Sarah Maldoror

diretora de cinema francesa

Sarah Maldoror, (Gers, 1929Saint-Denis, 13 de abril de 2020) foi uma poeta e cineasta francesa do movimento da negritude, tendo sido uma das primeiras mulheres a dirigir uma longa-metragem num país africano.

Sarah Maldoror
Sarah Maldoror
Nascimento Marguerite Sarah Ducados
1929
Gers, França
Morte 13 de abril de 2020
Fontenay-lès-Briis
Cidadania França
Cônjuge Mário Pinto de Andrade
Ocupação cineasta
Obras destacadas Sambizanga
Causa da morte COVID-19

Percurso editar

Filha de mãe do sudoeste de França e de pai de Guadaloupe, no Caribe, nasceu em 1929 como Sarah Ducados, em Gers, e escolheu o seu nome artístico através de Les Chants de Maldoror de Lautréamont.

Em 1956 foi co-fundadora da companhia de teatro Les Griots, a primeira composta unicamente por actores negros ou afro-caribenhos. No âmbito desta companhia, encenou obras de Jean-Paul Sartre e Aimé Césaire.

Em 1961 recebeu uma bolsa da União Soviética e foi estudar cinema em Moscovo no Studio Gorki sob a direcção de Mark Donskoi, onde conheceu Ousmane Sembène.[1][2]

Após os estudos, Sarah Maldoror trabalhou no aclamado filme de Gillo Pontecorvo, A Batalha de Argel (1966), que ganhou o Leão de Ouro em 1966.[1][3] Também trabalhou como assistente do diretor argelino Ahmed Lallem.

Em 1969, realizou a sua primeira curta-metragem, com dezessete minutos de duração, que se baseia num conto do escritor angolano José Luandino Vieira, O fato completo de Lucas Matesso e tem como ambiente a cidade de Luanda.[1] O título deste filme, Monangambê, refere-se ao chamado usado por ativistas anticoloniais angolanos para avisar sobre reuniões na vila. O filme foi filmado na Argélia, em três semanas, com atores amadores - militantes do Movimento de Libertação de Angola em Argel e Brazzaville - e com o actor argelino Mohamed Zinnet. Conta a história de uma mulher em busca do seu marido preso, na cidade de Luanda.[1][4] O filme foi selecionado para a Quinzena do Diretor em Cannes em 1971, representando Angola, e para a primeira edição do Forum do Festival de Berlim.[5][6]  

Ainda neste ano colaborou com William Klein, no documentário Festival Panafricain d’Alger.[1]

A sua primeira longa-metragem, Des fusils pour Banta, sobre uma guerrilheira do PAIGC, rodada na Guiné-Bissau por encomenda do governo argelino não chegaria a ser apresentada e julga-se perdida, pois a realizadora foi expulsa do país e os materiais foram confiscados.[6]

A sua segunda longa-metragem, Sambizanga, de 1972, sobre a guerra pela independência de Angola (1961-1974), também foi baseada numa história de Luandino Vieira, A Vida Verdadeira de Domingos Xavier,[6] e contou com a colaboração de seu marido, Mário Pinto de Andrade.[7]

Em 1976 realizou Martinica, Aimé Césaire, um homem, uma terra, escrito por Michel Leiris. Em 1983, Maldoror colaborou com Chris Marker nas rodagens de Sans Soleil. [6] Em 1985 rodou mais uma longa-metragem, Le passager du Tassili.[7] Em 1986 fez Máscara das palavras, novamente sobre Aimé Cesaire.

Em 2009, realiza o seu último filme, sobre a pintora colombiana Ana Mercedes Hoyos.[7]

Prémios e reconhecimentos editar

Festivais de cinema editar

Em 2019, o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, no âmbito da 16ª edição do Festival Internacional de Cine Documental de Madrid, DocumentaMadrid, dedicou-lhe a primeira retrospectiva em Espanha sobre a sua obra, que contou com a presença da cineasta.[9][10]

Morte editar

Maldoror morreu no dia 13 de abril de 2020 em decorrência de complicações da COVID-19.[11]

Filmografia editar

  • Monangambé, 1968
  • Des fusils pour Banta (Armas para Banta), 1970
  • Carnaval na Guiné-Bissau (Carnaval na Guiné-Bissau), 1971
  • Sambizanga, 1972
  • Un carneval dans le Sahel (Carnaval em Sahel), 1977
  • Folgo, Ilha de Feu
  • Et les chiens se taisaient (E os cães ficaram em silêncio)
  • Un homme, une terre (Um homem, um país)
  • Basílica de Saint-Denis
  • Uma sobremesa para Constance, 1983
  • Le cimetière du Père Lachaise
  • Miro
  • Lauren
  • Robert Lapoujade, peintre
  • Toto Bissainthe, Chanteuse
  • René Depestre, poète
  • L'Hôpital de Leningrado, 1983
  • A literatura tunisiana da Bibliothèque Nationale
  • Un sénégalias en Normandie
  • Robert Doisneau, fotógrafo
  • Le racisme au quotidien (Racismo na vida cotidiana), 1983
  • Le passager du Tassili (O passageiro Tassili), 1985
  • Aimé Césaire, le masque des mots (Aimé Césaire, palavra como máscaras), 1986
  • Emmanuel Ungaro, costureiro
  • Louis Aragon - Uma máscara em Paris
  • Vlady, peintre
  • Léon G. Damas, 1995
  • L'enfant-cinéma, 1997
  • O tributo ao bois da época (No tempo das pessoas)

Referências