Tereza de Benguela

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Tereza de Benguela (Reino de Benguela, c. 1700 - Capitania de Mato Grosso, 1770) foi uma líder quilombola que viveu em lugar incerto, mas sabe-se que o Quilombo do Piolho, no qual liderou, estava às margens do rio Guaporé, localizado na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, atual estado de Mato Grosso [1].

Teresa de Benguela
Nascimento 1700
Benguela
Morte 25 de julho de 1770
Cuiabá
Etnia afro-brasileiros
Cônjuge José Piolho
Ocupação líder quilombola

Mulher escravizada fugida do capitão Timóteo Pereira Gomes, Teresa foi esposa de José Piolho,[2] que chefiava o citado Quilombo do Piolho na década de 1740.[1] Com a morte de Piolho, Teresa se tornou a rainha do quilombo no início dos anos 1750, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando foi destruído pelas forças de Luís Pinto de Sousa Coutinho e a população (79 pessoas negras e 30 índigenas), morta ou aprisionada. As pessoas sobreviventes passaram por humilhação pública, foram marcadas a ferro com a letra F, de "fujão" ou fugitiva/e/o e devolvidas as pessoas/familias nas quais estavam submetidas a escravização[1].

Administração editar

Para governar o quilombo,Tereza desenvolveu um sistema de parlamento, onde semanalmente se reuniam pessoas deputadas para decidirem sobre a administração do quilombo, sendo a de maior autoridade e tido por conselheiro, José Piolho, homem escravizado por Antônio Pacheco de Morais.[1]

Tereza comandou a estrutura política, econômica e administrativa do quilombo, mantendo um sistema de defesa com armas trocadas com pessoas brancas ou roubadas das vilas próximas. Os objetos de ferro utilizados contra a comunidade negra que lá se refugiava eram transformados em instrumento de trabalho, visto que muitos dominavam o uso desses instrumentos. O Quilombo do Guariterê, além do parlamento e de um conselheiro para a rainha, desenvolvia agricultura de algodão e possuía teares onde se fabricavam tecidos que eram comercializados fora dos quilombos, como também os alimentos excedentes.[3]

Morte editar

Em 27 de junho de 1770 uma expedição saiu em direção ao quilombo, com a missão de destruí-lo. Chegaram ao local em 22 de julho, e abriram fogo contra as pessoas e familias do quilombo, porém a maioria deles conseguiu fugir. Houve resistência, liderada por Teresa, que revidou com arma de fogo e flechadas que infelizmente não mas não foram o suficiente.[2] Tereza foi colocada numa cela, tendo sido tratada com palavras rudes na frente de pessoas de sua comunidade. Após sua morte, Tereza acabou sendo degolada tendo o seu corpo exposto para que todos pudessem vê-la.[1][2]

Dia Nacional de Tereza de Benguela editar

O dia de 25 de julho é instituído no Brasil pela Lei n° 12.987/2014 como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.[4]

Carnaval editar

A Unidos do Viradouro homenageou Teresa com o enredo "Tereza de Benguela, uma rainha negra no Pantanal", ficando em 3º lugar no Carnaval do Rio de Janeiro em 1994.

A escola de samba de São Paulo Barroca Zona Sul, em seu samba-enredo "Benguela… A Barroca Clama a Ti, Tereza", homenageou Tereza da Benguela no Carnaval de São Paulo em 2020.[5][6]

Referências

  1. a b c d e Thays de Campos Lacerda. «TEREZA DE BENGUELA: IDENTIDADE E REPRESENTATIVIDADE NEGRA». Unemat. Consultado em 27 de julho de 2020 
  2. a b c «Teresa de Benguela: a heroica Rainha do quilombo Quariterê». Aventuras na História. Consultado em 27 de julho de 2020 
  3. «Tereza de Benguela, uma heroína negra». Geledés. 2 de agosto de 2014. Consultado em 1 de julho de 2020 
  4. «L12987». www.planalto.gov.br. Consultado em 1 de julho de 2020 
  5. «Barroca Zona Sul volta à elite após 15 anos cantando Tereza de Benguela, líder de quilombo». G1. Consultado em 15 de julho de 2020 
  6. «Benguela… A Barroca Clama a Ti, Tereza - Aináh». Letras.mus.br. Consultado em 16 de dezembro de 2019