Tarairiús

Povo indígena do nordeste do Brasil, que se autodenominava Otxakawane (seguidores de Houcha, senhor da morte)

Tarairiú é um grupo indígena que habitou, originalmente, os estados brasileiros de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Residiam na região da caatinga, nas ribeiras de rios como Jaguaribe, Apodi, Piranhas-Açu, Sabuji e Seridó, nos vales onde se desenvolveu a Guerra do Açu. Eles se autodenominavam Oxtakawane.

Tarairiú
Dança dos Tarairiú, por Albert Eckhout (séc. XVII)
População total

Desconhecida

Regiões com população significativa
 Pernambuco
 Paraíba
 Rio Grande do Norte
 Ceará
Línguas
tarairiú,
Religiões
Animismo, xamanismo
Grupos étnicos relacionados
Ariú, Camuçu, Corema, Sucuru, Janduí, Javó, Canindé, Jenipabuçu, Jenipapo-canindé, Pega, Paiacu, Panati e Tucuriju
Notas
Às vezes são também citados como Tarairu. Os Corema, Panati e Pega também se supõe pertencer ao grupo Cariri

Os Tarairiú formam segundo historiadores um grupo linguístico distinto dentre os povos originários do nordeste brasileiro e estariam linguisticamente afiliados ao tronco macro-jê ao lado dos Cariri. Os Tarairiú foram retratados pelo artista neerlandês Albert Eckhout em sua caracterização dos tapuias. Outro que também os retratou foi Elias Herckmans em seu livro «Descripção geral da Capitania da Parahyba», publicado em 1639, quando este era administrador da Paraíba.[1]

Características gerais editar

Tarairiú é um dos grupos indígenas sobre os quais se tem mais informações na América. Os aldeamentos tarairiús geralmente denominavam-se de acordo com o nome com que se chamava sua principal liderança, como se observa nos casos dos janduí, paiacu e canindé.

Ao se observar os janduís pode-se notar algumas características que se considera comuns entre os povos tarairiús: eram em geral nômades, pois desciam ao litoral na época da safra de caju, e praticavam a caça e a colheita de mel.

Usavam como armas propulsores, dardos, arcos, flechas e tacapes. Praticavam agricultura de milho, fumo, legumes, abóboras em forma de bilha e mandioca, e fumigavam as sementes e o campo através do plantio. Os grupos eram geralmente divididos em duas metades. Era costume ingerir bebida preparada com sementes ao que se seguia um transe pela parte dos feiticeiros.

Detinham a técnica de assar alimentos com brasas enterradas. Usavam os cabelos compridos entre homens e mulheres. Havia rituais de iniciação das crianças por volta dos sete ou oito anos de idade.

História editar

 
Homem Tarairiú (tapuia), por Albert Eckhout
 
Mulher Tarairiú (tapuia), por Eckhout

O povo Tarairiú era originalmente agrupado em cerca de 22 grandes subdivisões. Aguerridos, lutaram ao lado dos neerlandeses contra o domínio colonial português durante as invasões neerlandesas no Brasil.

Os portugueses procuraram invadir progressivamente as terras tarairiús, mas foram duramente combatidos no período entre 1630 e 1730, na que é considerada por alguns a maior guerra indígena no país.

Grupos afiliados editar

Presumivelmente editar

Possivelmente editar

Fontes editar

Referências

  1. Elias Herckmans (1639). «Descripção geral da Capitania da Parahyba (Herckman 1886)». Biblioteca Etnolinguística. Consultado em 7 de março de 2014 

Ver também editar

Ligações externas editar