Sertânia é um filme de drama de 2020 dirigido, escrito e montado por Geraldo Sarno com produção da Cariri Filmes, estrelado por Vertin Moura, Julio Adrião e Kécia Prado. Teve sua estreia no circuito de Festivais Cinematográficos no ano de 2020, entre eles Festival de Havana, Mostra de Cinema de Tiradentes e Festival Ecrã.[1]

Sertânia
Sertânia (filme)
Pôster oficial do filme.
Brasil
2020 •  p&b •  97 min 
Gênero drama
Direção Geraldo Sarno
Produção Barbara Cariry
Roteiro Geraldo Sarno
Elenco Vertin Moura, Julio Adrião, Kécia Prado
Edição Geraldo Sarno, Renato Vallone
Distribuição Cariri Filmes
Lançamento 2020
Idioma português

O filme relata os delírios de Antão (Vertin Moura), um jagunço que faz parte do bando de Jesuíno (Julio Adrião), misturando metalinguagem e montagem não-linear vemos as carências emocionais e projeção da figura paterna em Jesuíno, o conflito interno a respeito dos assassinatos que Antão provoca e a fome no nordeste.

Com sua exibição online e gratuita nos festivais de cinema brasileiros, acabou chamando a atenção de cinéfilos e ganhando rapidamente o status de cult, oriundo principalmente da sua montagem de cenas, que mesclam imagens de arquivo, dramatização e até inserções da própria produção no filme e sua história enraizada na cultura nordestina.[1] Com referências ao movimento cinematográfico do Cinema Novo e Glauber Rocha, a fotografia preto e branca e a montagem descontínua agregam maior valor ao filme, assim como as discussões raciais e a miséria nordestina comum no inicio do século passado.[2]

Enredo editar

A história se inicia com Antão Jararaca, também conhecido com Gavião, da cidade de Canudos e filho de Antônio Conselheiro. Quando criança, Antão é levado para São Paulo, e faz carreira militar, porém retorna já adulto, mas para Sertânia, na esperança de reencontrar sua mãe, contudo se ingressa no bando do capitão Jesuíno (Julio Adrião). Ressaltando a tradição litúrgica, Jesuíno presenteia Antão com um crucifixo, afirmando que aquele objeto o protegerá. De início, Jesuíno mostra-se imponente e superior, mas logo se revela cheio de medos, mas ao mesmo tempo cruel e assassino a sangue frio. Em uma invasão à cidade de Sertânia, Antão é baleado preso e morto pelo próprio bando de Jesuíno. Ele foi traído. A história mostra as crônicas cicatrizes sociais de várias regiões do Nordeste, como a fome, a sede, seca e as desigualdades sociais, de acordo com o próprio autor. Geraldo Sarno quer passar a mensagem de que nada mudou e que tudo continua como sempre desde que o pequeno Antão foi para São Paulo.[3] Embora a história se passe na cidade de Sertânia, estado de Pernambuco, as cenas são gravadas nas cidades de Brumado, Marcionílio Souza e Milagres, todas na Bahia.[3][4][5]

Sinopse

O jagunço Antão, personagem do ator Vertin Moura, é um dos integrantes do bando de cangaceiro de Jesuíno (vivido pelo ator Julio Adrião). Quando a cidade de Sertânia é invadida por bandidos, Antão é ferido, preso e deixado para morrer. Enquanto se agoniza baleado e rastejando pelas paisagens nordestinas da Caatinga, delirando, entramos na mente do personagem recordando de forma não-linear ou confiável dos acontecimentos que precedem o atual momento. Conhecemos assim Jesuíno, líder de um bando de cangaceiros ao qual Antão se afilia a troco de libertar o nordeste do soldados liberais da República. Seu passado também é revelado aos poucos, como a ausência de uma figura paterna, a criação na capital paulista e a volta à Paraíba, assim como momentos juntos a gangue de Jesuíno e momentos pós-morte os acontecimentos que antecedem o atual momento. São apresentadas durante o filme cenas contraditórias, como o suposto assassinato de Jesuíno cometido por ele, referências à Santa Ceia, etc., mas são frutos dos delírios de Antão.[6][7]

Referências

  1. a b «'Sertânia' revela no cinema por que São Paulo e Nordeste são faces da mesma moeda». www.folhape.com.br. Consultado em 28 de dezembro de 2020 
  2. Neto, Adolfo Molina (20 de agosto de 2020). «Festival Ecrã 2020 | Crítica: "Sertânia"». Cultura em órbita. Consultado em 28 de dezembro de 2020 
  3. a b Cinevítor. «Exclusivo: confira uma cena de Sertânia, novo filme de Geraldo Sarno». Consultado em 18 de janeiro de 2023 
  4. Cláudio Leal. «Sertânia' revela no cinema por que São Paulo e Nordeste são faces da mesma moeda». Consultado em 18 de janeiro de 2023 
  5. Lúcio Borges. «Cinemas grátis e bate papo com diretor de filme ocorre nesta semana». Consultado em 18 de janeiro de 2023 
  6. Adoro Cinema. «Sertânia (sinopse)». Consultado em 18 de janeiro de 2023 
  7. Depois do cinema. «Sertânia: Crítica». Consultado em 18 de janeiro de 2023