Vacinação na Índia

A vacinação na Índia abrange a utilização de vacinas na saúde pública indiana e o papel delas na sociedade, política e pesquisas.[1]

Vacinação contra a COVID-19 é implementada em Nova Deli, Índia. Foto tirada em 16 de janeiro de 2021

Política de vacinação editar

O Programa Universal de Imunização (abreviação UIP em inglês) da Índia começou em 1985. O UIP cobre:[1][2][3]

Vacinas disponíveis editar

 
Um frasco de 5ml de Covaxin (BBV152) sendo usado em um subdistrito de Bihar, Índia

Coronavírus editar

A Índia vem vacinando contra o coronavírus desde 16 de janeiro de 2021.[3]

Rotavírus editar

Quase todas as crianças (globalmente) tiveram pelo menos uma infecção por rotavírus.[4] No entanto, na Índia, as crianças são mais propensas a terem essa infecção diversas vezes, ou seja, elas têm maiores chances de morrerem por causa disso.[4]

Contudo, a Índia implementou a vacina contra o rotavírus em seu Programa Universal de Imunização, o que salvou a vida de muitas delas.[5] Esta vacina é altamente eficaz e vem prevenindo metade dos casos graves de diarreia que ocorreriam no país.[5]

HPV editar

O governo indiano está intensificando os esforços para promover a vacina contra o HPV para meninas, na prevenção do câncer do colo do útero.[6] O esforço começou em 2008 com a introdução de uma vacina promissora, já em 2018 o governo começou a fornecer uma versão mais recente e melhorada da mesma vacina.[6]

Vírus sincicial respiratório editar

Casos do vírus sincicial respiratório (RSV) na Índia ocorrem principalmente no norte e durante o inverno. Este vírus causa infecção no trato respiratório inferior.[7]

Segurança editar

A Índia, como muitos outros países, usa o sistema da Organização Mundial da Saúde para relatar e classificar "Eventos Adversos após a Imunização".[8] A agência governamental que gerencia este programa é responsável tanto por aumentar a segurança quanto dar uma explicação se algum problema ocorrer.[9] Entre 2012 e 2016, o sistema identificou cerca de 1000 casos.[10] Os pesquisadores indianos agiram examinando esses eventos adversos, com o objetivo de melhorar a segurança das vacinas.[10]

Histórico editar

Em 1802, uma menina de 3 anos em Bombaim recebeu uma vacina contra a varíola e foi a primeira pessoa a se imunizar na Índia.[11] O governo britânico alegou sucesso e começou a bloquear o uso da inoculação para recomendar a vacinação.[11] Em retrospectiva, a situação era complicada porque as vacinas eram a solução de longo prazo, mas a forma como o governo as introduziu foi prejudicial, afetando o sistema de saúde tradicional e as religiões conservadoras do país.[12]

Sociedade e cultura editar

A indústria farmacêutica na Índia é forte e tem uma reputação de produzir boas vacinas para venda e exportação.[13] Normalmente, quando um país produz vacinas, isso significa que a população local tem um bom acesso a elas.[13] Por várias razões, a Índia tem um forte setor de fabricação de vacinas e de acesso a estas (especialmente imunizantes para o público jovem). No entanto, o governo admitiu que a nação tem taxas muito altas de vacinas perdidas/vencidas do que em países comparáveis.[13]

Vários estudiosos deram razões diferentes para o motivo dessa estatística.[13] Uma razão histórica é que a Índia contribuiu intensamente para encorajar o desenvolvimento de vacinas contra a varíola e poliomielite, mas, ao mesmo tempo, deixava de lado a imunização contra outras doenças.[13] Outra explicação poderia ser que o governo indiano subestima os gastos com vacinas em geral. De alguma forma, a população da Índia não se preocupa com vacinas, o que pode ser resultado da falta de educação em saúde pública.[13]

A Índia também tem ativistas da pseudociência que promovem a hesitação à vacina. Entretanto, algumas pesquisas sugeriram que o envolvimento dessa comunidade pode ser considerado um apoio à vacinação na Índia.[14] Por fim, parece haver um apoio à vacinação entre governantes da Índia, mas esse fator (ainda) não se mostrou suficiente para superar as barreiras estruturais e sociais vigentes.[15]

Vacinas em pesquisa editar

Dengue editar

Há uma vacina contra a dengue disponível desde 2015. No entanto, essa vacina não é eficaz em muitos casos.[16] O governo indiano participa da pesquisa global para desenvolver uma vacina melhorada contra a dengue.[16]

Leishmaniose editar

Há pesquisas para fornecer uma vacina contra a Leishmaniose na Índia, mas até o momento não há nenhuma disponível.[16]

Grupos especiais editar

Turistas estrangeiros que visitam a Índia contribuem significativamente para a economia.[17] Contudo, pessoas que visitam a Índia de países com diferentes doenças podem não ter vacinas para proteger contra doenças existentes na Índia.[17]

A Organização Mundial da Saúde recomenda diferentes vacinas para turistas em diferentes circunstâncias.[17] A lista inclui a vacina contra difteria, a vacina contra tétano, a vacina contra hepatite A, a vacina contra hepatite B, a vacina contra poliomielite oral, a vacina contra a febre tifoide, a vacina contra varicela, a vacina meningocócica, a vacina antirrábica, a vacina contra febre amarela e a vacina contra encefalite japonesa.[17]

De acordo com autoridades locais, quando os turistas pegam uma infecção na Índia, na maioria dos casos ela poderia ter sido prevenida com uma dessas vacina.[17][18]

Referências

  1. a b Lahariya, Chandrakant (abril de 2014). «A brief history of vaccines & vaccination in India». The Indian Journal of Medical Research (4): 491–511. ISSN 0971-5916. PMC 4078488 . PMID 24927336. Consultado em 15 de novembro de 2021 
  2. Madhavi, Yennapu (maio de 2005). «Vaccine Policy in India». PLoS Medicine (5): e127. ISSN 1549-1277. PMC 1140944 . PMID 15916465. doi:10.1371/journal.pmed.0020127. Consultado em 15 de novembro de 2021 
  3. a b «National Immunization Schedule under Universal Immunization Programme (UIP), India». The Pharmapedia (em inglês). 27 de fevereiro de 2021. Consultado em 15 de novembro de 2021 
  4. a b Malik, Akash; Haldar, Pradeep; Ray, Arindam; Shet, Anita; Kapuria, Bhrigu; Bhadana, Sheenu; Santosham, Mathuram; Ghosh, Raj Shankar; Steinglass, Robert (16 de setembro de 2019). «Introducing rotavirus vaccine in the Universal Immunization Programme in India: From evidence to policy to implementation». Vaccine (39): 5817–5824. ISSN 0264-410X. PMC 6996154 . PMID 31474519. doi:10.1016/j.vaccine.2019.07.104. Consultado em 15 de novembro de 2021 
  5. a b Soares‐Weiser, Karla; Bergman, Hanna; Henschke, Nicholas; Pitan, Femi; Cunliffe, Nigel (28 de outubro de 2019). «Vaccines for preventing rotavirus diarrhoea: vaccines in use». The Cochrane Database of Systematic Reviews (10): CD008521. ISSN 1469-493X. PMC 6816010 . PMID 31684685. doi:10.1002/14651858.CD008521.pub5. Consultado em 15 de novembro de 2021 
  6. a b Sankaranarayanan, Rengaswamy; Basu, Partha; Kaur, Prabhdeep; Bhaskar, Rajesh; Singh, Gurinder Bir; Denzongpa, Phumzay; Grover, Rajesh K.; Sebastian, Paul; Saikia, Tapan (1 de novembro de 2019). «Current status of human papillomavirus vaccination in India's cervical cancer prevention efforts». The Lancet Oncology (em English) (11): e637–e644. ISSN 1470-2045. PMID 31674322. doi:10.1016/S1470-2045(19)30531-5. Consultado em 15 de novembro de 2021 
  7. Broor, Shobha; Parveen, Shama; Maheshwari, Megha (1 de outubro de 2018). «Respiratory Syncytial Virus Infections in India: Epidemiology and Need for Vaccine». Indian Journal of Medical Microbiology (em inglês) (4): 458–464. ISSN 0255-0857. doi:10.4103/ijmm.IJMM_19_5. Consultado em 15 de novembro de 2021 
  8. Singh, Awnish Kumar; Wagner, Abram L.; Joshi, Jyoti; Carlson, Bradley F.; Aneja, Satinder; Boulton, Matthew L. (24 de julho de 2017). «Application of the revised WHO causality assessment protocol for adverse events following immunization in India». Vaccine (em inglês) (33): 4197–4202. ISSN 0264-410X. doi:10.1016/j.vaccine.2017.06.027. Consultado em 15 de novembro de 2021 
  9. Joshi, Jyoti; Das, Manoja Kumar; Polpakara, Deepak; Aneja, Satinder; Agarwal, Mahesh; Arora, Narendra Kumar (1 de fevereiro de 2018). «Vaccine Safety and Surveillance for Adverse Events Following Immunization (AEFI) in India». The Indian Journal of Pediatrics (em inglês) (2): 139–148. ISSN 0973-7693. doi:10.1007/s12098-017-2532-9. Consultado em 15 de novembro de 2021 
  10. a b Singh, Awnish K.; Wagner, Abram L.; Joshi, Jyoti; Carlson, Bradley F.; Aneja, Satinder; Boulton, Matthew L. (3 de junho de 2018). «Causality assessment of serious and severe adverse events following immunization in India: a 4-year practical experience». Expert Review of Vaccines (6): 555–562. ISSN 1476-0584. PMID 29865876. doi:10.1080/14760584.2018.1484285. Consultado em 15 de novembro de 2021 
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  13. a b c d e f Laxminarayan, Ramanan; Ganguly, Nirmal Kumar (1 de junho de 2011). «India's Vaccine Deficit: Why More Than Half Of Indian Children Are Not Fully Immunized, And What Can—And Should—Be Done». Health Affairs (6): 1096–1103. ISSN 0278-2715. doi:10.1377/hlthaff.2011.0405. Consultado em 15 de novembro de 2021 
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  15. Dutta, Tapati; Agley, Jon; Meyerson, Beth E.; Barnes, Priscilla A.; Sherwood-Laughlin, Catherine; Nicholson-Crotty, Jill (25 de junho de 2021). «Perceived enablers and barriers of community engagement for vaccination in India: Using socioecological analysis». PLOS ONE (em inglês) (6): e0253318. ISSN 1932-6203. doi:10.1371/journal.pone.0253318. Consultado em 15 de novembro de 2021 
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  18. Mehta, Bharti; Jindal, Harashish; Bhatt, Bhumika; Kumar Dharma, Vijay; Choudhary, Satvinder (27 de novembro de 2013). «Vaccination for safe travel to India». Human Vaccines & Immunotherapeutics (4): 1111–1113. ISSN 2164-5515. PMC 4896562 . PMID 24284411. doi:10.4161/hv.27234. Consultado em 15 de novembro de 2021