Quilombo Sambaíba

patrimônio localizado no Brasil
 Nota: Para a comunidade homônima em Tanque Novo e Macaúbas, veja Comunidade quilombola Sambaíba.

Sambaíba é um povoado e comunidade remanescente de quilombo, população tradicional brasileira, localizada no município brasileiro de Caetité, na divisa com Igaporã e Riacho de Santana, na Bahia, situada a cerca de 80 km da sede municipal,[1] tendo sido a primeira das mais de duas dezenas de comunidades naquela cidade a obter o reconhecimento oficial.[2]

No ano de 2017 a comunidade sediou o "VIII Encontro de Comunidades Quilombolas de Caetité", promovido com o apoio da Prefeitura Municipal em parceria com a UNEB e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Caetité, naquele ano com o tema “Consciência Negra: Saberes e Sabores dos Quilombos” e, no dizer de Willian Silva, "A missão principal do encontro é a junção dessas comunidades e promover a interação entre elas, bem como fortalecer os laços históricos e lutar para que os seus direitos seja assegurados".[2]

Reconhecimento editar

Esta comunidade teve o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação publicado em 2009 (etapa da regularização fundiária) no INCRA e foi registrada pelo IBGE sob número 2905206.[3] Através da Portaria 82/2010 da Fundação Cultural Palmares, obteve a certificação e registro no Livro de Cadastro Geral n.º 12 daquela entidade.[4]

Histórico e descrição editar

Segundo relato feito em 2017 pelo ancião Silvano Silva, o nome advém da árvore sambaíba (Curatella americana) cuja madeira tem várias utilidades, e mesmo a folha áspera serve para se lavar objetos de barro. Em seu relato registrou a pesquisadora Luciete Bastos: "Sambaíba tem mais de duzentos anos. Ouvi dizer que os escravos fugitivos das fazendas do município vizinho Igaporã, fizeram morada de primeiro na Fazenda Mocambu. Uma mulher chamada Maria Grossa caçou resenha com alguns companheiros e foi embora, indo procurar outro lugar para morar. Acabou tomando posse das terras perto de um rio, onde, muito nos antigamente tinha peixe, hoje tá sequinho. Depois, chegou mais famílias de pretos. O rio que secou é esse no fundo da casa de comadre Bela, vai lá olhar, desses primeiros negro nasceu todos nós de Sambaíba. Mais nós não tem parente escravo não".[5]

No centro da comunidade está a Escola Municipal Vinte e Cinco de Dezembro.[1] Fazendo parte da bacia do São Francisco, está situada num ambiente de caatinga, sujeita portanto às secas recorrentes e a um bioma que, embora tipicamente brasileiro, não tem sido protegido: mesmo a árvore que dá nome ao lugar só havia um exemplar remanescente, em 2017.[5]

Ver também editar

Referências

  1. a b «Escola da Comunidade Quilombola de Sambaíba celebra o 13 de maio». Prefeitura de Caetité. 16 de maio de 2018. Consultado em 20 de dezembro de 2023. Cópia arquivada em 20 de dezembro de 2023 
  2. a b Tiago Marques; Willian Silva (8 de novembro de 2017). «Caetité: prefeitura realiza VIII Encontro de Comunidades Quilombolas». Agência Sertão. Consultado em 21 de dezembro de 2023. Cópia arquivada em 15 de novembro de 2017 
  3. INCRA. Acompanhamento dos processos de regularização quilombola. 11.08.2023. Acesso em: 19/09/2023.
  4. Edvaldo Mendes Araújo (6 de julho de 2010). «PORTARIA Nº 82, DE 30 DE JUNHO DE 2010». Diário Oficial da União. Consultado em 21 de dezembro de 2023 
  5. a b Bastos, Luciete de Cássia Souza Lima (2020). «Nas trilhas do Quilombo Sambaíba: : etnografia de um saber-fazer que se transforma». UESB: ODEERE: Revista do Programa de Pós-Graduação em Relações Étnicas e Contemporaneidade, 5(9), 49-81. Consultado em 21 de dezembro de 2023. Cópia arquivada em 20 de setembro de 2020