Tropaeolum

género de plantas

Tropaeolum L., é um género botânico pertencente à família Tropaeolaceae,[2] que inclui cerca de uma centena de espécies, entre as quais diversas utilizadas como planta ornamental e como planta medicinal. Também conhecidas como Chagas. Algumas espécies estão naturalizadas em diversas regiões subtropicais e temperadas quentes, sendo em alguns casos consideradas espécies invasoras.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaTropaeolum
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Clado: Angiosperms
Clado: Eudicots
Clado: Rosids
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Brassicales*
Família: Tropaeolaceae
Género: Tropaeolum
L., 1753
Espécies
Cerca de 80 espécies.
Ver texto.
Sinónimos
Tropaeolum majus.
Tropaeolum minus.
Tropaeolum tuberosum.
Tropaeolum tricolor.

Descrição e ecologia

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Tropaeolum é um género[3] que agrupa cerca de 80 espécies herbáceas de plantas com flor, dicotiledóneas, na sua maioria plantas anuais, embora por vezes possam ser perenes.[4]

Os membros do género Tropaeolum apresentam com frequência caules ligeiramente suculentos e por vezes raízes tuberosas. As folhas são peltadas, de filotaxia alternada, glabras e inteiras ou palmatilobadas. Os 8 pecílolos são longos e em muitas espécies capazes de se enrolar em torno de caules ou outros objectos para ganhar suporte. As flores, bissexuais e chamativas, ocorrem isoladamente em longos pecíolos de inserção axilar. Os cálices apresentam cinco sépalas, a superior alongada de forma a formar um esporão nectarífero. As cinco pétalas são recurvas, com as três inferiores diferentes das duas superiores. Os oito estames repartem-se por dois grupos de comprimento desigual e o ovário súpero tem três segmentos e três estigmas num único estilete. O fruto é nu e nutiforme, com três segmentos simples com sementes.[5][6]

O género foi descrito por Carl Linnaeus na obra Species Plantarum,[7] sendo na actual circunscrição taxonómica considerado o único género válido da família Tropaeolaceae.

O género Tropaeolum, que inclui as espécies conhecidas pelos nomes vulgares capuchinas e bicos-de-papagaio, agrupa herbáceas, anuais e perenes, sendo um dos três géneros da família Tropaeolaceae, com distribuição natural na América do Sul e na América Central. O género inclui várias espécies populares em jardinagem, entre as quais Tropaeolum speciosum, Tropaeolum majus e Tropaeolum peregrinum. A espécie mais robusta é Tropaeolum polyphyllum, do Chile, espécie cujas raízes perenes podem sobreviver no solo durante os invernos e altitudes superiores a 3 300 metros, onde as temperaturas são por vezes inferiores a -15 °C.

Na sua actual circunscrição taxonómica o género inclui 260 espécies descritas, das quais apenas cerca de 88 são consideradas aceites.[8]

As espécies do género Tropaeolum apresentam flores chamativas, frequentemente com coloração brilhante e intensa. As folhas são peltadas (em forma de escudo), com o pecíolo no centro. As flores são bissexuais e zigomórficas, com cinco pétalas, com ovário súpero, com três carpelos e com um esporão floral em forma de funil protuberante na parte posterior da flor, com funções de acumulação de néctar, formado pela modificação de uma das cinco sépalas.[9]

As flores são comestíveis, sendo utilizadas em saladas exóticas, conferindo um gosto similar ao Nasturtium officinale (agrião). As sementes imaturas conservadas em vinagre são utilizadas como substituto das alcaparras. A espécie Tropaeolum tuberosum produz tubérculos subterrâneos comestíveis, utilizados como alimento em diversas regiões dos Andes.

Diversas espécies de Tropaeolum são utilizadas como alimento pelas larvas de algumas espécies de Lepidoptera.

Taxonomia

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O género foi descrito por Carolus Linnaeus e publicado em Species Plantarum 1: 345. 1753,[1] tendo como espécie tipo Tropaeolum majus.

A etimologia do nome genérico Tropaeolum deriva do grego tropaion e do latim tropaeum, vocábulos que significam "troféu", dada a forma de crescimento da planta, sobre um soporte, recordando um troféu clássico com escudos e capacetes de ouro que se dependuravam nos campos de batalha como sinal de vitória.[10]

Tropaeolum esteve durante algumas décadas incluído na família Tropaeolaceae em conjunto com dois outros géneros morfologicamente similares, Magallana e Trophaeastrum. O género monotípico Magallana era caracterizado por ter frutos alados e as duas espécies do género Trophaeastrum por não terem esporão floral. Por sua vez, o género Tropaeolum era diagnosticados apenas pela ausência das características diferenciadoras daqueles dois géneros. Um estudo de biologia molecular destes géneros conduzido no ano 2000 permitiu determinar que o género Tropaeolum era parafilético quando os outros dois géneros eram segregados, e em consequência Magallana e Trophaeastrum foram reduzidos as sinónimos taxonómicos de Tropaeolum. Tropaeolaceae ficou assim reduzida a uma família monogenérica, uma família cujo único género é Tropaeolum.[11]

Espécies

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The Plant List, uma base de dados taxonómicos elaborada colaborativamente entre o Missouri Botanical Garden e o Royal Botanic Gardens, Kew inclui a seguinte lista de nomes válidos para espécies do género Tropaeolum (algumas estão em revisão, sendo assinaladas na lista por um "U"):[12][13]

Referências

  1. a b «Tropaeolum». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 8 de maio de 2015 
  2. USDA, ARS, National Genetic Resources Program. Germplasm Resources Information Network - (GRIN) [Online Database]. National Germplasm Resources Laboratory, Beltsville, Maryland. URL: http://www.ars-grin.gov.4/cgi-bin/npgs/html/genus.pl?12463[ligação inativa] (08 May 2015)
  3. "Tropaeolum". Oxford Dictionaries. Oxford University Press. Consultado 2016-01-21.
  4. Sunset Western Garden Book. 1995. 606–607; "Tropaeolum". Oxford English Dictionary (3rd ed.). Oxford University Press. Setembro de 2005.
  5. Allaby, Michael (ed.) (1992). The Concise Oxford Dictionary of Botany. Oxford: Oxford University Press. p. 418. ISBN 0198661630 
  6. McClintock, Elizabeth. «Tropaeolaceae: Nasturtium Family». Jepson Flora Project. Consultado em 20 de junho de 2012 
  7. Linnæus, Carl (1 de maio de 1753). Species Plantarum : exhibentes plantas rite cognitas ad genera relatas, cum diferentiis specificis, nominibus trivialibus, synonymis selectis, locis natalibus, secundum systema sexuale digestas [The Species of Plants] (em latim). 1. Stockholm, Sweden: Laurentius Salvius. p. 345 
  8. «Tropaeolum». The Plant List. Consultado em 8 de maio de 2015 
  9. Heywood, V.H.; Brummitt, R.K.; Culham, A.; Seberg, O. (2007). Flowering plant families of the world. [S.l.]: Firefly Books. 324 páginas. ISBN 1554072069 
  10. «Nombres Botánicos» 
  11. Andersson, Lennart; Andersson, Stephan (2000). «A molecular phylogeny of Tropaeolaceae and its systematic implications». Taxon, Vol. 49, No. 4. Taxon. 49 (4): 721–736. JSTOR 1223973. doi:10.2307/1223973 
  12. «Tropaeolum». The Plant List. 2010. Consultado em 23 de junho de 2012 
  13. Lista completa de espécies.

Classificação do lineana do género

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Sistema Classificação Referência
Linné Classe Octandria, ordem Monogynia Species plantarum (1753)

Galeria

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Bibliografia

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  • Davidse, G., M. Sousa Sánchez, S. Knapp & F. Chiang Cabrera. 2015. Saururaceae a Zygophyllaceae. 2(3): ined. In G. Davidse, M. Sousa Sánchez, S. Knapp & F. Chiang Cabrera (eds.) Fl. Mesoamer.. Universidad Nacional Autónoma de México, México.
  • Flora of North America Editorial Committee, e. 2010. Magnoliophyta: Salicaceae to Brassicaceae. Fl. N. Amer. 7: i–xxii, 1–797.
  • Forzza, R. C. 2010. Lista de espécies Flora do Brasil http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
  • Idárraga-Piedrahita, A., R. D. C. Ortiz, R. Callejas Posada & M. Merello. (eds.) 2011. Fl. Antioquia: Cat. 2: 9–939. Universidad de Antioquia, Medellín.
  • Jørgensen, P. M., M. H. Nee & S. G. Beck. (eds.) 2014. Cat. Pl. Vasc. Bolivia, Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 127(1–2): i–viii, 1–1744. Missouri Botanical Garden Press, St. Louis.
  • Jørgensen, P. M., M. H. Nee & S. G. Beck. (eds.) 2015 en adelante. Catálogo de las plantas vasculares de Bolivia (adiciones).
  • Luteyn, J. L. 1999. Páramos, a checklist of plant diversity, geographical distribution, and botanical literature. Mem. New York Bot. Gard. 84: viii–xv, 1–278.
  • Molina Rosito, A. 1975. Enumeración de las plantas de Honduras. Ceiba 19(1): 1–118.

Ligações externas

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