Como ler uma infocaixa de taxonomiaGolfinho-roaz


Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Cetacea
Subordem: Odontoceti
Família: Delphinidae
Género: Tursiops
Espécie: T. truncatus
Nome binomial
Tursiops truncatus
(Montagu, 1821)
Distribuição geográfica
Distribuição em azul
Distribuição em azul

O golfinho-roaz, golfinho-nariz-de-garrafa ou roaz-corvineiro (Tursiops truncatus) é a mais famosa e conhecida espécie de golfinho no mundo inteiro. Não somente por ser a espécie do famoso golfinho da série de televisão Flipper, mas também em função da sua distribuição ao longo de águas costeiras e oceânicas em todos os mares do planeta, com exceção dos mares polares. São divulgados também por suas apresentações, em shows de aquário, são popularmente conhecidos por serem carismáticos e inteligentes. Em 1920, a espécie passou a ser capturada para estudos e espetáculos em cativeiro, e é atualmente considerada a espécie mais comum nos parques temáticos. No Brasil, distribui-se em águas próximas à costa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a partir de onde pode ser encontrada em águas mais afastadas da costa até ao Nordeste. Os maiores golfinhos-nariz-de-garrafa do mundo estão no Brasil, na Lagoa dos Patos, onde podem alcançar 4 metros de comprimento.[2]

Características principais editar

O golfinho-nariz-de-garrafa possui o corpo robusto, a cabeça robusta e o bico curto, largo e nitidamente distinto da cabeça. A sua barbatana dorsal é alta e falcada. Nascidos para deslizar, os golfinhos-nariz-de-garrafa possuem corpos hidrodinâmicos, em forma de torpedo, que lhes permitem deslizar rapidamente através das águas do oceano. A sua gama de cores vai desde creme a cinza ou mesma preta. Geralmente, a barriga é mais clara que o dorso. As comunicações são efetuadas por meio de uma gama de sons emitidos a partir da bolsa nasal localizada na testa. Os golfinhos agarram o peixe com os seus 18-27 pares de pequenos dentes cônicos, em ambas as mandíbulas. As marcas especiais na pele ajudam os golfinhos a camuflarem-se de potenciais predadores, a cauda tem dois remos, denominados lobos, que o impulsionam através da água.[3][4]

Tamanho editar

Em geral, o tamanho varia entre 1,9 m e 4 m, a medida de comprimento do macho é de 3,80 m e a da fêmea de 3,60 m, mas já se observaram exemplares maiores. O seu peso médio é de 500 quilos.[3][4]

Reprodução editar

Após cerca de 12 meses de gestação, nasce apenas uma cria pesando cerca de 10 kg e medindo entre 0,8 e 1,2 metros.

 
Um golfinho-nariz-de-garrafa da Marinha dos Estados Unidos

O intervalo de procriação é de 7-10 anos, altura em que a fêmea está suficientemente madura em termos sexuais; contudo, estes valores variam, existem registos de procriação de um golfinho-fêmea com 4 anos de idade. Época de acasalamento entre abril e outubro[3].

Alimentação editar

Alimenta-se de peixes pequenos que habitam no fundo do mar, lulas, polvos e crustáceos.[3][4] Por serem considerados inteligentes, já se foi notado a presença dos mesmo ao redor de barcos de pesca, com o intuito de alimentarem-se das sobras.

Distribuição editar

Águas tropicais, subtropicais e temperadas de todos os oceanos, tanto em águas costeiras como em oceânicas, podendo inclusive penetrar em baías, estuários, lagoas e canais, e ocasionalmente penetra em rios. No Brasil, ocorre do Rio Grande do Sul até o nordeste. Em Portugal, podem ser avistados ao longo da costa de norte a sul. Existe um grupo de roazes-corvineiros que podem ser avistados no estuário do Sado, em Setúbal. Esta é a única população residente num estuário em Portugal, e uma de apenas três conhecidas na Europa[3][4]. Já foram também, caçados por carne e óleo, mas atualmente ocorre a pesca limitada de tais cetáceos.

Ameaças editar

Em alguns lugares do mundo, são intencionalmente capturados para a obtenção de comida, para a utilização de sua gordura como isca em certos tipos de pesca (principalmente pesca de espinhel), ou simplesmente porque os pescadores acreditam que os golfinhos-nariz-de-garrafa estão competindo com eles e prejudicando a sua pescaria (oeste da África, norte do oceano Índico, Japão, Mar Negro, Sri Lanka, Peru e em diversos outros lugares). São ameaçados também pela captura acidental em redes de pesca e pela captura intencional indiscriminada para o cativeiro. Em muitos lugares do mundo, os golfinhos-nariz-de-garrafa são mantidos em cativeiro para apresentação pública de espetáculos acrobáticos.[3][4]

Sofrem também ameaças de pesca comercial, quando o intuito são outras especies, ficando então enrolados em redes e equipamentos de pesca.[2]

Em Portugal, é comum avistar-se roazes-corvineiros nas águas do Rio Sado,[5] ao largo de Setúbal[3][4], e, nos Açores, é possível observá-los durante todo o ano. Uma tese de mestrado realizada pela Universidade de Lisboa, relatou que as intervenções humana no ecossistema afetam diretamente o setor marítimo. Em Portugal os golfinhos Roaz se localizam apenas no Estuário do Sado, uma reserva natural que atua desde 1980. Porém esse ambiente vem sofrendo alterações, tais como construções portuárias que estão retratando grande ameaça à essa população. [6]

Somado a estes, as restrições ecológicas são fatores de importância que também moldam as interações sociais dentro da sociedade de cetáceos.[7]

Referências

  1. Hammond, P.S., Bearzi, G., Bjørge, A., Forney, K., Karczmarski, L., Kasuya, T., Perrin, W. F., Scott, M.D., Wang, J.Y., Wells, R.S. & Wilson, B. (2008). Tursiops truncatus (em inglês). IUCN 2008. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2008. Página visitada em 7 Outubro 2008.
  2. a b «Bottlenose Dolphin». Consultado em 8 de agosto de 2019 
  3. a b c d e f g .HARZEN, Stefan. BRUNNICK, Barbara, J. O Roaz Corvineiro do Estuário do Sado : Portugal. Lisboa : Instituto Português de Ecologia, 1995. ISBN 972-96731-0-1.
  4. a b c d e f ALVES, Joana. MACHADO, Raquel. Roaz-Corvineiro (Tursiops truncatus) na Reserva Natural do Estuário do Sado
  5. «Roazes do Sado — ICNF». www2.icnf.pt. Consultado em 16 de março de 2019 
  6. https://repositorio.ul.pt/handle/10451/1320
  7. Lusseau, David; Schneider, Karsten; Boisseau, Oliver J.; Haase, Patti; Slooten, Elisabeth; Dawson, Steve M. (1 de setembro de 2003). «The bottlenose dolphin community of Doubtful Sound features a large proportion of long-lasting associations». Behavioral Ecology and Sociobiology (em inglês). 54 (4): 396–405. ISSN 1432-0762. doi:10.1007/s00265-003-0651-y 
 
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Ligações externas editar