Usuário(a):Cléééston/Testes

Kronan
 Suécia
Operador Marinha Sueca
Fabricante Francis Sheldon
Homônimo Coroa
Batimento de quilha outubro de 1665
Lançamento 31 de julho de 1668
Comissionamento dezembro de 1672
Destino Afundado na Batalha de Öland
em 1º de junho de 1676
Características gerais
Tipo de navio Navio de linha
Deslocamento c. 2 300 t
Comprimento 53 m
Boca 12,9 m
Calado 6,2 a 6,8 m
Altura 60 m
Propulsão 3 mastros
Armamento c. 105 a 110 canhões
Tripulação 500 marinheiros
350 soldados

O Kronan, também chamado de Stora Kronan, foi um navio de linha operado pela Marinha Sueca e uma das maiores embarcações do mundo na época. Sua construção começou em 1665 e foi atrasada por dificuldades de financiamento e conflitos entre o construtor Francis Sheldon e o almirantado sueco. O navio afundou em mares bravios depois de apenas quatro anos de serviço em 1º de junho de 1676 na Batalha de Öland, travada durante a Guerra da Escânia, emborcando enquanto fazia uma virada com muita vela e tendo sua proa destruída por uma explosão em um dos depósitos de munição. Ele afundou rapidamente com oitocentos mortos, mais vários itens valiosos como canhões e moedas.

A perda do Kronan foi um golpe terrível contra a Suécia na Guerra da Escânia. Além de ser o maior e mais poderoso navio da Marinha Sueca, também tinha uma importância como um dos símbolos da monarquia do então jovem rei Carlos XI. Os suecos também perderam uma proporção considerável de seus melhores marinheiros, o comandante supremo interino Lorentz Creutz, vários oficiais graduados da frota e o chefe do estado-maior médico da marinha. Uma comissão foi imediatamente estabelecida por ordens do rei com o objetivo de investigar se algum indivíduo poderia ser responsabilizado pela derrota na Batalha de Öland e por outras grandes derrotas na guerra, mas ninguém nunca foi penalizado.

A maioria dos canhões que naufragaram com o Kronan foram recuperados na década de 1680, mas os destroços acabaram caindo na obscuridade. Sua posição exata foi redescoberta em 1980 pelo pesquisador amador Anders Franzén. Várias operações de mergulho foram realizadas desde então a fim de pesquisar e escavar o local dos destroços e recuperar artefatos, com o Kronan tendo se tornado um dos naufrágios mais conhecidos no Mar Báltico depois do Vasa. Mais de trinta mil artefatos já foram recuperados e muitos foram conservados e colocados em exibição permanente no Museu Regional de Kalmar. Este também é o responsável pelas operações de arqueologia marítima do navio.

Antecedentes

editar
 Ver artigo principal: Império Sueco
 
Ganhos e perdas territoriais do Império Sueco de 1560 a 1815; o país estava no seu auge na época do Kronan

O Império Sueco estava no seu auge como grande potência europeia em meados da década de 1660. Tinha derrotado a Dinamarca, uma de suas principais adversárias regionais pela hegemonia no Mar Báltico, na Guerra de Torstenson entre 1643 e 1645 e na Guerra Dano-Sueca de 1657 a 1658. O Tratado de Brömsebro de 1645 e o Tratado de Roskilde de 1658 forçaram a Dinamarca a ceder as ilhas da Gotlândia e Ösel, todos os seus territórios orientais na Península Escandinava e partes da Noruega. O rei Carlos X Gustavo tentou acabar definitivamente com a Dinamarca em uma terceira guerra travada de 1658 a 1660. Isto era uma ambição ousada em uma sociedade já altamente militarizada voltada para a guerra como um estado fiscal militar.[1] Desfazer os exércitos forçaria o pagamento de salários atrasados, assim havia um outro incentivo para manter as hostilidades e deixar os soldados viverem de saques e das terras inimigas. Este novo ataque contra a Dinamarca ameaçava os interesses comerciais das potências marítimas da Inglaterra e Países Baixos, atrapalhando o equilíbrio de poder no Báltico. Os neerlandeses interviram em 1658 ao enviarem uma frota para ajudar os dinamarqueses.[2] Os ingleses também enviaram uma frota em novembro para ajudar os suecos a manterem o controle do Öresund. A expedição inglesa falhou devido ao clima do inverno e pelo tumulto político que encerrou o Protetorado, frustrando os planos de Carlos Gustavo.[3]

O rei morreu em fevereiro de 1660 e o Tratado de Copenhague encerrou a guerra três meses depois. Carlos XI, filho e sucessor de Carlos Gustavo, tinha apenas cinco anos na época e assim um conselho de regência liderado por sua mãe, a rainha Edviges Leonor, foi estabelecido para exercer o poder até que ele chegasse na maioridade. A Suécia tinha chegado perto de controlar o comércio no Báltico, mas a guerra revelou a necessidade de impedir a formação de uma poderosa aliança antisueca que incluísse a Dinamarca. Houve alguns sucessos na política externa, mais notavelmente a antifrancesa Tríplice Aliança junto com a Inglaterra e Países Baixos. A relação da Suécia com a França melhorou suficiente até 1672 para que os dois formassem uma aliança. Neste mesmo ano, o rei Luís XIV atacou os Países Baixos e os suecos foram pressionados dois anos depois para entrarem na guerra ao atacarem os aliados germânicos dos neerlandeses. A França prometeu pagar pelos subsídios de guerra que a Suécia desesperadamente necessitava sob a condição de que invadissem Brandemburgo. Um exército sueco de 22 mil soldados sob o comando do marechal de campo Carl Gustaf Wrangel avançou contra Brandemburgo em dezembro de 1674 e sofreu uma pequena derrota tática em junho de 1675 na Batalha de Fehrbellin. Apesar desta não ter sido militarmente significativa, ela manchou a reputação de quase invencibilidade que o Exército Sueco gozava desde a Guerra dos Trinta Anos. Isto encorajou os inimigos suecos, com a Dinamarca, Países Baixos e Sacro Império Romano-Germânico entrando em guerra contra Suécia e França até setembro de 1675.[4]

Marinha Sueca

editar

A Marinha Sueca era em 1675 numericamente superior à Marinha Dinamarquesa, possuindo em sua frota dezoito navios de linha contra dezesseis e 21 fragatas contra onze, porém os navios suecos eram de forma geral mais velhos e de qualidade inferior aos dinamarqueses, que tinham substituído boa parte de suas embarcações com unidades mais modernas. Os suecos também tinham problemas com manutenção de rotina, com seus aparelhos estando em condições ruins. As tripulações careciam do mesmo nível de profissionalismo encontrado nos marinheiros dinamarqueses e noruegueses, que frequentemente tinham experiência de serviço junto da marinha mercante neerlandesa, com a Marinha Sueca também carecendo de oficiais profissionais, enquanto a Marinha Dinamarquesa tinha veteranos experientes como Cort Adeler e Niels Juel. Os dinamarqueses tinham o reforço de unidades neerlandesas sob o comando de Philips van Almonde e Cornelis Tromp, este último um oficial que tinha servido sob Michiel de Ruyter.[5]

 
Gravura de Estocolmo por Erik Dahlbergh e Willem Swidde publicada em 1693 na Suecia Antiqua et Hodierna, mostrando o centro da cidade como um porto movimentado

Projeto

editar

A linha de batalha foi desenvolvida durante a Primeira Guerra Anglo-Holandesa, travada entre 1652 e 1654, uma tática em que navios formavam uma linha contínua para disparar lateralmente contra o inimigo. Táticas navais anteriores favoreciam poderio de fogo de curta distância e abordagens com a intenção de tomar prisioneiros, tanto pessoas quanto navios. Aprimoramentos na artilharia naval em meados do século XVII fizeram as táticas mudarem de confrontos a curta distância para incapacitar ou afundar oponentes por meio de artilharia superior a longa distância. Isto também causou mudanças de doutrina, construção naval e profissionalismo nas várias marinhas europeias a partir da década de 1650. A linha de batalha favorecia navios maiores que eram mais bem armados e robustos o suficiente para permanecerem em posição durante um confronto. A centralização e concentração de fogo cada vez maiores nas nações estado durante a segunda metade do século XVII permitiu uma maior expansão das marinhas e exércitos, com novos estaleiros estatais começando a construir embarcações muito maiores. A Suécia iniciou um custoso programa de construção naval no final da década de 1660.[6]

O Kronan era um dos navios mais bem armados do mundo quando foi lançado em 1672, tendo três conveses com 110 canhões. Tinha três conveses com canhões da proa à popa. Ao todo haviam sete níveis separados divididos em seis conveses. O porão ficava na parte mais profunda do navio, acima da quilha, enquanto imediatamente acima ficava o bailéu, mas ainda abaixo da linha de flutuação; ambos eram usados para armazenamento. Acima do bailéu estavam os três conveses de canhões, dois cobertos e o mais superior metade coberto e metade aberto aos elementos à meia-nau. A proa tinha um convés que formava o castelo de proa, enquanto a popa tinha dois conveses.[7]

 
Diagrama dos conveses do Kronan

Navios suecos, durante a primeira metade do século XVII, eram construídos da maneira neerlandesa, com um fundo reto e retangular de calado pequeno. Este estilo era rápido de construir e adequado principalmente para os navios menores que navegavam pelos litorais rasos dos Países Baixos, mas não eram muito robustos, inadequados como navios de guerra e um tanto instáveis em mares bravios. A abordagem inglesa de construção tinha prevalecido na Suécia na época do Kronan, tendo um fundo mais redondo e calado mais profundo, além de uma armação mais resistente e maior estabilidade. Entretanto, a popa era mais reta abaixo da linha de flutuação, o que reduzia a resistência.[8]

As dimensões do Kronan foram registradas por listas navais contemporâneas. Seu comprimento de proa à popa era de 53 metros, mas isto era consideravelmente mais curto do que o comprimento caso o gurupé e o bico fossem incluídos. A largura era de 12,9 metros e foi definida como o ponto mais largo entre armações, excluindo o forro de madeira. O calado variava dependendo do carregamento, mas totalmente carregado de suprimentos, munições e armamentos ele ficava em aproximadamente 6,2 a 6,8 metros.[9] A altura da quilha até o ponto mais alto do mastro do grande nunca foi registrada, mas estimativas modernas indicam que era de pelo menos sessenta metros.[10]

Não se sabe precisamente o deslocamento, pois os registros das dimensões não são exatos. Documentos contemporâneos descrevem apenas medidas aproximadas e baseado nestas o deslocamento foi estimado em por volta de 2,3 mil toneladas. Seu deslocamento em relação ao número e peso dos canhões fazia do Kronan um navio excessivamente armado, mas isto não era incomum para a época. Construtores navais europeus não construíam navios de três conveses grandes antes da década de 1650 e na década de 1660 os projetos ainda eram experimentais. Registros contemporâneos mostraram que embarcações inglesas e francesas semelhantes tinham a tendência de serem instáveis porque eram muito altas, estreitas e com muita artilharia. Alguns navios ingleses precisaram ser reforçados com "cintas", forros de madeira na linha de flutuação, para terem um desempenho satisfatório. Mares bravios podiam forçar essas embarcações a fecharem suas aberturas de canhões mais baixas, privando-os de sua artilharia mais pesada e eficaz. A construção do Kronan não foi inerentemente falha, com o navio tendo lidado com condições climáticas severas em 1675 e novamente apenas uma semana antes de afundar, mas poderia ser perigoso caso não fosse manejado direito. Navios de mesmo peso de canhões no século XVIII tinham mais tonelagem para apoiar estas armas, geralmente entre três e 3,5 mil toneladas, o que os deixava mais estáveis. O Kronan era o terceiro ou quarto maior navio do mundo quando foi construído, mas quando afundou era o sétimo.[11]

Armamento

editar
 
Canhões de vários tipos recuperados do Kronan no Musou Regional de Kalmar

O plano original de armamento do Kronan dizia que ele deveria ser equipado com 124 a 126 canhões; 34 a 36 em cada um dos conveses de canhões e outros dezoito espalhados pelo castelo de proa e castelo de popa. As armas eram classificadas pelo peso dos pelouros que disparavam, que variava entre três e 36 libras (1,3 a 15,3 quilogramas). Os canhões em si pesavam entre algumas centenas de quilogramas até quatro toneladas, com as peças mais pesadas ficando no convés mais baixo com armas cada vez mais leves acima. As armas mais poderosas do Kronan eram canhões de trinta e 36 libras no convés mais baixo e que tinham um alcance e poder de fogo superior ao armamento de quase todos os outros navios de guerra da época. A intenção de armas mais leves que dezoito libras era infligir danos à tripulação inimiga e aparelho em vez de ao casco.[12]

Pesquisas modernas indicam que o número de canhões instalados no Kronan era consideravelmente inferior ao plano de armamento oficial. Na época, tais planos regularmente superestimavam o número de armas disponíveis. Eles costumavam ser estimativas ideais que raramente refletiam condições reais, seja por falta de peças ou por não ser prático. O total de canhões do navio era de 105 a 110 a partir do número de armas resgatadas dos destroços na década de 1680 e durante escavações na década de 1980. O número maior se encaixa com cálculos do número de aberturas no que restou dos destroços e do número de canhões que poderiam praticamente caber nos conveses. O número inferior é o número de armas encontradas nas escavações da década de 1980 combinado com a lista de canhões recuperados nas operações da década de 1680.[12]

Distribuição dos canhões[12]
Plano de armamento de 1671 Armamento real
Convés inferior 12 canhões de 36 libras
16 canhões de 30 libras
4 canhões de 24 libras
2 canhões de 18 libras
8 canhões de 36 libras
8 canhões de 30 libras
10 canhões de 24 libras
4 canhões de 24 libras longos
Convés do meio 36 canhões de 24 libras 4 canhões de 24 libras pesados
16 canhões de 24 libras leves
6 canhões de 12 libras pesados
4 canhões de popa de 12 libras longos
2 canhões de 8 libras
Convés superior 36 canhões de 12 libras 10 canhões de 12 libras pesados
10 canhões de 10 libras leves
2 canhões de 10 libras
2 canhões de 8 libras
2 canhões de 6 libras pesados
Castelo de proa e de popa 20 canhões de 6 libras 10 canhões de 6 libras
6 canhões de 3 libras

Vários tipos de munição estavam disponíveis para diferentes usos: pelouros para cascos, balas encadeadas para mastros e velas, e metralhas que tinham um efeito devastador contra pequenos grupos de homens. O Kronan era equipado com 130 mosquetes e oitenta fechos de mecha ou pederneiras para abordagens. Para combates a curta distância havia 250 piques, duzentos machados e 180 espadas.[13] Armas maiores foram encontradas durante as escavações dos destroços, como hakebössor, similar a um bacamarte. Estes eram equipados com uma pequena trava embaixo do cano para que pudessem ser presos em um parapeito e assim absorver o coice dos disparos. Uma hakebössa ainda estava carregada com um pequeno recipiente com vinte balas de chumbo que teriam sido usadas para liberar um convés inimigo antes de uma abordagem.[14]

Ornamentação

editar

Uma ornamentação elaborada era uma parte importante da aparência de um navio na década de 1660, mesmo ela tendo sido simplificada desde o início do século. Acreditava-se que tais ornamentações aumentavam a autoridade dos monarcas e retratavam o navio como um símbolo de proeza marcial e autoridade real. Não há ilustrações contemporâneas da ornamentação do Kronan, mas ela era mais suntuosa na popa de acordo com a prática comum. Há duas imagens do navio feitas por artistas dinamarqueses. Os dois trabalhos foram encomendados muitos anos depois dos naufrágios com o objetivo de celebrar a vitória dinamarquesa. A pintura de Claus Møinichen de 1686 no Palácio de Frederiksborg mostra a popa dominada por dois leões segurando uma enorme coroa. O fundo é azul com esculturas e ornamentos em dourado. O artista sueco Hans Soop, que anteriormente estudou as ornamentações do Vasa, sugeriu que Møinichen talvez tenha intencionalmente exagerado o tamanho da embarcação a fim de aumentar a vitória dinamarquesa. Uma tapeçaria no Castelo Rosenborg mostra o Kronan como um navio de dois conveses com um tema de coroa que é ainda maior do que a obra de Møinichen.[15]

Arqueólogos não foram capazes de recuperar um número suficiente de esculturas do Kronan para que uma reconstrução detalhada da ornamentação possa ser feita. Os mascarões e putti que foram recuperados em 2007 apresentam uma qualidade artística considerável. Uma grande escultura de um guerreiro foi encontrada em 1987 e é um exemplo de obra de qualidade, sendo possivelmente um retrato simbólico do rei. Esta conclusão permanece especulativa já que nada é conhecido sobre as ornamentações e esculturas.[15]

Construção

editar

A Suécia iniciou na década de 1660 um programa de construção naval que tinha a intenção de expandir a frota e substituir navios antigos. Uma nova capitânia era necessária para substituir o antigo Kronan de 1632.[16] O corte das grandes quantidades de madeira que eram necessárias para a nova embarcação começaram no inverno de 1664 para 1665. O historiador Kurt Lundgren estimou que sete a dez hectares de carvalho de floresta foram necessários para o casco e vários pinheiros robustos para os mastros e gurupé.[17]

O batimento de quilha do Kronan ocorreu em outubro de 1665 e o casco foi lançado ao mar em 31 de julho de 1668. Francis Sheldon, o mestre construtor, frequentemente entrou em conflito com o almirantado sobre o projeto. Os administradores achavam que ele estava atrasando indevidamente a construção e gastando muito tempo em empreendimentos particulares. A questão mais contenciosa era que Shelton estava em um negócio lucrativo de exportação de madeira para sua natal Inglaterra. Ele por sua vez reclamava sobre os atrasos constantes por parte da marinha e a falta de dinheiro necessário para terminar o projeto.[18] A rampa de lançamento era muito pequena e a seção de ré da quilha quebrou durante o lançamento. O almirantado exigiu uma explicação, mas a resposta de Shelton era de que os danos poderiam ser facilmente consertados e que o problema tinha sido que a madeira tinha sido deixada para secar por muito tempo.[19][20] O conflito se arrastou por anos e causou atrasos constantes. As esculturas foram finalizadas em 1669, mas o aparelho, blocos de polias e armamento demoraram mais três anos. O navio navegou pela primeira vez em dezembro de 1672 durante celebrações da ascensão de Carlos.[21]

Tripulação

editar
 
Recriação de uma seção do convés de canhões do Kronan

O Kronan era um dos maiores navios de sua época e assim tinha uma grande tripulação. Ele afundou com aproximadamente 850 pessoas a bordo, quinhentos marinheiros e 350 soldados. Historiadores modernos compararam a embarcação com uma cidade sueca de tamanho mediano do século XVII, descrevendo-a como uma "sociedade em miniatura". A bordo estavam homens representantes tanto da classe social alta quanto da baixa. Mulheres podiam subir a bordo de navios de guerra apenas dentro dos limites do arquipélago de Estocolmo, precisando desembarcar antes de alcançar alto-mar. O Kronan, como uma comunidade flutuante, espelhava padrões sociais contemporâneos da vida civil e militar, duas esferas que não eram estritamente separadas na Suécia do século XVII.[22]

Toda a tripulação se vestia com roupas civis e não havia um uniforme naval comum. O Exército Sueco apenas recentemente tinha introduzido informes padronizados, algo que ainda era incomum na maior parte da Europa. As vestimentas se diferenciavam de acordo com classe social, com oficiais da nobreza se vestindo com roupas elegantes e caras enquanto tripulantes ordinários se vestiam como trabalhadores.[22] As únicas exceções eram soldados do Regimento Västerbotten de infantaria, que na década de 1670 estavam equipados com os primeiros uniformes carolíngios em azul e branco. A tripulação às vezes recebia vestimentas ou tecidos para preparar um "traje de marinheiro", que os diferenciava das roupas da população geral. Oficiais mantinham uma grande coleção de roupas finas para uso a bordo, mas não se sabe se eram usadas todos os dias. É mais provável que eles detinham um conjunto de roupas feitas de materiais mais simples, duráveis e confortáveis que eram mais práticos em alto-mar.[23]

Recrutamento era feito por convocações como parte do antigo sistema de loteamento. Marinheiros e artilheiros vinham de uma "casa de marinheiro", pequenas unidades administrativas em regiões costeiras que proporcionavam à frota um homem adulto para serviço naval. Os soldados a bordo eram recrutados dos equivalentes do exército. Oficiais vinham principalmente da nobreza ou da classe média superior, sendo pagos pelo sistema de loteamento ou pela renda de propriedades designadas para o propósito.[23] Oficiais graduados provavelmente levavam seus criados pessoais. Uma jaqueta vermelha usada por um dos mortos provavelmente pertencia a um desses acompanhantes.[24]

Carreira

editar
 Ver artigo principal: Guerra da Escânia

Expedição de 1675

editar

Expedição de inverno

editar

Batalha de Öland

editar
 Ver artigo principal: Batalha de Öland

Consequências

editar

Causas do naufrágio

editar

Destroços

editar

Redescoberta

editar

Arqueologia

editar

Descobertas

editar

Referências

editar
  1. Glete 2002.
  2. Rystad 2005, pp. 17–19.
  3. Rodger 2004, pp. 29–30.
  4. Rystad 2005, pp. 20–21.
  5. Askgaard 2005, p. 172.
  6. Glete 1993, pp. 174–177.
  7. Nilsson 1985, pp. 52–53.
  8. Nilsson 1985, pp. 38–39.
  9. Glete 1999, p. 17.
  10. «Kronan byggs». Museu Regional de Kalmar. Consultado em 23 de junho de 2024. Arquivado do original em 19 de abril de 2014 
  11. Glete 1999, p. 23.
  12. a b c Glete, Jan (12 de novembro de 2002). «Kronans artilleri. Kort genomgång av arkivmaterial och data om bärgade kanoner» (PDF). Universidade de Estocolmo. Consultado em 23 de junho de 2024 
  13. Sandström 1985, pp. 122–123.
  14. Grandin 1985, p. 127.
  15. a b Soop 2007, pp. 136–138.
  16. Lundgren 1997, pp. 9–18.
  17. Lundgren 1997, p. 10.
  18. Lundgren 1997, pp. 19–39.
  19. Lundgren 1997, pp. 9–10.
  20. Franzén 1985, pp. 48–49.
  21. Lundgren 1997, p. 19.
  22. a b Kronanprojektet 2008, pp. 7–9.
  23. a b Pousette 2009, p. 107.
  24. Pousette 2009, pp. 111–112.

Bibliografia

editar
  • Askgaard, Finn (2005). «Kampen till sjöss». In: Rystad, Göran. Kampen om Skåne. Lund: Historiska media. ISBN 91-85057-05-3 
  • Franzén, Anders (1985). «Kronan går av stapeln 1668». In: Johansson, Björn Axel. Regalskeppet Kronan. Estocolmo: Trevi. ISBN 91-7160-740-4 
  • Glete, Jan (1993). Navies and Nations: Warships, Navies and State Building in Europe and America, 1500–1680. Vol. 1. Estocolmo: Almqvist & Wiksell International. ISBN 91-22-01565-5 
  • Glete, Jan (1999). «Hur stor var Kronan? Något om stora örlogsskepp i Europa under 1600-talets senare hälft». Escotolmo: Sjöhistoriska samfundet. Forum Navale (55) 
  • Glete, Jan (2002). War and the State in Early Modern Europe: Spain, the Dutch Republic and Sweden as Fiscal-Military States, 1500–1600. Londres: Routledge. ISBN 0-415-22645-7 
  • Grandin, Gunnar (1985). «Slaget den 26 maj». In: Johansson, Björn Axel. Regalskeppet Kronan. Estocolmo: Trevi. ISBN 91-7160-740-4 
  • Kronanprojektet (2008). Rapport över 2007 års marinarkeologiska undersökningar vid vrakplatsen efter regalskeppet Kronan. Kalmar: Museu Regional de Kalmar 
  • Lundgren, Kurt (1997). Stora Cronan: Byggandet Slaget Plundringen av Öland En genomgång av historiens källmaterial. Kristianstad: Lenstad Bok & Bild. ISBN 91-973261-5-1 
  • Pousette, Mary (2009). «Klädd ombord». In: Schoerner, Katarina. Skärgård och örlog: nedslag i Stockholms skärgårds tidiga historia. Estocolmo: Real Academia de História e Antiguidades de Vitterhets. ISBN 978-91-7402-388-6 
  • Nilsson, Anders (1985). Johansson, Björn Axel, ed. Regalskeppet Kronan. Estocolmo: Trevi. ISBN 91-7160-740-4 
  • Rodger, Nicholas A. M. (2004). The Command of the Ocean. A Naval History of Britain 1649–1815. Londres: Allen Lane. ISBN 0-7139-9411-8 
  • Rystad, Göran (2005). «Skånska kriget och kampen om hegemonin i Norden». In: Rystad, Göran. Kampen om Skåne. Lund: Historiska media. ISBN 91-85057-05-3 
  • Sandström, Anders (1985). «Klar för strid». In: Johansson, Björn Axel. Regalskeppet Kronan. Estocolmo: Trevi. ISBN 91-7160-740-4 
  • Soop, Hans (2007). Flytande palats: utsmyckning av äldre svenska örlogsfartyg. Estocolmo: Signum. ISBN 978-91-87896-83-5 

Ligações externas

editar
 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre o Kronan (navio)