Vasco Barbosa

violinista português

Vasco Luís Coimbra Barbosa (Lisboa, 24 de julho de 1930 — Odivelas, 20 de fevereiro de 2016) foi um dos mais importantes violinistas portugueses do século XX e "concertino honorário" da Orquestra Sinfónica Portuguesa.

Vasco Luís Coimbra Barbosa
Informação geral
Nascimento 24 de julho de 1930
Local de nascimento Lisboa
Morte 20 de fevereiro de 2016 (85 anos)
Local de morte Odivelas
Género(s) Música erudita
Ocupação(ões) Violinista
Instrumento(s) Violino
Editora(s) Imavox, Melodia, Strauss, Portugalsom, Numérica
Afiliação(ões) Quarteto Atalaya, Grazi Barbosa, Lígia Soares, Maria José Falcão, Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional (RDP), da Orquestra do Teatro Nacional de São Carlos, Orquestra Sinfónica Portuguesa
Prémios Prémio Moreira de Sá (1961)
Prémio Bordalo 1962 Música Erudita
Prémio Bordalo 1972 Música Erudita
Prémio Almada (2000) Música

Medalha de Mérito Cultural (2004)

Como concertino (violino solista) de várias orquestras portuguesas percorreu o mundo e apresentou-se também, como solista, nalguns dos principais palcos europeus.

Biografia editar

Vasco Barbosa nasceu em 1930.[1]

Era filho do violinista Luís Barbosa[2], considerado o mais importante violinista português da sua geração e fundador do Quarteto de Cordas da Emissora Nacional, e irmão da pianista Grazi Barbosa.[1][3][4][5]

Tendo iniciado os seus estudos com o pai, Vasco Barbosa apresentou-se em público, pela primeira vez, aos sete anos.[1][3][4][5]

"Dei o meu primeiro concerto aos 11 anos de idade [...] Fiz a minha primeira apresentação com a minha irmã e com a Orquestra da Emissora Nacional, dirigida pelo maestro Pedro Blanch. Era um grande maestro e um grande acompanhador e tratou-me com muito carinho. Na orquestra estava o meu pai e outros músicos que faziam parte do Quarteto da Emissora [...] Nesse tempo, aquilo para mim era Hollywood: com aqueles microfones, a orquestra, aqueles corredores..."

Vasco Barbosa (2001)[6]

Tendo afirmado "Eu não sou um produto do Conservatório. Ao Conservatório só fui fazer exames."[6] Vasco Barbosa tirou o curso de violino no Conservatório Nacional de Lisboa com as mais elevadas classificações. Com uma bolsa de estudo do Instituto para a Alta Cultura, os seus estudos passaram pela Suíça, a partir de 1947, com o violinista alemão Georg Kulenkampff, depois, por Paris, com o violinista e compositor romeno George Enescu e, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, por Nova Iorque com o violinista arménio Ivan Galamian.[1][3][4][5]

Como solista, Vasco Barbosa manteve ainda uma intensa carreira internacional atuando, por exemplo, no Musikverein, em Viena (Áustria), no Palácio Real de Windsor no Reino Unido, em Barcelona, em Paris ou em várias salas na Alemanha.[1][3][4]

No âmbito da música de câmara, para além de ter sido fundador do Quarteto Atalaya, em 1986, do qual era membro juntamente com Klara Erdei (violino), Teresa Beatriz (viola) e Kenneth Frazer (violoncelo), Vasco Barbosa constituiu um duo com a irmã, a pianista Grazi Barbosa e um outro, em 1993, com a violinista Lígia Soares.[1][3][4][5][7]

Vasco Barbosa foi concertino (violino solista) da antiga Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional (RDP), da Orquestra do Teatro Nacional de São Carlos e da Orquestra Sinfónica Portuguesa, onde foi consagrado com título de "concertino honorário".[1][3][4][5]

Uma carreira que passou pelos principais palcos europeus (Espanha, Itália, Suíça, França, Áustria, Alemanha, Roménia, Grécia) mas também com atuações nos americanos Brasil e EUA ou em África e em países asiáticos.[4][5]

Entre as suas gravações destaca-se ainda um registo ao vivo realizado em Lisboa, em 1965, do Concerto para violino de Johannes Brahms, com à data denominada Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, sob a direção do maestro Fritz Rieger. A crítica da época considerou-a, entre as edições em disco disponíveis, uma das primeiras escolhas daquela obra do compositor alemão.[4]

Entre interpretações de compositores portugueses, cuja divulgação de obras pautou o percurso de Vasco Barbosa, podem-se destacar as suas gravações do Concerto para Violino de Luís de Freitas Branco ou as Sonatas para Violino de Frederico de Freitas, Fernando Lopes-Graça e Ruy Coelho, partilhando o palco neste registo com Grazi Barbosa e a violoncelista Maria José Falcão.[1][3][4][8]

Vasco Barbosa também lecionou, nomeadamente na Academia de Música de Santa Cecília.[1][8]

Em 2015 foi criado o "Concurso Nacional de Cordas Vasco Barbosa”, destinado a jovens intérpretes. De notar que neste concurso criado pela Camerata Atlântica e a Academia Portuguesa de Artes Musicais em homenagem ao percurso musical do violinista restringe a peça obrigatória é sempre de um autor português, contribuindo assim para a divulgação de autores nacionais tal como Vasco Barbosa demonstrou ao longo da sua carreira.[1][3][4][5][7][8]

Vasco Barbosa morreu com 85 anos, em 20 de fevereiro de 2016, em Odivelas.[1][3][4]

Discografia editar

Álbuns editar

  • Motta, J. V. da., Sinfonia em lá maior, op. 13 (LP, Imavox; Melodia, 1978) com Orquestra Sinfónica da RDP dirigida por Silva Pereira[9][10]
  • Brahms, Violin Concerto In D Major Op. 77 (CD, Strauss; Portugalsom, Áustria, 2001) com Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional dirigida por Fritz Rieger[11]
  • Freitas Branco, L. de, Concerto para Violino e Orquestra / Tentações de S. Frei Gil (CD, Numérica, 2006) com Orquestra Sinfónica da RDP dirigida por Silva Pereira[12]

Distinções editar

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s Anabela Luís (22 de fevereiro de 2016). «Vasco Barbosa (1930-2016) : A morte do mais experiente violinista português». Antena 2 (RTP). Consultado em 23 de setembro de 2017 
  2. José Luiz Barbosa
  3. a b c d e f g h i j k l m n o p q r Agência Lusa (23 de fevereiro de 2016). «Morreu o violinista Vasco Barbosa, "concertino honorário" da Sinfónica Portuguesa». SapoMag. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  4. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t Redação / AR (22 de fevereiro de 2016). «Morreu o violinista Vasco Barbosa». TVI. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  5. a b c d e f g h i j k l Agência Lusa (4 de fevereiro de 2004). «Músicos : Violinistas em Portugal : Vasco Barbosa». Meloteca. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  6. a b c Teresa Cascudo (24 de fevereiro de 2001). «Vida de violinista». Publico ("Mil Folhas"). Consultado em 23 de setembro de 2017. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2017 
  7. a b Anabela Luís (22 de fevereiro de 2015). «Concurso Nacional de Cordas Vasco Barbosa». Antena 2 (RTP). Consultado em 23 de setembro de 2017 
  8. a b c d Bernardo Mariano (7 de abril de 2015). «Concurso celebra a arte do violinista Vasco Barbosa». Diário de Notícias. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  9. «Sinfonia em lá maior, op. 13 A pátria» (em inglês). Livraria do Congresso dos EUA. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  10. «Sinfonia em lá maior, op. 13 A pátria» (em inglês). Livraria do Congresso dos EUA. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  11. «Vasco Barbosa, Johannes Brahms, Fritz Rieger ‎– Brahms, Violin Concerto In D Major Op. 77» (em inglês). Discogs. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  12. Instituto Camões (2007). «Concerto para Violino e Orquestra / Tentações de S. Frei Gil» (em inglês). Centro Virtual Camões. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  13. Almeida, Ana Cristina de Oliveira (2008). «"O Orpheon Portuense"». "Memórias no Feminino : O Círculo de Cultura Musical do Porto" (Tese de Mestrado). A tese pode ser descarregada no final da página. Universidade de Aveiro. p. 61. Consultado em 23 de maio de 2016 
  14. a b «Prémios Bordalo». Em 1962 denominado "Óscar da Imprensa". Em 1972 denominado "Prémio da Imprensa". Sindicato dos Jornalistas. 22 de janeiro de 2002. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  15. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Vasco Luís Coimbra Barbosa". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 25 de julho de 2019 
  16. Lucinda Canelas (23 de fevereiro de 1999). «Seis prémios para as artes do espectáculos». Publico. Consultado em 23 de setembro de 2017. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2017 
  17. «Anunciados os vencedores dos prémios Almada e Revelação Ribeiro da Fonte». Presumido que foi atribuído a Miguel Pereira o "Prémio Revelação Ribeiro da Fonte, na área da dança". NetParque (Sapo). 13 de fevereiro de 2001. Consultado em 23 de setembro de 2017. Arquivado do original em 23 de maio de 2002 
  18. Vanessa Rato (29 de março de 2001). «Luís Miguel Cintra tece duras críticas a Sasportes». "Prémio Revelação Ribeiro da Fonte ao bailarino e coreógrafo Miguel Pereira". Publico. Consultado em 23 de setembro de 2017. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2017 
  19. «Revelados prémios Almada e Ribeiro da Fonte de 2000». Diário de Notícias. 23 de fevereiro de 1999. Consultado em 23 de setembro de 2017. Arquivado do original em 14 de fevereiro de 2001 
  20. «Medalhas de Mérito Cultural» (PDF). Ministério da Cultura. Outubro de 2008. Consultado em 22 de dezembro de 2018. Arquivado do original (PDF) em 19 de janeiro de 2010  |urlmorta= e |datali= redundantes (ajuda)

Ligações externas editar