Alfredo Ruas

ator português

Alfredo Ruas (Anjos, Lisboa, Portugal, 20 de dezembro de 1892 - Lourenço Marques, Moçambique, 13 de novembro de 1966) foi um cantor, autor e ator de teatro e cinema português.[1][2] Destacou-se sobretudo no teatro de revista, tendo criado e interpretado várias peças musicais e fados que foram gravadas pela Odeon.[3][4] Contracenou com Ilda Stichini, Amélia Rey Colaço, Fernanda Coimbra, Teresa Gomes, Lucinda do Carmo, Lina Demoel, Brunilde Júdice, Adelina Forte, Gil Ferreira e Eugênia Álvaro Moreyra, entre muitos outros nomes.[5]

Biografia editar

Nascido a 20 de dezembro de 1892, em Lisboa, Alfredo Abranches Ruas era filho da atriz Adelina Abranches e do empresário Luís Gonzaga Viana Ruas, sendo irmão mais novo de Aura Abranches.[6][7]

Em 1909 estreou-se na peça A Feiticeira, de Victorien Sardou, no antigo Teatro do Príncipe Real (Teatro Apolo) em Lisboa, ingressando dois anos depois na sua primeira tournée às ilhas dos Açores e Madeira, seguindo-se o Brasil, com Leopoldo Fróes e Paquito Calvo. Interpretava essencialmente os papéis dos galãs cómicos das operetas austríacas.[8][9] Nos anos seguintes integrou as companhias do Teatro Apolo, Teatro Maria Vitória, Teatro da Natureza, cujas peças eram encenadas no Jardim da Estrela, Rey Colaço-Robles Monteiro ou ainda companhia de Álvaro Moreyra,[10] entre outros, e fundou a sua própria companhia, ao lado de sua irmã, intitulada de Aura Abranches-Alfredo Ruas, levando aos palcos peças como Frei Luís de Sousa, de Almeida Garret, A Mulher Mascarada, de Charles Mére, O Tio Rico, de Amílcar Ramada Curto, ou O Grande Amor, de Mário Nicodemi.[11][12]

Juntamente com Álvaro Leal, escreveu a farsa em 3 actos O Cabo Verde, e com Feliciano Santos, O Campo de Aviação. Traduziu do francês as peças L’enfant de l’amor, de Henry Bataille, La Gamine, de Pierre Weber e Henri de Gosse, Pour Vivre Heureux, de Ives de Mirande, L’Amor defendu, de Romain Coolus, On Purge Bebé e Maria Colibri, de Georges Feydeau.[13]

No cinema estreou-se em 1921, com o filme mudo Amor de Perdição, realizado por Georges Pallu, seguindo-se Lisboa, Crónica Anedótica em 1930. Integrou o elenco de vários filmes sonoros portugueses e brasileiros.

Posteriormente fixou residência em Lourenço Marques, tendo continuado a atuar.[14] Em 1960, apresentou uma exposição de pintura, com 21 quadros da sua autoria, e em 1961, participou noutra exposição, onde expôs uma pintura, ao lado de Malangantana e Rui Calçada Bastos.[15][16]

Carreira editar

Cinema editar

Teatro editar

  • A Feiticeira (1909, Teatro do Príncipe Real, Lisboa),
  • O Fado (1910, Teatro Apolo, Lisboa), de João Bastos e Bento Faria[18]
  • Agulha em Palheiro (1911, Teatro Apolo, Lisboa), de Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e Marçal Vaz (pseudónimo de Lino Fernandes)
  • Esta Mascara (1911, Teatro Sá da Bandeira, Porto), autoria Cacilda de Castro[19]
  • Ó Ricócó (1920, Teatro Carlos Gomes, Rio de Janeiro), encenação de Lino Ferreira, Silva Tavares e Lopo Lauer[20]
  • Os Poveiros (1921, Teatro Nacional São João, Porto), de Henrique Roldão e Robalo Sales
  • As Virtudes de Germana (1923, Teatro Politeama, Lisboa), de José Sarmento
  • A Ondina (1924, Teatro Politeama, Lisboa), de Marco Praga[21]
  • Rataplan! (1925, Teatro Maria Vitória, Lisboa), encenação de Gregos e Troianos[22]
  • Água-Pé (1927, Teatro Avenida, Lisboa), encenação de Irmãos Unidos[23]
  • Charivari (1929, Teatro Politeama, Lisboa), de Manuel Santos Carvalho
  • Rosa Engeitada (1929, Teatro Maria Vitória, Lisboa), adaptação de Silva Tavares, António Carneiro, Coutinho Oliveira
  • O Senhor da Serra (1931, Teatro República, Rio de Janeiro)[24]
  • O Noviço (1937, Teatro Regina, Rio de Janeiro), de Martins Pena
  • O Cabeleira (1937, ), de José do Rego e Santa Rosa
  • O Rio (1937, Teatro Regina, Rio de Janeiro), de Júlio Tavares (pseudônimo de Carlos Lacerda)
  • Luz por baixo da porta, de J. Guimarães Menegale
  • Frei Luís de Sousa, de Almeida Garret
  • Ásia (1937, Teatro Boa Vista, São Paulo), de Henri-René Lenormand
  • Ludo (1937), de Pierre Seize
  • O Rei do Câmbio (1939), de J. Carlos Lisboa
  • A Peleja de D. Tareja (1939, Teatro Ginásio, Lisboa), de Alfredo Ruas, Francisco Ribeiro e Alberto Reis

Literatura editar

  • O Cabo Verde (peça teatral)
  • O Campo de Aviação (peça teatral)

Homenagens editar

O seu nome faz parte da toponímia de Ramada em Odivelas.[25]

Referências editar

  1. Revista internacional del cine (em espanhol). [S.l.]: Officina Católica Internacional del Cine. 1952 
  2. Ramos, Jorge Leitão (2012). Dicionário do cinema português, 1895-1961. [S.l.]: Caminho 
  3. Raimundo, Orlando (27 de março de 2015). António Ferro: O Inventor do Salazarismo. [S.l.]: Leya 
  4. Vernon, Paul (1998). A History of the Portuguese Fado (em inglês). [S.l.]: Ashgate 
  5. Ecco artistico. [S.l.]: A. Parreiras. 1911 
  6. Rodrigues, Paulo Miguel (2019). O teatro municipal de Baltazar Dias: (1888-2018) : 130 anos sobre o palco. [S.l.]: Câmara Municipal do Funchal 
  7. Faces de Eva. [S.l.]: Edicões Colibri. 2002 
  8. Ecco artistico. [S.l.]: A. Parreiras. 1911 
  9. Pacheco, Fernando Assis (2001). Retratos falados. [S.l.]: ASA Editores 
  10. publica, Brazil Ministerio de educação e saude (1937). O govêrno e o teatro. [S.l.]: Serviço Gráf. do Ministério da Educação e Saúde 
  11. Bordallo, Pedro (1933). Sempre fixe: semanario humoristico. [S.l.]: Renascenca Grafica. 
  12. Past, Roles and Development of Theatre Arts in SADC (em inglês). [S.l.]: SADC. 1999 
  13. «"PAIS e FILHOS (à moda antiga; isto é: Pais também engloba Mães e Filhos, também engloba Filhas), na Toponímia".». Ruas com história. 28 de junho de 2016. Consultado em 11 de setembro de 2023 
  14. Caetano, Cristina Maia (2004). Conhecer o teatro em Moçambique. [S.l.]: PEL - Pinhel Editora, Lda. 
  15. Panorama: revista portuguesa de arte e turismo. [S.l.]: Secretariado da Propaganda Nacional. 1961 
  16. Moçambique: documentário trimestral. [S.l.]: Governmentêrno Geral. 1960 
  17. Ovídio, Florípedes José (24 de novembro de 2020). Quando Eu Fui Á Atlântida. [S.l.]: Clube de Autores 
  18. «O Fado e o Teatro by Museu do Fado - Issuu». issuu.com (em inglês). 30 de junho de 2013. Consultado em 11 de setembro de 2023 
  19. Ecco artistico. [S.l.]: A. Parreiras. 1911 
  20. «Teatro Carlos Gomes, Revista | Vaudeville Ó Ricócó, Déc. 1920». Museu do Fado. Consultado em 10 de setembro de 2023 
  21. Leal, Joana d’Eça (18 de abril de 2022). Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro. [S.l.]: Leya 
  22. «Dueto dos Garotos (Manecas e Rita), Raul Portela, A. Barbosa, Xavier de Magalhães; Alfredo Ruas, Laura Costa, Revista | Vaudeville Rataplan, Sassetti & C.ª Editores, 1925». Museu do Fado. Consultado em 10 de setembro de 2023 
  23. «Água-Pé: revista em 2 actos e 19 quadros -». pesquisa.adporto.arquivos.pt. Consultado em 10 de setembro de 2023 
  24. SBAT boletim. [S.l.]: Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. 1960 
  25. «Junho 2016». Ruas com história. Consultado em 11 de setembro de 2023