Alfreda Markowska
Alfreda Noncia Markowska (10 de maio de 1926 - 30 de janeiro de 2021) foi uma mulher polaca de etnia cigana que durante a Segunda Guerra Mundial salvou cerca de cinquenta crianças judias e ciganas de morrerem no Holocausto e do genocídio de Porajmos, tendo sido condecorada pelo governo polaco por isso.
Alfreda Markowska | |
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Nascimento | 10 de maio de 1926 Galícia |
Morte | 30 de janeiro de 2021 Gorzów Wielkopolski |
Cidadania | Polónia |
Etnia | Romani people in Poland |
Ocupação | membro da resistência, ferroviária |
Distinções |
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Biografia
editarMarkowska nasceu num caravana cigana que percorria uma zona de Stanisławów, na região de Kresy da Segunda República Polaca.[1] Em 1939, quando a Polónia foi invadida pela Alemanha, encontrava-se em Lviv. Após a União Soviética ter invadido também Polónia, no âmbito do Pacto Molotov-Ribbentrop entre Josef Stalin e Adolf Hitler, a sua caravana mudou-se para a parte ocupada pelos alemães.[2]
Em 1941, os alemães assassinaram todos os membros da sua família (entre 65 e 85 pessoas), num massacre que ocorreu perto de Biała Podlaska, e do qual ela foi a única sobrevivente. Passou vários dias, à procura nos bosques locais, da vala comum em que se encontravam os corpos dos seus pais e irmãos. Dirigiu-se a Rozwadów, onde em 1942, casou com apenas 16 anos.[1][2]
Ela e o marido foram capturados enquanto visitavam Stanisławów, numa rusga feita pela pela polícia ucraniana, que os entregou aos alemães, mas o casal conseguiu escapar. Posteriormente, viram-se obrigados a mudarem-se para os guetos roménios os ciganos, que ficavam nas cidades de Lublin, Łódź e Bełżec. Fogem novamente e regressam a Rozwadów, onde os alemães tinham criado um campo de trabalho para ciganos.[3][4]
Missões de resgate
editarEm Rozwadów, Markowska foi contratada pelo caminho-de-ferro e conseguiu obter uma permissão de trabalho (Kennkarte) que lhe deu alguma protecção contra novas detenções.[1] Dedicou-se a salvar a judeus e ciganos, especialmente meninos, da morte às mãos dos nazi. Viajava até lugares locais onde de populações judias ou ciganas haviam sido massacradas. Lá procurava sobreviventes, levava-os para a casa dela, onde os escondia, e arranjava documentos falsos que os protegiam dos alemães. Calcula-se que salvou cerca de 50 meninos.[3] Anos mais tarde, quando lhe perguntaram por que não tinha tido medo de ajudar, declarou que naquele momento não esperava ela própria não esperava sobreviver à guerra, por isso o medo não tinha sido um problema.[5][2]
Em 1944, os soviéticos libertaram a zona. Devido à política do Exército Vermelho de recrutar à força os ciganos, Markowska junto com seu marido e alguns dos meninos que tinha salvo (incluindo alguns meninos alemães que haviam fugido dos soldados soviéticos) fugiu, primeiro para o centro de Polónia e depois aos os chamados Territórios Recuperados, que ficam na actual Polónia ocidental.[3][2]
Depois da guerra, as autoridades comunistas da República Popular da Polónia iniciaram uma campanha para obrigar aos ciganos abandonar o seu estilo de vida tradicional nómada. Como resultado, ela e sua família foram viver, primeiro para perto de Poznan, e após a morte do marido, em Gorzów Wielkopolski.[5]
Em Outubro de 2006, Markowska tornou-se na primeira pessoa de etnia cigana, a ser condecorada com a Cruz de Comandante com a Estrela da Ordem Polónia Restituta, por ter salvo as crianças durante a Segunda Guerra Mundial.[2] Na altura, o então Presidente polaco, Lech Kaczyński, elogiou-a "pelo seu heroísmo e coragem fora do comum e mérito ao salvar vidas humanas".[6]
Markowska morreu no dia 30 de janeiro de 2021, aos 94 anos.[7][2]
Referências
- ↑ a b c «Alfreda Markowska». Humanity in Action (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2024
- ↑ a b c d e f Blanka Konopka (18 de maio de 2023). «A Saint in Hell: Babcia Noncia, the Polish Romani Woman Who Saved Children from Nazi Germans». Culture.pl (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2024
- ↑ a b c K. Gierliński (outubro de 2006). «Piękne życie Alfredy Markowskiej» (PDF). Romano Atmo (em polaco) (5): 10–11. Consultado em 31 de janeiro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 10 de dezembro de 2009
- ↑ «Alfreda Markowska». www.romarchive.eu (em inglês). 2018. Consultado em 13 de junho de 2024
- ↑ a b Witold Szabłowski (8 de abril de 2013). «Alfreda Markowska zwana Nońcią». wysokieobcasy.pl (em polaco). Consultado em 6 de fevereiro de 2014
- ↑ Agnieszka Mirosława Caban. «Alfreda Markowska: Bohaterka trzech narodów» (em polaco). Panorama Kultur. Consultado em 4 de fevereiro de 2014. Arquivado do original em 1 de fevereiro de 2014
- ↑ Iwona Krawczyk (30 de janeiro de 2021). «Nie żyje babcia Nońcia». www.radiogorzow.pl (em polaco). Consultado em 24 de fevereiro de 2021