Víctor Balaguer i Cirera

poeta e historiador espanhol (1824-1901)
 Nota: Este artigo é sobre o político e escritor espanhol. Para o cantor espanhol, veja Víctor Balaguer.

Víctor Balaguer i Cirera (pronúncia catalã: /ˈbiktor βəɫəˈɣe/) (Barcelona, 11 de dezembro de 1824 – Madri, 14 de janeiro de 1901)[1] autodenominado O trovador de Montserrat, foi um político liberal, jornalista, escritor romântico, poeta, dramaturgo e historiador espanhol. Foi uma das figuras principais da Renaixença.[2]

Víctor Balaguer i Cirera
Víctor Balaguer i Cirera
Nascimento 11 de dezembro de 1824
Barcelona
Morte 14 de janeiro de 1901 (76 anos)
Madri
Cidadania Espanha
Alma mater
Ocupação político, escritor, historiador, poeta, dramaturga, jornalista
Prêmios
  • Mestre en Gay Saber (1861)
  • Cronista oficial da cidade de Barcelona (1852, 1853–)
Obras destacadas Las calles de Barcelona
Movimento estético romantismo, Renaixença

Juventude e casamento editar

Víctor Balaguer foi filho único de Joaquim Balaguer,[1] um médico de pensamentos liberais, que morreu em 1834, deixando-o órfão ainda criança e de Teresa Cirera. O relacionamento com sua mãe foi sempre muito difícil, pois ela queria que seu filho fosse médico ou advogado, porém suas ideias avançadas, herdadas do pai,[2] e a sua vocação para a Literatura tornaram a boa convivência entre os dois cada vez mais difícil.[2]

 
Víctor Balaguer em 1898.

Em 1838, com apenas 14 anos de idade, publicou seu primeiro drama histórico Pepín el Jorobado (Pepino, o Corcunda), e muitos outros vieram depois. Em 1843 obteve fama com Enrique el Dadivoso (Henrique, o Dadivoso).[2][3] Então, inevitavelmente entrou em confronto com a sua mãe, que terminou por deserdá-lo e ele precisou escrever cada vez mais obras para poder se sustentar.[2] Balaguer ingressou na Universidade de Barcelona, onde começou a estudar Direito e entrou em contato com a literatura de Voltaire, Rousseau, Dumas, Victor Hugo, Walter Scott, entre outros.[4] Nesta época, começou a colaborar com o jornal El Hongo.

Em 1845, depois de uma acalorada discussão com sua mãe, mudou-se para Madri sem ter concluído os estudos universitários, a fim de levar uma vida por conta própria na capital. Começou a trabalhar para o escritor e editor Wenceslao Ayguals de Izco, que ofereceu-lhe trabalho como tradutor espanhol para escritores franceses da época, que foram publicados na coleção Museo de las Hermosas. Esta situação durou somente alguns meses, pois devido à incerteza econômica Balaguer logo retornou para Barcelona, onde continuou a trabalhar como tradutor e jornalista.[1] De volta à cidade natal, em 1847, foi nomeado poeta oficial del Liceu. Mais tarde também seria o Teatro Principal, que lhe daria alguma popularidade localmente.

Em 1851 Balaguer se casou com Manuela Carbonell i Català no mosteiro de São Jerônimo de la Vall d'Hebron, comprado pelo pai da noiva.[1] Um ano depois, fez uma série de palestras sobre a história da Catalunha encomendada pela Sociedade Filarmônica da Barcelona.

Maturidade literária e política editar

Durante a década de 1850 Balaguer entrou em contato com o general Baldomero Espartero e com o general Juan Prim y Prats e se filiou ao Partido Progressista, aumentando gradativamente o seu peso e influência dentro do partido. Foi nesse período que começou a recuperar a memória histórica da antiga Coroa de Aragão.[1]

 
Busto de Víctor Balaguer no Parc de la Ciutadella de Barcelona.

Também nessa época começou a reivindicar a língua catalã como língua literária. Seu primeiro poema em catalão A la Verge de Montserrat (À Virgem de Montserrat) foi publicado em 1857.[3] Aos poucos se tornou muito ativo no processo da Renaixença e da literatura catalã, promovendo a restauração dos Jogos Florais em maio de 1859, tornando-se membro do primeiro conselho.[2][3] Deu também início a seus primeiros textos historiográficos. Após os Jogos foi para a Itália trabalhar como correspondente na Segunda Guerra de Independência Italiana. Entre 1860 e 1864 publicou em cinco volumes a "História da Catalunha e da Coroa de Aragão", que foi um êxito de vendas sem precedentes e no qual Balaguer criticava o modelo da monarquia federal e a tradição de pactos entre as pessoas e o rei.[5]

Entre 1865 e 1867 Balaguer ficou exilado na Provença por ter participado da conspiração do general Juan Prim y Prats. Lá ele conheceu Frédéric Mistral em 1865 e pode participar do Felibritge, do qual foi nomeado vice-presidente. Balaguer foi membro da delegação catalã que entregou a Copa Santa aos escritores occitanos.[6]

Em 1867 Balaguer retornou à Catalunha. Depois disso e durante todo o Sexênio Revolucionário se envolveu ativamente na política espanhola. Durante o reinado de Amadeu I da Espanha foi nomeado ministro do Exterior (1871) e de Obras Públicas (1872)[2] durante a Primeira República Espanhola. Balaguer ocupou novamente o cargo de ministro do Exterior em 1886 durante o governo de Práxedes Mateo Sagasta.[2][3]

Sua esposa morreu em 1881. Por não deixar descendentes, Víctor Balaguer entregou sua pequena fortuna para a construção em 1884 da Biblioteca Museu Víctor Balaguer em Vilanova i la Geltrú, um serviço público que doou à cidade em gratidão por ter sido escolhido membro do Parlamento por aquela localidade desde 1869.[2] Seu legado foi colocado nesta instituição, que atualmente conserva a sua biblioteca de 22 000 livros e sua coleção de arte, na qual se destacam algumas peças egípcias, orientais e pré-colombianas, muito raras naquela época na Catalunha.[2]

Foi membro da Real Academia Espanhola e da Real Academia da História.

Obras editar

Imprensa

Maçom, liberal e de ideias românticas, colaborou em vários jornais liberais, como o El Constitucional, El Laurel, El Genio e La Lira. Em 1846 foi para Madri, onde conheceu as principais personalidades literárias e políticas da época. Fundou em Barcelona o jornal liberal La Corona de Aragón, onde declarou sua adesão fervorosa ao passado glorioso da Catalunha.

Teatro
 
Edição de 1868 de Los bandolers catalans o lo ball d'en Serrallonga.

Foi autor de peças teatrais românticas tanto em castelhano com em catalão:

Em castelhano: 

  • Pepín el Jorobado o el hijo de Carlomagno (1838) 
  • Enrique el Dadivoso (1847) 
  • Juan de Padilla (1848) 
  • Vifredo el Velloso (1849)

Em catalão: 

  • Los trobadors moderns (1859) 
  • Lo trobador de Montserrat (1861)
  • Esperances i records (1866)
  • Don Joan de Serrallonga (1868)  
  • Los Pirineus (1893), ópera com música de Felip Pedrell i Sabaté
Estudos e ensaios em catalão
  • Bellezas de la historia de Cataluña: Lecciones pronunciadas en la Sociedad Filármónica (1853)
  • Historia de Cataluña y de la Corona de Aragón (1860-1863)
  • Las calles de Barcelona (1865)
  • Historia política y literaria de los trobadores (1878-1879)
  • Instituciones y reyes de Aragón (1896)
  • La libertad constitucional (1857)
  • Memorias de un constituyente (1868)
  • El Regionalismo y los Juegos Florales (1897)
História

Neste campo não fez descobertas documentais nem foi muito crítico em sua pesquisa histórica, e muitas vezes acrescentou lendas em seu trabalho. Na verdade, ele escreveu fortemente influenciado por suas ideias românticas e liberais, por isso ele foi criticado por seus inimigos e concorrentes, atacando assim a sua popularidade. Esta falta de rigor era bem comum entre os historiadores do período, influenciado por um romantismo nacionalista que buscava mitificar o próprio passado. Consciente de suas deficiências como pesquisador, Víctor Balaguer sempre admitiu ser apenas um divulgador que sentia amor pela história local da sociedade catalã.[2]

Seus primeiros textos estritamente historiográficos foram escritos em 1852 para participar de uma conferência que tratou das "belezas" da história catalã. A principal obra neste campo foi a famosa "História da Catalunha e da Coroa de Aragão", publicada entre 1860 e 1864. Muito mais tarde, o sucesso do livro exigiu uma segunda edição em 1885 em uma "História da Catalunha".[2]

Notas

  1. a b c d e Cuccu, Marina (2003). Víctor Balaguer i Cirera (PDF). Vilanova i la Geltrú: Ajuntament de Vilanova i la Geltrú 
  2. a b c d e f g h i j k l Mestre i Campi, Jesús; Eizaguirre, Santiago (1998). Diccionari d'història de Catalunya (em espanhol) 62 ed. Madri: [s.n.] p. 86 entrada: "Balaguer i Cirera, Víctor". 1.147 páginas. ISBN 84-297-3521-6 
  3. a b c d Chisholm Hugh (ed.). «Balaguer, Victor». Encyclopædia Britannica (em inglês). 3 1911 ed. Cambridge: Cambridge University Press. p. 233 
  4. Pagès, Aniceto de (7 de novembro de 1869). de Carlos, Abelardo, ed. Don Víctor Balaguer. El museo universal: periódico de ciencias, literatura, artes, industria y conocimientos útiles (em espanhol). 13 1-48 ed. Madrid: Gaspar y Roig. pp. 355–356 
  5. Pi de Cabanyes, Oriol. «Víctor Balaguer». Associació d'Escriptors en Llengua Catalana 
  6. Badia i Margarit, Antoni M.; Camprubí, Michel (1989). Actes del vuitè Col·loqui Internacional de Llengua i Literatura Catalanes (em catalão). 1. L'Abadia de Montserrat: Asociación Internacional de Lengua y Literatura Catalanas. p. 165. 822 páginas. ISBN 8478260838 

Referências

Ligações externas editar


Precedido por
José Selgas
Cadeira b
Real Academia Espanhola

1883–1901
Sucedido por
Ramón Menéndez Pidal