e escritores da língua Azeri incluem: Imadeddin Nasimi, Muhammed Fuzuli, Hasanoglu Izeddin, Shah Ismail I, Khurshidbanu Natavan, Mirza Fatali Akhundov, Mirza Alakbar Sabir, Bakhtiyar Vahabzade e Mohammad Hossein Shahriar.

Distribuição geográfica

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O azeri é a língua oficial do Azerbaijão e alguns de seus dialetos são falados em muitas partes do Irã, sobretudo em áreas do noroeste, conhecidas como Azerbaijão do Sul ou Azerbaijão iraniano, onde é a língua dominante e também língua franca para línguas minoritárias da região, tais como o curdo, o armênio e o talish.

O Irã é lar da maioria dos falantes de azeri do mundo. A língua também é falada na república russa do Daguestão (onde é cooficial), no sudeste da Geórgia, no norte do Iraque e no leste da Turquia.

Existem cerca de 26 milhões[1][3][5] de falantes nativos de azeri (cerca de dezesseis milhões no Irã e sete milhões no Azerbaijão). É uma língua túrquica do ramo oguz, bem próxima do turco e historicamente influenciada pelas línguas persa e árabe.

Variantes

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A língua azeri setentrional é a língua oficial do Azerbaijão ISO 639-3 (azj) e Ethnologue, ou Azərbaycan dili no Azerbaijão. Essa variante é também falada na Rússia, na república do Daguestão, sudeste e leste da Geórgia, nordeste da Turquia e em alguns pontos da Ucrânia.

  • A língua azeri meridional é uma variante falada no noroeste do Irã. Os iranianos azeris chamam essa língua de azari, türki ou türki azari. Essa variante é falada principalmente nas Províncias de Leste-Azarbaijão, Oeste-Azarbaijão, Ardabil, Zanjan, em algumas regiões das Províncias de Kordestan, Qazvin, Hamadan, Gilan, Kermanshah, Qom e Markazi. Muitos Azeris vivem também em Teerã, em Karaji e em outras áreas. Em geral, os azeris sempre foram considerados como uma “minoria lingüística bem integrada”, de acordo com estudiosos como a antropóloga Patrícia Higgins. Idioma Sul Azerbaijano é como se chama essa variante ISO 639-3 do Azeri.

Distribuição das variantes

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Monumento para a língua nativa azeri em Azerbaijão.
  • Variante Norte Azeri[9]

Azerbaijão, sul do Daguestão, ao longo da costa do Mar Cáspio no sul do Cáucaso. Também falado na Armênia, Estônia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia asiática, Turcomenistão e Usbequistão.

  • Variante azeri meridional

Leste e oeste do Azerbaijão, “Ardabil”, província Zanjan, parte do Kurdestão, províncias de Hamedan, Qazvin, Markazi e Gilan; muitos nos distritos de Teerã. Há grupos de azeris na província de “Fars” e em outras no Irã. Falado também no Afeganistão, Azerbaijão, Iraque, Síria, Turquia asiática.

  • Todos os trazamzeri do Cáucaso e os do Irã

Muitas palavras oriundas do persa ou do árabe não são entendidas pelos caucasianos. Exemplo: a palavra firqə ("partido político") usada pelos azeris do Irã pode não ser entendida pelos azeris do Cáucaso onde se usa para isso a palavra partiya. O exemplo é significativo pois essa palavra foi muito usada na região desde que as duas comunidades se separaram em 1828.

A lista seguinte apresenta apenas algumas das várias perspectivas da "dialetologia" azeri, sendo que alguns dos dialetos são variantes de outros:

  • Ardabil (Ardabil, leste de Gilan, Irã)
  • Ayrum (noroeste do Azerbaijão; nordeste da Armênia)
  • Baku (leste do Azerbaijão)
  • Borchali (sul da Geórgia; norte da Armênia)
  • Derbent (sul da Rússia)
  • Gabala (Gutgashen) (norte do Azerbaijão)
  • Ganja (oeste do Azerbaijão)
  • Gazakh (noroeste Azerbaijão)
  • Guba (nordeste Azerbaijão)
  • Hamadan (Hamadan, Irã)
  • Karabakh (central Azerbaijão)
  • Karadagh (Leste e oeste Azerbaijão, Irã)
  • Kars (leste da Turquia e nordeste da Armênia)
  • Kirkuk (norte do Iraque)
  • Lankaran (sudeste Azerbaijão)
  • Maragheh (leste Azerbaijão, Irã)
  • Mughan (Salyan) (central Azerbaijão)
  • Nakhichevan (sudoeste Azerbaijão)
  • Ordubad (sudoeste Azerbaijão; sul da Armênia)
  • Shaki (Nukha) (norte Azerbaijão)
  • Shirvan (Shamakhy) (leste Azerbaijão)
  • Tabriz (leste Azerbaijão, Irã)
  • Urmia (oeste Azerbaijão, Irã)
  • Yamji (oeste Azerbaijão, Irã)
  • Yerevan (central Armênia)
  • Zagatala-Gakh (norte Azerbaijão)
  • Zanjan (província Zanjan, Irã)

Os dialetos acima apresentados eram tradicionalmente falados nessas áreas até pouco temo atrás. Como consequência do conflito de Nagorno-Karabakh praticamente todos os azeris da Armênia fugiram do país em 1991, não havendo mais falantes da língua na Armênia.

Irã: Diversos e sucessivos governos do país sempre evitaram e dificultaram a publicação de quaisquer estatísticas acerca de grupos étnicos no país. Com isso fica difícil de avaliar a quantidade de falantes de azeri, bem como de azeri étnicos.

Fonologia

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Consoantes

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Alfabetos em latim do Azerbaijão.
Fonemas consonantais em Azeri Padrão
Bilabial Labiodental Dental Alveolar Postalveolar Palatal Velar Glotal
Plosivas
africativas
p b t d ʧ ʤ c ɟ k ɡ
Nasais m n
Fricativas f v s z ʃ ʒ x ɣ h
Aproximantes l j
cons. “Tap” ɾ
  1. /ʧ/ e /ʤ/ são percebíveis como [ʦ] e [ʣ] respectivamente nas áreas de Tabriz e para o oeste, sul e sudoeste, incluindo Kirkuk no Iraque; também nos dialetos Nakhchivan e Ayrum em Jabrayil e em dialetos da costado Cáspio. Ver[10]
  2. Em outros dialetos o /c/ soa como [ç] quando no fim de uma palavra e precedidoi por consoante muda (como em çörək [ʧœˈɾæç] - "pão"; səksən [sæçˈsæn] - "oitenta").
  3. /k/ aparece somente em palavras vindas do russo ou do francês, pronunciada como /c/, com um k.
  4. /w/ exise no dialeto Kirkuk dialect como um alofone de /v/ em palavras vindas do árabe.
  5. No dialeto Baku /ov/ pode ser entendido como [oʷ], /ev/, /œv/ como [œʷ], Ex.:. /ɡovurˈma/[ɡoʷurˈma], /sevˈda/[sœʷˈda], /dœvˈran/[dœʷˈran]

Vogais

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Fonemas vogais do Azeri padrão

/i, y, ɯ, u, e, œ, o, æ, ɑ/

 

Alfabetos

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Aa Аа آ ا
Əə Әә ا ه
Bb Бб ب
Cc Ҹҹ ج
Çç Чч چ
Dd Дд د
Ee Ее ا ئ
Ff Фф ف
Gg Ҝҝ گ
Ğğ Ғғ غ
Hh Һһ ه ح
Xx Хх خ
Ыы ئ
İi Ии ی
Jj Жж ژ
Kk Кк ک
Qq Гг ق
Ll Лл ل
Mm Мм م
Nn Нн ن
Oo Оо و
Öö Өө و
Pp Пп پ
Rr Рр ر
Ss Сс س ص ث
Şş Шш ش
Tt Тт ت ط
Uu Уу و
Üü Үү و
Vv Вв و
Yy Јј ی
Zz Зз ز ذ ظ ض

Na república do Azerbaijão, a língua Norte Azeri usa hoje oficialmente o alfabeto latino, mas o cirílico ainda é muito usado no país. No Irã, o Azeri Sul usa a escrita perso-árabe. Há uma corespondência “um-a-um” entre os alfabetos latino e cirílico para o Azeri Norte, com a alfabeto cirílico não convencional.

Até 1929, Azeri era somente escrito no alfabeto perso-árabe. Entre 1929 e 1938 passou a ser usado o alfabeto latino passou a ser usado para o Norte Azeri, embora em forma ligeiramente diferente da forma usada agora. De 1938 até 1991, o alfabeto cirílico passou a ser usado. Em 1991, foi novamente adotado o alfabeto latino, porém agora em forma própria. A transição foi lenta, havendo ainda algum uso do cirílico.

Certas palavras estrangeiras são transliteradas: "Bush" fica como "Buş" e "Schröder" é escrito "Şröder".

O Azeri sul no Irã usa o perso-árabe, sem haver ainda, no entanto, uma ortografia padronizada.

Nomenclatura

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Em 1992–1993, com o “Partido da Frente Popular do Azerbaijão” no poder no Azerbaijão a língua oficial do país foi denominada pelo parlamento como Türk dili ("túrquico"). Porém desde 1994 o Soviete mudou o nome da língua para Azərbaycan dili ("azeri") para refletir a nova constituição. Varlıq, a mais importante revista literária do Irã usa a Os falantes de Azeri sul no Irã se referem ao idioma como Türki, distinguindo das denominações İstambuli Türki ("turco anatólio"), a língua oficial da Turquia.

Algumas pessoas consideram o azeri como um dialeto da grande língua turca, chamado a língua de Azərbaycan Türkcəsi (“turco azeri"). Estudiosos como “Vladimir Minorsky” usaram essa definição em seus trabalhos. ISO e Unicode Consortium chama a língua de "Azeri" e suas variantes são consideradas como and its two varieties "Nore Azeri" e "Sul Azeri". Conforme o “Linguasphere Observatory”, todas as línguas oguzes formam uma grande língua dita “externa”, sendo "Azeri-N." e "Azeri-S." línguas “internas” à mesma

Ver também

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Referências

  1. a b "Peoples of Iran" in Looklex Encyclopedia of the Orient. Retrieved on 22 January 2009.
  2. [1]
  3. a b "Iran: People", CIA: The World Factbook: 24% of Iran's total population. Retrieved on 22 January 2009.
  4. G. Riaux, "The Formative Years of Azerbaijan Nationalism in Post-Revolutionary Iran", Central Asian Survey, 27(1): 45-58, March 2008: 12-20%of Iran's total population (p. 46). Retrieved on 22 January 2009.
  5. a b "Iran" Arquivado em 11 de março de 2007, no Wayback Machine., Amnesty International report on Iran and Azerbaijan people . Retrieved 30 July 2006.
  6. Ethnologue total for South Azerbaijani plus Ethnologue total for North Azerbaijani
  7. Paulo, Correia (Verão de 2020). «As línguas da IATE — notas de tradutor» (PDF). Bruxelas: a folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 22. ISSN 1830-7809. Consultado em 16 de novembro de 2020 
  8. Sinor, Denis (1969). Inner Asia. History-Civilization-Languages. A syllabus. [S.l.]: Bloomington. pp. 71–96. ISBN 0-87750-081-9 
  9. [2]
  10. Persian Studies in North America by Mohammad Ali Jazayeri
  11. Mokari, P. G.; Werner, S. (2016). "An acoustic description of spectral and temporal characteristics of Azerbaijani vowels". Poznań Studies in Contemporary Linguistics 52 (3).

Ligações externas

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