2.ª Região Militar

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A 2ª Região Militar (2ª RM) é uma das doze regiões militares do Exército Brasileiro. Sediada na cidade de São Paulo, tem jurisdição administrativa no estado homônimo e é subordinada ao Comando Militar do Sudeste. Até 1952 seu comando foi unido ao da 2ª Divisão de Infantaria, atual 2ª Divisão de Exército. É também conhecida como Região das Bandeiras, em homenagem aos bandeirantes paulistas.

2ª Região Militar

Brasão
País  Brasil
Corporação Exército Brasileiro
Subordinação Comando Militar do Sudeste
Sigla 2ª RM
Criação 1908
Comando
Comandante Gen Div Jorge Cardoso Martins[1]
Comandantes
notáveis
Sede
Sede São Paulo -  São Paulo
Página oficial Página oficial

Organização editar

Está sediada na cidade de São Paulo, subordinada ao Comando Militar do Sudeste, e possui jurisdição administrativa sobre as unidades militares sediadas nesse estado.[3]

Organizações militares subordinadas
Comando 2ª Região Militar - São Paulo[4]
  • Comando da 2ª Região Militar - São Paulo
  • 21º Depósito de Suprimento - São Paulo
  • 22º Depósito de Suprimento - Barueri
  • Base de Administração e Apoio do Ibirapuera - São Paulo
  • Hospital Militar de Área de São Paulo - São Paulo
  • Comissão Regional de Obras da 2ª Região Militar - São Paulo
  • Base de Apoio Regional/Ribeirão Preto
  • Base de Apoio Regional/Bauru
  • Base de Apoio Regional/Sorocaba
  • 2ª Companhia de Transportes - São Paulo

História editar

São Paulo tinha pouca presença do Exército durante o Império, e havia poucos paulistas em seu oficialato durante a Primeira República, evidenciando o divórcio entre o Exército e a elite civil.[5] Ainda assim, sucessivas reformas do Exército centralizavam na capital paulista partes do território nacional: em 1891 o 4º Distrito Militar, abrangendo São Paulo, Minas Gerais e Goiás;[6] em 1908 a 10ª Região de Inspeção Permanente, com São Paulo e Goiás;[7][8] em 1915 a 6ª Região Militar, com São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Goiás;[9] e em 1919 a 2ª Região Militar, com São Paulo e Goiás.[10]

A princípio o comando era exercido conjuntamente com o da 2ª Divisão de Infantaria, contendo as forças combatentes em São Paulo.[11] Seu território se estendia até a Amazônia, no atual Tocantins. A partir de 1919 a guarnição federal em São Paulo foi reforçada, provocando uma expansão da Força Pública estadual.[12] A Força Pública paulista era notável entre os “pequenos exércitos” estaduais.[13] Durante a Primeira República ela excedia em tamanho e poder de fogo a 2ª RM.[14] Na Revolução de 1922 o general Abílio de Noronha, comandante da 2ª RM, enviou uma coluna contra os revoltosos em Mato Grosso.[15] Quando a própria capital paulista foi conflagrada na Revolução de 1924, o general Noronha liderou a reação legalista inicial,[16] mas acabou preso pelos revolucionários.[17]

Durante a Segunda Guerra Mundial a 2ª RM colaborou com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo para evitar a convocação ao serviço militar de operários indispensáveis nas fábricas.[18] A nomeação do general Mascarenhas de Moraes, comandante por alguns meses em 1943, foi sinal político das autoridades brasileiras aos Estados Unidos, pois Mascarenhas era favorável aos Aliados e a 2ª RM tinha mais prestígio do que a , até então comandada pelo general.[19] Os comandos da 2ª RM e 2ª Divisão de Infantaria foram separados em 1952. Ambos foram subordinados à Zona Militar do Centro, atual Comando Militar do Sudeste.[11] Em 1960 ela controlava apenas quatro grupos de artilharia antiaérea,[20] tendo um Comando de Artilharia de Costa e Antiaérea criado no ano anterior.[21]

Mesmo sendo um comando administrativo e não de tropas, era ponto conveniente de contato com a elite paulista civil, sendo aproveitada pelo general Olímpio Mourão Filho, comandante em 1963, para conspirar contra o Governo João Goulart.[22] O comandante em 1964, Armando Bandeira de Morais, foi salvo da aposentadoria compulsória por uma promoção concedida pelo presidente e integrava seu dispositivo militar; ainda assim, cedeu à pressão de aderir ao golpe de Estado contra ele.[23] A partir de 1967, engenheiros do Exército no Parque Regional de Motomecanização da 2ª RM (PQRMM/2) contribuíram ao desenvolvimento tecnológico da indústria bélica nacional na área dos veículos blindados.[24][25] Em 1992 a região recebeu a denominação histórica de Região das Bandeiras, em homenagem aos bandeirantes.[26]

Ver também editar

Referências

  1. «Comandante da 2ª RM». Consultado em 12 de novembro de 2021 
  2. «Antigos Comandantes da 2ª RM». Consultado em 12 de novembro de 2021 
  3. «Decreto 3.213, de 19 out 1999». Site do Governo Federal do Brasil. Consultado em 14 de novembro de 2021 
  4. «Organização publicada no Boletim do Exército 51, de 18 de dezembro de 2020». Visitado em 11 de fevereiro de 2021. 
  5. Carvalho, José Murilo de (2006). Forças Armadas e Política no Brasil 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. . p. 32-34.
  6. BRASIL, Decreto nº 431, de 2 de Julho de 1891. Divide em sete districtos militares o territorio da Republica e extingue os logares de commandante de armas e de brigada.
  7. AHEx (2020). «Catálogo de destino dos acervos das Organizações Militares do Exército Brasileiro» (PDF) 2ª ed. Rio de Janeiro: Arquivo Histórico do Exército. Consultado em 6 de março de 2021 . p. 419-420.
  8. BRASIL, Lei nº 1.860, de 1908. Regula o alistamento e sorteio militar e reorganiza o Exercito.
  9. BRASIL, Decreto 11.497, de 23 de fevereiro de 1915. Faz a remodelação do Exercito Nacional.
  10. BRASIL, Decreto nº 13.916, de 11 de dezembro de 1919.Substitue os decretos ns. 13.651 e 13.652, de 18 de junho e 13.674,de 2 de julho e 13.765, de 17 de setembro, todos de 1919: altera a divisão territorial e a organização das divisões de exercito; crêa unidades e serviços, e rerganiza a artilharia de costa.
  11. a b 2ª DE. «História - 2ª Divisão de Exército». Consultado em 30 de agosto de 2022 
  12. McCann, Frank (2009). Soldados da Pátria: história do Exército Brasileiro, 1889–1937. Traduzido por Motta, Laura Pereira. Rio de Janeiro e São Paulo: Biblioteca do Exército e Companhia das Letras . p. 332.
  13. Carvalho 2006, p. 55-56.
  14. Mussolini Filho, Luiz Sérgio (2007). A Força Pública de São Paulo: da profissionalização à sua intervenção no regime militar (PDF) (Mestrado em Ciências Sociais). São Carlos: UFSCar . p. 116.
  15. Souza, Fernando dos Anjos (2018). Conflitos armados, encontros e combates nas fronteiras do sul de Mato Grosso, nas décadas iniciais do século XX (PDF) (Tese de Doutorado). Dourados: UFGD. Consultado em 18 de abril de 2021 . p. 241.
  16. Cohen, Ilka Stern (2005). «Imagens de 1924». Campinas: Unicamp. Stadium (21). Consultado em 30 de agosto de 2022 . p. 95.
  17. Assunção Filho, Francisco Moacir (2014). 1924 - Delenda São Paulo: a cidade e a população vítimas das armas de guerra e das disputas políticas (PDF) (Dissertação de Mestrado). São Paulo: PUC-SP. Consultado em 30 de agosto de 2022 . p. 16.
  18. Chagas, Honorato Crispiniano (2015). O Brasil em guerra: os preparativos, a arregimentação e o envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para os campos de batalha na II Guerra Mundial (1942-1944) (PDF) (TCC). Uberlândia: UFU. Consultado em 30 de agosto de 2022 . p. 46 e 73-74.
  19. McCann, Frank (2018). Brazil and the United States during World War II and its aftermath. [S.l.]: Palgrave Macmillan . p. 168.
  20. Pedrosa, Fernando Velôzo Gomes (2018). Modernização e reestruturação do Exército brasileiro (1960-1980) (Tese de Doutorado). Rio de Janeiro: UFRJ. Consultado em 28 de dezembro de 2020 . Apêndice 3.
  21. BRASIL, Decreto nº 46.802, de 10 de Setembro de 1959. Cria o "Comando de Artilharia de Costa e Antiaérea da 2º Região Militar".
  22. Pinto, Daniel Cerqueira (2015). General Olympio Mourão Filho: Carreira Político-Militar e Participação nos Acontecimentos de 1964 (PDF) (Dissertação de Mestrado). Juiz de Fora: UFJF. Consultado em 18 de dezembro de 2020 
  23. Faria, Fabiano Godinho (2013). João Goulart e os militares na crise dos anos de 1960 (PDF) (Tese de Doutorado). Rio de Janeiro: UFRJ. Consultado em 10 de novembro de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 10 de novembro de 2021 . p. 338.
  24. Fonseca, José Wladimir Freitas da (julho–setembro de 2000). «O desenvolvimento da indústria bélica no Brasil e seu processo de Spin-Off». Revista de Economia Política. 20 (3). Consultado em 10 de setembro de 2022 
  25. Bastos, Expedito Carlos Stephani (2017). «Nova família de blindados sobre lagartas». Santa Maria. Ação de Choque (15). Consultado em 1 de fevereiro de 2021 . p. 20-21.
  26. «História da 2ª RM». Consultado em 12 de novembro de 2021 

Ligações externas editar