Maria Cabral

actriz portuguesa

Maria da Conceição Gomes Cabral (Lisboa, 24 de abril de 1941Lannemezan, Altos Pirenéus, 15 de janeiro de 2017) foi uma actriz portuguesa de cinema e teatro. É considerada a actriz-símbolo do Cinema Novo português. [1]

Maria Cabral
Maria Cabral
O Cerco
Nome completo Maria da Conceição Gomes Cabral
Nascimento 24 de abril de 1941
Lisboa, Portugal
Nacionalidade portuguesa
Morte 15 de janeiro de 2017 (75 anos)
Lannemezan
Ocupação Atriz
Cônjuge Vasco Pulido Valente Correia Guedes (1964-1975, 1 filha)
Outros prémios
Prémio da Secretaria de Estado da Informação e Turismo - Melhor Atriz

Prémio da Casa da Imprensa - Melhor Atriz Prémio da Plateia - Melhor Atriz

Biografia editar

Nasceu em Lisboa, mas passou a infância e parte da adolescência em Luanda, antiga colónia portuguesa, onde o pai assegurava um posto de adido militar comercial. Estudou, graças a este, num colégio interno na África do Sul. De volta à capital, completou o curso de música no Conservatório Nacional de Lisboa e estudou filosofia na Universidade de Lisboa durante três anos. [2][3][4]

Carreira editar

Cinema editar

Foi modelo fotográfico e publicitário e apresentou diversos programas infantis na RTP, antes de fazer cinema.[5] Dos filmes, séries e curtas-metragens, portugueses e franceses, O Cerco, pelo qual recebeu os prémios da Secretaria de Estado da Informação e Turismo (SEIT), da Casa da Imprensa e da revista Plateia, para Melhor Actriz, é sem dúvida o mais emblemático. [6] É o filme símbolo do Cinema Novo. [4]

Sucesso de bilheteira e de estima em Paris como em Lisboa, foi seleccionado para o Festival de Cannes onde teria despertado o interesse de Jean-Luc Godard pela actriz. Foi a primeira portuguesa a fazer a capa da Elle francesa, em que ocupou oito páginas que atestavam a sua versatilidade. [4][7]

Maria Cabral é ainda a cara de outro filme-marco do anti-marcelismo, O Recado. Ajuda assim a criar o Cinema Novo que dela não se dissocia.Torna a colaborar com Cunha Telles em Vidas (1984) e a concentrar a emoção em Um Adeus Português. No Man's Land (1985) de Alain Tanner volta a revelar ao público parisiense a invulgar fotogenia da «luminosa» actriz portuguesa. [8]

Teatro editar

Foi viver para Paris nos anos 70 com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para estudar com Andréas Voutsinas, antigo professor do Actor's Studio, recomendada por Peter Brook. [2][4]

Passaria a residir nesta capital onde participou, entre outras experiências teatrais mais convencionais, entre elas, Les Comptoirs de la baie d'Hudson, de Jacques Guimet, que inaugurou o Nouveau Carré de Silvia Monfort em 1974).[9] Nas longas performances de Bob Wilson, trabalhando com os discípulos franceses e portugueses deste encenador (Serge Ducher, Miguel Yeco). Formou-se ainda (1978-1979) no teatro Nhô e Kabuki com Shiro Daimon que acompanhou em tournée (festival de Zurique). [3]

Vida Privada editar

Foi casada (1964-1975) com o historiador oxoniano, e colunista político, Vasco Pulido Valente, com quem teve uma filha, a crítica literária sorboniana Patrícia Cabral. [10][11][4]

 
Por João Cutileiro (1966)

Em França, nasceu um segundo filho, natural, Matias Gomes Cabral (Paris, 5 de junho de 1980).

Converteu-se ao Budismo Tibetano nos anos 70. Durante um retiro budista instalou-se, perto do último companheiro, nos Altos Pirenéus, e definitivamente depois da exigente experiência de Um Adeus Português. Viveu rodeada de livros e de música, que tocava em vários instrumentos e apreciava com ouvido absoluto.

Morreu perto de Tarbes, em Lannemezan, localidade de que não gostava particularmente, dos efeitos colaterais de uma longa doença a que resistiu com estoicismo. [4][Nota 1] Adorava a liberdade e a espiritualidade das altas regiões montanhosas em que residia. Saía muitas vezes em randonnée.

Filmografia editar

A sua filmografia é composta por: [3][12][13]

Filmes editar
Séries editar

Referências

  1. «Morreu a atriz Maria Cabral, símbolo do Novo Cinema Português». TSF Rádio Notícias. 16 de janeiro de 2017. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  2. a b «Maria Cabral - Pessoas Cinema Português». cinemaportuguesmemoriale.pt. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  3. a b c Nascimento, Frederico Lopes / Marco Oliveira / Guilherme. «Cinema Português - Maria Cabral». CinePT-Cinema Portugues. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  4. a b c d e f Andrade, Joana Amaral Cardoso, Sérgio C. «Morreu Maria Cabral, "rosto e símbolo" do Cinema Novo». PÚBLICO. Consultado em 10 de fevereiro de 2017 
  5. Portugal, Rádio e Televisão de. «Morreu a atriz Maria Cabral». Morreu a atriz Maria Cabral. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  6. «Maria Cabral, uma actriz luminosa (1941-2017)». www.sabado.pt. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  7. Barros, Eurico de. «Maria Cabral, a diva fugaz do Novo Cinema português». Observador. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  8. Portugal Século XX — Portugueses Célebres, Círculo de Leitores, 2002
  9. «Les Comptoirs de la baie d'Hudson». Les Archives du Spectacle. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  10. Pitta, Eduardo (16 de janeiro de 2017). «Da Literatura: MARIA CABRAL 1941-2017». Da Literatura. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  11. «O MacGuffin: Entrevista a Vasco Pulido Valente». contra-a-corrente.blogspot.com. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  12. «Maria Cabral - Pessoas Cinema Português». cinemaportuguesmemoriale.pt. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  13. «Maria Cabral». MUBI 
  14. Portugal, Rádio e Televisão de. «Vidas - Filmes - RTP». www.rtp.pt. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  15. No Man's Land (em inglês), consultado em 8 de dezembro de 2021 

Notas editar

  1. A maioria das fontes indica que morreu em Paris, citando informação inicial da Academia Portuguesa de Cinema.

Ligações externas editar

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