A Verdade Sufocada
A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça (2006) é o segundo livro de memórias[2][3] do coronel reformado do Exército brasileiro, Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932–2015), o primeiro militar brasileiro condenado por praticar torturas durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985).[4]
A Verdade Sufocada | |
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A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça [BR] | |
Capa da 4ª edição | |
Autor(es) | Carlos Alberto Brilhante Ustra |
Idioma | Português |
País | Brasil |
Assunto | História, Revisionismo histórico |
Gênero | Memórias |
Editora | Editora Ser |
Lançamento | 2006[1] |
Páginas | 541 |
ISBN | 8586662607 |
O livro apresenta a versão de Ustra sobre a luta armada de esquerda no Brasil durante a ditadura militar, além de relatar suas experiências como chefe do DOI-CODI, um dos órgãos executores da repressão política, no qual foram torturados e assassinados opositores da ditadura.[5][6][7][8]
O livro recebeu críticas oriundas do meio acadêmico. Historiadores e sociólogos alertaram sobre a falta de confiabilidade do livro como um documento histórico.[7][3]
O livro
editarO livro traz a versão dos militares sobre o que aconteceu durante a ditadura, com foco maior nos atentados cometidos por grupos de esquerda durante aquele período. Contou com a colaboração da esposa do autor, que é historiadora, dando-se atenção ao contexto da Guerra Fria.[9]
Segundo Ustra e seus familiares, o livro foi boicotado pelas livrarias na época do lançamento e a família precisou financiar suas tiragens por causa das negativas de editoras.[10] O livro recebeu atenção após ser citado por Jair Bolsonaro durante entrevista no programa Roda Viva, em 2018.[9] No ranking semanal da Folha de S.Paulo, em 4 de junho de 2016 (menos de dois meses depois de Ustra ser saudado por Bolsonaro na sessão de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara, em 17 de abril), a obra foi o sexto livro de não-ficção mais vendido no Brasil.[10] Em 2018, chegou a sua 14ª edição.[9]
Críticas
editarPara o professor de sociologia da UFPE, Luciano Oliveira, "como livro de história, 'A Verdade Sufocada' é uma nulidade. Como documento histórico, tem uma serventia: é mais uma confirmação de que, dentro do que costumo chamar de sensibilidade moderna, a tortura é uma ação que, independentemente dos seus resultados, cobre de opróbrio aquele que a emprega."[11]
Neusah Cerveira, doutora em História Social pela FFLCH/USP, chama a atenção para ausência de citações bibliográficas explícitas no corpo do texto. Diz também que "é um livro extenso, embora superficial. Com título forte, mas pouco profundo".[7]
Ver também
editarReferências
- ↑ Ustra, Carlos Alberto Brilhante (2006). A verdade sufocada: a história que a esquerda não quer que o Brasil conheça. Brasília: Editora Ser. 541 páginas. ISBN 9788586662607
- ↑ Cardoso, Lucileide Costa (2011). «Os Discursos de Celebração da "Revolução de 1964"». Revista Brasileira de História. 31 (62): 117–140.
Ustra escreveu o livro Rompendo o Silêncio, em 1987, e 19 anos depois publicou o seu segundo livro de memórias, A verdade sufocada (2006).
- ↑ a b Camilla Machuy; Marco Schneider (1 de abril de 2024), «The Distorted Truth: Ustra's Legacy in a Bolsonarist Brazil», International Review of Information Ethics, ISSN 1614-1687 (em inglês), 33 (1), doi:10.29173/IRIE513, Wikidata Q126004963
- ↑ «Juiz condena coronel Ustra por sequestro e tortura». Notícias do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. 10 de outubro de 2008.
- ↑ Camila Moraes (15 de outubro de 2015). «Brilhante Ustra, ícone da repressão da ditadura brasileira». El País. Consultado em 19 de fevereiro de 2017
- ↑ Cardoso, Lucileide Costa (1994). «Construindo a memória do regime de 64». Revista Brasileira de História. 14 (27): 179–196
- ↑ a b c Cerveira, Neusah (2007). «Qual verdade?». PUC-SP. Projeto História. 34 (1): 381-383. ISSN 2176-2767
- ↑ Santos, Clarissa Grahl dos (2016). Das armas às letras: os militares e a constituição de um campo memorialístico de defesa à ditadura empresarial militar (Tese de Mestrado em História). Universidade Federal de Santa Catarina
- ↑ a b c Umpieres, Rodrigo Tolotti. «Conheça o livro de cabeceira de Jair Bolsonaro: "A Verdade Sufocada"». www.infomoney.com.br. Consultado em 8 de agosto de 2018. Arquivado do original em 8 de agosto de 2018
- ↑ a b «Brilhante Ustra é o sexto autor de não ficção mais vendido do país». Folha de S. Paulo. 3 de junho de 2016. Consultado em 12 de Fevereiro de 2017
- ↑ Oliveira, Luciano (29 de julho de 2016). «Brilhante Ustra e a verdade mais uma vez sufocada». Revista Amálgama. Consultado em 20 de abril de 2017. Cópia arquivada em 18 de maio de 2017
Bibliografia
editar- Castro, Fernando Cibelli de (2010). «A comunicação persuasiva como estratégia de controle da memória coletiva». Dissertação de Mestrado em Comunicação Social. PUCRS.
- Fernandes, Fabricio (2017). «As estratégias discursivas de perpetradores reflexões sobre a ditadura militar brasileira». ContraCorrente | Revista de Estudos Literários e da Cultura (2): 23–42. ISSN 2525-4529
- Santos, Clarissa Grahl dos (2014). «As esquerdas pelas direitas: memória sobre a luta armada e atuação política de direita em livros escritos por militares que atuaram em órgãos de repressão durante a ditadura civil-militar» (PDF). Florianópolis: ANPUH-SC. Anais do XV Encontro Estadual de História, 2014.
Ligações externas
editar- «Sítio oficial» – Blog homônimo mantido por Joseíta Brilhante Ustra, viúva do autor