Religião na Islândia

A religião na Islândia começou com o paganismo nórdico que era uma crença comum entre os escandinavos medievais, até a conversão cristã. Mais tarde, o país tornou-se meio cristão e, em seguida, quase que plenamente cristão. Esta cristianização crescente culminou no pietismo, período em que atividades não cristãs eram desencorajadas. Atualmente, a população é esmagadoramente Luterana. No entanto, batistas, luteranos, Testemunhas de Jeová e outras minorias cristãs existem. A segunda maior religião após o cristianismo é o neopaganismo germânico. Uma pesquisa da ''Gallup'' realizada em 2011 constatou que 60% dos islandeses consideram a religião algo não importante em suas vidas diárias, uma das mais altas taxas de irreligião do mundo.[1]

A Reforma editar

Durante a Reforma, a Islândia aprovou o luteranismo. Dois homens locais, Oddur Gottskálksson e Gissur Einarsson, tornaram-se discípulos de Lutero e logo conseguiram seguidores, especialmente após o rei Cristiano III da Dinamarca e Noruega declarar sua conversão para o luteranismo e começar a impor a mudança no seu reino.

A Reforma mostrou-se mais violenta na Islândia que na maioria das terras governadas pela Dinamarca, em parte devido à resistência de dois bispos católicos proto-nacionalistas, Jón Arason e Ögmundur Pálsson, que quase fizeram o país chegar ao ponto de uma guerra civil; tudo isso contra os esforços de Cristiano em promover a Reforma na Islândia. Ögmundur foi deportado pelas autoridades dinamarquesas, em 1541, mas Arason decidiu lutar. A Reforma efetivamente terminou em 1550, quando seus líderes foram capturados depois de serem derrotados na Batalha de Sauðafell por forças leais em Dadi Guðmundsson. Arason seguiu vitorioso no Catolicismo Romano, junto a toda a Islândia.



 

Religião na islândia (2012)

  Luteranos (80%)
  Outros protestantes (3.8%)
  Católicos (3.4%)
  Outros cristãos (1.0%)
  Sem filiação (5.2%)
  Outros (6.6%)

Com o Catolicismo fixado no país, o luteranismo foi proibido, e as propriedades da igreja Luterana foram assumidas pelos governantes Católicos da Islândia.

Até que em 1850 a igreja de Martim Lutero retoma suas atividades mínimas, sem muita repercussão, quase invisível.

Pietismo editar

 
Igreja Luterana de arquitetura tradicional em Hellnar, Snæfellsnes

A partir do século XVIII, o pietismo cresceu em importância devido à sua atividade na Dinamarca. Os pietistas expandiram a impressão de livros e a literatura para a Islândia. No entanto, a educação e alfabetização para os pietistas foi principalmente (ou exclusivamente) para ter uma função religiosa e desencorajaram qualquer outra coisa que não tivesse ligação religiosa.[2] Isso levou a incentivar uma certa rigidez na Islândia pelo desencorajamento da dança ou de outros entretenimentos.

Atualmente editar

Por volta de 283.000 islandeses (89,3% da população) são membros de congregações cristãs, dos quais a maioria (251.331 pessoas, ou 79,1%) são membros da Igreja da Islândia, a Igreja Luterana. De acordo com uma pesquisa de 2004,[3] 69,3% da população disse ser "religiosa", enquanto 19,1% disseram que não eram "religiosos" e 11,6% não foram capazes de dizer se eram ou não religiosos. Dos que disseram que eram religiosos, 76,3 por cento disseram que eles eram cristãos, enquanto 22,4 por cento disseram que eles "acreditavam à sua própria maneira".[4]

Tal como nos outros países nórdicos, a frequência à igreja é relativamente baixa, apenas 10% dos islandeses vão à igreja uma vez por mês ou mais, 43% dizem que nunca vão à igreja e 15,9% dizem que vão à igreja uma vez por ano.[5] No entanto ainda assim a frequência à igreja é maior que nos demais países nórdicos, o que faz da Islândia o país mais religioso do norte da Europa.

  • 68,05% dos Islandeses acreditam em Deus
  • 29,4% disseram não saber se acreditam ou não
  • 26,2 disseram não acreditar em Deus.

Quando perguntado para selecionar uma alternativa que melhor representou a sua opinião, 39,4% dos islandeses disseram acreditar na existência de um deus benevolente a quem se pode orar; 19,2% disseram que Deus deve existir ou então a vida seria sem sentido; 19,7% disseram que é impossível saber se Deus existe ou não; 26,2% disseram que nenhum deus existe; 9,45% disseram que Deus criou o universo e o presidiu; e 9,7% disseram que nenhum dos referidas demonstrações representou a sua opinião.[6]

Cristianismo editar

Oficialmente, a nação é religiosamente homogênea. Quase todos os seguidores religiosos islandeses são cristãos, e grande maioria destes são luteranos. A frequência à igreja, no entanto, continua baixa.[5] Ao nascer, cada criança é automaticamente inserida no grupo religioso a que os pais pertencem.

Luteranos

Estatísticas oficiais mostram os luteranos como esmagadora maioria. A igreja principal é a Igreja da Islândia que representa 76,8% da população (2012). A Igreja da Islândia é também a religião do Estado, mas a liberdade religiosa é permitida. Existem várias igrejas luteranas "livres", que assim totalizam 5,8% da população. Nos últimos anos, tem havido um aumento na proporção de fiéis ligados a essas igrejas. No total, cerca de 83% da população afirmam-se de alguma forma luteranos. No entanto, essas estatísticas são consideradas enganosas por alguns, uma vez que a maioria das pessoas são automaticamente registrados como membros da Igreja da Islândia. Estimativas indicam que 11% da população frequenta serviços religiosos regularmente e 44% vão apenas de vez em quando.

Pentecostais

Os pentecostais são o terceiro maior grupo religioso da Islândia. Há igrejas pentecostais em Keflavík, Akureyri e na capital.

Anglicanos

O anglicanismo está em uma posição incomum na Islândia. Embora significativa como uma fé a nível mundial (com 80 milhões de membros), tem uma presença limitada na Islândia e sua expansão futura pode ser limitada por sua entrada em um "acordo de plena comunhão" com a Igreja da Islândia, conhecida como o Comunhão de Porvoo. Assim, anglicanos podem efetivamente se considerarem luteranos, enquanto na Islândia, e os dois corpos têm um pleno reconhecimento entre fé e prática, a vida sacramental, e ministério um do outro. No entanto, uma única congregação anglicana se reúne mensalmente em Reykjavik, usando a igreja luterana Hallgrímskirkja para celebrar no idioma inglês, de acordo com os ritos da Igreja da Inglaterra.

Adventistas do sétimo dia

Os adventistas do sétimo dia têm algumas organizações na Islândia, e também têm uma conferência local. Gavin Anthony é uma figura de proa no adventismo na Islândia.[7]> O crescimento, contudo, tem sido estático nos últimos 10 anos e os adventistas alegam que isso é causado pelo secularismo generalizado da nação. O grupo representa menos de 0,3% da população.

Batistas

De acordo com o registro nacional da Islândia, há duas igrejas batistas: a Fyrsta Baptista Kirkjan (Primeira Igreja Batista) e Emmanúels Baptistakirkjan (Igreja Batista Emanuel).

Em 2001, os missionários Jeremy Gresham e Ben Wharton começaram um trabalho para tentar implementar uma igreja batista na área de Reykjavík, uma base de população de 200.000, que é um terço da população da Islândia. A Igreja tem crescido ao longo dos anos e agora está registrada no governo islandês. O missionário Robert Hansen está atualmente liderando a Igreja.

Outros Cristãos

De acordo com as Testemunhas de Jeová, a organização tem 348 membros na Islândia, em cinco congregações.[8]

Já a Ortodoxia Oriental, especialmente as Igrejas Ortodoxas Sérvia e Russa, têm uma pequena presença na ilha. Várias outras denominações cristãs estão representados com menos de 1.000 adeptos registados.

Católicos

 Ver artigo principal: Catolicismo na Islândia

O catolicismo romano é a maior religião não luterana na Islândia, que permanece praticada por uma pequena minoria (2,5% da população). Há uma diocese no país, a diocese de Reykjavík com Pierre Bürcher como bispo.[9] Estima-se que metade dos católicos do país são de origem estrangeira, sendo os principais grupos filipinos e poloneses. No entanto, mesmo que estes estejam excluídos, os católicos são ainda cerca de 1% dos islandeses nativos, um valor mais elevado do que para todas as outras etnias escandinavas (exceto se consideramos os escandivo-americanos).

No século XX, a Islândia teve algumas notáveis, mesmo que às vezes temporárias, conversões ao catolicismo. Por um tempo, Laxness Halldór foi católico. Embora isso não durou, seu período católico é de importância, devido a sua posição na literatura islandesa moderna. Um escritor mais resolutamente católica em islandês foi Jón Sveinsson. Ele se mudou para a França aos 13 anos e tornou-se um jesuíta, permanecendo na Companhia de Jesus para o resto de sua vida. Ele era muito querido, como autor de livros infantis (escritos em alemão) e até apareceu em selos postais.[10]

Não cristãos editar

 
Participação em religiões não cristãs registradas na Islândia. A linha vermelha representa a fé Bahá'í, a linha verde representa o neopaganismo, a linha azul escuro representa o budismo, e a linha azul representa o Islã.

Uma pequena minoria pratica uma grande variedade de religiões não cristãs, das quais, o total de membros fica em torno de 1% da população.

Paganismo

 Ver artigo principal: Ásatrúarfélagið

A partir da década de 1970, verificou-se um reavivamento do neopaganismo na Islândia, relacionado ao paganismo nórdico. Em dezembro de 2012, a Ásatrúarfélagið tinha 2167 membros registados, correspondendo a 0,68% da população total.

Fé Baha'í

A Fé Bahá'í na Islândia (em islandês: Bahá'í samfélagið á Íslandi) começou quando a estadunidense Amelia Collins visitou a Islândia em 1924, e o primeiro islandês Bahá'í foi Hólmfríður Arnadottir. A religião foi reconhecida pelo governo em 1966 e a primeira Assembleia Espiritual Nacional Bahá'í foi eleita em 1972.[11] Atualmente, há cerca de 400 bahá'ís no país, governados por 8 Assembleias Espirituais Locais. O número de assembleias tem a maior porcentagem, pela população, em toda a Europa.[11] A estudiosa dinamarquesa de religião, Margit Warburg, especula que o povo islandês é culturalmente mais aberto à inovação religiosa.[11]

Budismo

O budismo existe na Islândia desde final dos anos 70. Em 17 de junho de 1989, a Soka Gakkai International (SGI-Islândia) foi oficialmente formada e, desde então, o budismo no país alcançou quase 200 membros. Na década de 1990 outras seitas budistas foram trazidas ao país por imigrantes provenientes da Tailândia. Em 2009, havia três organizações budistas na Islândia oficialmente reconhecidas como organizações religiosas pelo governo islandês. Coletivamente, eles constituem 0,3% da população desde 2012.

Islã

A Islândia tem 351 membros da Associação de Muçulmanos na Islândia (2009). A maioria dos muçulmanos do país vive em ou perto de Reykjavík, mas há um pequeno número de refugiados muçulmanos provenientes do Kosovo em Dalvík.[12]

Judaísmo

O número de judeus é estimade em cerca de 90 membros. A população judaica não é grande o suficiente para ser registrado como um grupo religioso separado, e está listado como não especificadas / outros grupos. Não há sinagoga ou casa de oração.

Não havia população judia significativa ou emigração para a Islândia até o século XX, apesar de alguns comerciantes judeus viverem na Islândia temporariamente, por algumas vezes, durante o século XIX. A atitude e tratamento dos islandeses para com os judeus variou de simpatia por sua situação, até o ponto de acusá-los de "bolchevismo", dentre outras coisas. Embora a maioria dos islandeses lamentou a perseguição, eles geralmente recusaram a entrada dos judeus que estavam fugindo da Alemanha nazista, para que a população judia não subisse muito durante a Segunda Guerra Mundial.[13]

Hoje os judeus continuam a ser um grupo menor da Islândia. Em média, 60 pessoas frequentam as festas judaicas ocasionais ou palestras por imigrantes judeus, mas isso não reflete necessariamente a população real judaica. O Congresso Judaico Mundial não tinha números para a Islândia até 1998, sugerindo que os números eram menores que 120[14] O site da diocese católica indicou que há apenas 30 judeus na Islândia,[15] No entanto, quando o rabino Chabad realizou uma pesquisa para os judeus do país, eles entraram em contato com mais de 100 judeus que vivem na Islândia. Ainda assim, parece que a Islândia pode ter a menor população judaica do que qualquer outra nação europeia.

Apesar da pequena população, a primeira-dama da Islândia, Dorrit Moussaieff, é uma judia Bukharian e é provável que ela seja a mulher mais importante na história dos judeus islandeses. Moussaief nasceu em Israel e possui cidadanias israelense e islandesa. Ela ainda segue alguns aspectos da Judaísmo - como acender o Menorá na véspera do Chanucá e ensinar o marido sobre o feriado. Ela introduziu a cultura judaica para o país de forma positiva, a fim de combater o antissemitismo.[16]

Sem religião ou secularismo

11% dos islandeses "não acreditam em qualquer tipo de espírito, Deus ou força da vida", de acordo com um estudo do Eurobarômetro de 2004 estudo.[17] Este número é menor do que na Noruega e no Reino Unido, enquanto a crença em Deus foi expressa sobre o mesmo na Islândia como no Reino Unido e maior do que na maioria dos países da Escandinávia. Quase a maioria dos islandeses expressaram a crença em uma "força de espírito ou da vida", e não em Deus ou uma descrença generalizada.

Siðmennt[18] é a maior organização promotora do secularismo no país. É semelhante à Associação Humanista Norueguesa, da Noruega (norueguês: Human-Etisk Forbund (HEF)), embora só reivindique uma adesão de "mais de 200" membros (0,06% da população islandesa), uma proporção muito menor da nação do que a organização norueguesa. Ao contrário do HEF, o Siðmennt não é reconhecida como uma comunidade religiosa por parte do Estado e, portanto, não recebe verbas do governo, como organizações religiosas registradas recebem. As pessoas de fora das organizações religiosas ainda pagam o "imposto da igreja", mas o dinheiro vai para o estado (anteriormente era destinado à Universidade da Islândia).

Há outras instituições islandesas para os ramos seculares da sociedade, como o Samfélag trúlausra (SAMT). E há também o Vantrú, que é uma associação ateísta, que critica todas as coisas sobrenaturais.

Ver também editar

Referências

  1. [1] World View Gallup
  2. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 29 de julho de 2018. Arquivado do original (PDF) em 14 de abril de 2018 
  3. Trúarlíf Íslendinga: Viðhorfskönnun Arquivado em 9 de julho de 2011, no Wayback Machine. (2004), p. 26.
  4. Trúarlíf Íslendinga: Viðhorfskönnun Arquivado em 9 de julho de 2011, no Wayback Machine. (2004), p. 28.
  5. a b Trúarlíf Íslendinga: Viðhorfskönnun Arquivado em 9 de julho de 2011, no Wayback Machine. (2004), p. 56.
  6. Trúarlíf Íslendinga: Viðhorfskönnun Arquivado em 9 de julho de 2011, no Wayback Machine. (2004), p. 30.
  7. «Cópia arquivada». Consultado em 15 de fevereiro de 2013. Arquivado do original em 4 de dezembro de 2008 
  8. «Cópia arquivada». Consultado em 3 de setembro de 2010. Arquivado do original em 3 de julho de 2010 
  9. Cf. Holy See Press Office, Daily Bulletin of 30.10.2007, Rinunce e nomine, Rinuncia del Vescovo di Reykjavik (Islanda) e nomina del successore Arquivado em 7 de julho de 2009, no Wayback Machine. (em italiano)
  10. «Jon Sveinsson, SJ (Nonni)». Manresa-sj.org. Consultado em 6 de fevereiro de 2010 
  11. a b c Hassall, Graham; Fazel, Seena. «100 Years of the Bahá'í Faith in Europe». Bahá’í Studies Review. 1998 (8). pp. 35–44 
  12. International Religious Freedom Report 2006
  13. «Cópia arquivada». Consultado em 22 de janeiro de 2006. Arquivado do original em 22 de janeiro de 2008 
  14. «Jews by country. Definition, graph and map». Nationmaster.com. 3 de março de 2005. Consultado em 6 de fevereiro de 2010. Arquivado do original em 12 de outubro de 2008 
  15. «Cópia arquivada». Consultado em 3 de agosto de 2004. Arquivado do original em 18 de janeiro de 2006 
  16. «וואלה!». News.walla.co.il. Consultado em 6 de fevereiro de 2010. Arquivado do original em 7 de fevereiro de 2012 
  17. «Inquéritos Especiais Eurobarómetro». Ec.europa.eu. 20 de janeiro de 2010. Consultado em 6 de fevereiro de 2010 
  18. Siðmennt

Outras fontes editar