Pariato da França

 Nota: Este artigo é sobre os Pares do Reino no Antigo Regime. Para os títulos nobiliárquicos franceses de forma geral, veja Nobreza da França.

O Pariato da França (Pairie de France, em francês) refere-se ao sistema de titulações dos Pares do Reino criados durante a vigência do Reino da França, originalmente de 987 a 1792. O Pariato francês foi uma hierarquia de distinção dentro da própria nobreza da França cujas origens remontam à década de 1180, durante o reinado de Luís VII. , sendo este considerado por alguns historiadores como o criador do sistema pariato francês.

Elementos heráldicos de um Duque que era igualmente "Par de França". Nota-se a coroneta, manto heráldico e os colares das Ordens do Rei.

Durante o Antigo Regime, o título de "Par de França" (Pair de France) era reservado aos mais altos membros da nobreza francesa. Neste aspecto, o pariato francês distingue-se de outros sistemas nobiliárquicos europeus, nos quais o título de nobreza equivale automaticamente à condição de "Par do Reino". Na França monárquica, no entanto, a maioria dos detentores de títulos de nobreza não eram considerados Pares do Reino. De forma geral, o título era concedido diretamente pelo Rei de França a um seleto grupo de nobres (duques e condes) e Príncipes da Igreja Católica Romana. A condição de Par do Reino era designada a soberanos de algumas jurisdições territoriais específicas, sejam estas uma sé episcopal (governada por "Pares Eclesiásticos") ou um feudo (governado por um Par "secular"). Os títulos de Pares do Reino que governavam feudos e regiões seculares eram transmitidos por sucessão hereditária, sendo estes nomeados pairie-duché e pairie-comté.

O Pariato de França foi abolido em 1792 juntamente com a própria instituição monárquica mediante ao estabelecimento da Primeira República Francesa e foi restabelecido somente com a Restauração Bourbon em 1814. Neste período mais recente, os Pares do Reino passaram a constituir a Câmara dos Pares, a câmara alta do Parlamento da França. Em 1831, durante a Monarquia de Julho, os pares hereditários foram abolidos definitivamente.

Pariato da França

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Os Pares do Reino

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Durante o reinado de Luís VII, teve origem a tradição monárquica de conferir o título de "Par do Reino" a determinados nobres e vassalos do Rei de França. Embora originalmente conferido por vontade direta do monarca, o título de Par de França normalmente era um reconhecimento formal de serviços notáveis em nome da Coroa francesa e ao acúmulo de poder regional seja por quantidade de territórios governados ou poderio militar daquele nobre específico.

A distinção de Par do Reino era ligada cultural e politicamente a uma jurisdição territorial específica. Os denominados "pariatos episcopais" eram aquelas correspondentes a circunscrições eclesiásticas da Igreja Católica cujo governante (normalmente um bispo ou arcebispo) era membro da nobreza e, igualmente, nomeado Par de França pelo monarca. Por outro lado, haviam ainda os "pariatos seculares" que eram os territórios governados por nobres sem qualquer ligação formal com o clero católico.

O Pariato francês foi legitimado pela primeira vez em 1216. À ocasião, o Pariato era composto por nove Pares do Reino, dentre os quais cinco eram "pares eclesiásticos" e os quatro restantes eram considerados "pares seculares". Em 1228, com o acréscimo do Bispo de Laon, o Conde de Flandres e o Conde de Toulousse, o Pariato de França passou a ser composto por doze membros da nobreza francesa.

Pariato do Reino de França
Pares eclesiásticos Duques Arcebispo-Duque de Reims
Bispo-Duque de Laon
Bispo-Duque Langres
Condes Bispo-Conde de Beauvais
Bispo-Conde de Châlons
Bispo-Conde de Noyon
Pares seculares Duques Duque da Normandia
Duque da Aquitânia
Duque da Borgonha
Condes Conde de Flanders
Conde de Champanhe
Conde de Tolouse

Estes doze pariatos ficaram conhecidos como "pariatos anciões" (pairie ancienne) para distingui-los de outros pares criados por monarcas franceses no decorrer da história do Antigo Regime. A quantidade exata de doze Pares do Reino é tida por alguns historiadores como uma alusão simbólica aos Doze Paladinos de Carlos Magno nas míticas canções de gesta. Entretanto, cabe ressaltar que o pariato francês em seu sentido literal e moderno foi formado séculos depois do reinado de Carlos Magno e durante o século XIII.

De acordo com o cronista e historiador Mateus de Paris, o Duque da Normandia e o Duque da Aquitânia possuíam uma distinção mais elevada com relação ao Duque da Borgonha. Isto evidencia que o Pariato francês tomava como base critérios diversos de precedência nobiliárquica, em oposição a outros sistema de pares de outras monarquias que utilizam normalmente a data de criação daquele título como critério. Séculos mais tarde, ambos os ducados foram absorvidos pela Coroa francesa por ausência de herdeiros diretos, tornando o Duque da Borgonha o título mais elevado e respeitado.

Pares do Reino de França (1200–1792)
Armas Título Data de criação Primeiro titular Tipo
1   Arcebispo-Duque de Reims 1200,
por Filipe II
Guilherme das Mãos Brancas Eclesiástico
2   Bispo-Duque de Langres 1179,
por Luís VII
Gauthier da Borgonha Eclesiástico
3   Bispo-Duque de Laon 1200,
por Filipe II
Roger de Rozoy Eclesiástico
4   Bispo-Conde de Beauvais 1200,
por Filipe II
Filipe de Dreux Eclesiástico
5   Bispo-Conde de Châlons 1200,
por Filipe II
Rotrou de Perche Eclesiástico
6   Bispo-Conde de Noyon 1200,
por Filipe II
Étienne de Nemours Eclesiástico
  Duque-Pariado de Saint-Cloud 1674,
por Luís XIV
François Harlay de Champvallon Eclesiástico
7   Duque da Normandia 1189,
por Filipe II
Ricardo Plantageneta Secular
8   Duque da Aquitânia 1180,
por Filipe II
Ricardo Plantageneta Secular
9   Duque da Borgonha 880,
por Luís III
Ricardo de Autun Secular
10   Conde de Flandres 1195,
por Filipe II
Balduíno de Hainaut Secular
11   Conde de Champanhe 1197,
por Filipe II
Teobaldo de Champanhe Secular
12   Conde de Tolouse 1194,
por Filipe II
Raimundo de Toulouse Secular

Notas

Ver também

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